• Cinema
  • Sábado, 26 de Abril às 21.50 na RTP2

    Estética, Propaganda e Utopia no Portugal do 25 de Abril

    Um documentário de Paulo Seabra

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    Na sequência de Estética, Propaganda e Utopia no Portugal de António Ferro, Paulo Seabra propõe agora uma abordagem à imagética gráfica no pós-25 de abril.

    O 25 de Abril fará da propaganda uma desenfreada exaltação, da estética um laboratório e da utopia uma excitação.

    Após o 25 de Abril de 1974, a estética e propaganda mais significativa está ligada aos suportes políticos de produção rápida e, na maioria das vezes, de baixo orçamento, como o caso dos murais políticos que preencheram as paredes de todo o Portugal. É, principalmente, através do uso do suporte cartaz que nos surgem alguns dos trabalhos mais relevantes desse período.
    A tradição cartazista, que é transversal ao design português do século XX (foi pela mão de Fred Kradolfer que entraram em Portugal), vai encontrar no contexto do PREC e nos anos que se lhe seguem um momento de crescente criação, sobretudo via cartaz político (onde se destacam Marcelino Vespeira, Rogério Ribeiro, João Abel Manta, Charters de Almeida, Augusto Cid, Mário Correia e Robin Fior), mas também através dos mecanismos culturais, públicos ou privados (em especial A ALTERNATIVA ZERO de Ernesto de Sousa e de alguns projectos de edição própria onde se destacam as descolagens de Ana Hatherly). Com um uso mais intencional da tipografia ou da ilustração, abrem novas possibilidades, a exploração e experimentação de linguagens… um certo contexto de vanguarda português. Por outro lado, surgem os cartoonistas, Cid, Sam, Vilhena… Os projectos orientam-se num mesmo sentido: festivo, provocatório e utopicamente dialogante com todos os cidadãos.
    Aparecem as acções performativas dos grupos Acre (Clara Menéres, Alfredo Ribeiro e Lima de Carvalho) e Puzzle (Albuquerque Mendes, Carlos Carreira, Dario Alves, Gerardo Burmester, Graça Morais, João Dixo, Jaime Silva e Pedro Rocha). Trazer a arte e o design para a rua não foi, contudo, iniciativa apenas de artistas e designers, foi, sobretudo, um processo que mobilizou autores anónimos, que encheram os muros e paredes com inscrições, pinturas morais e grafittis e utilizaram democraticamente os materiais impressos, sobretudo cartazes e panfletos, tornando as ruas num meio, vivo e dinâmico, por vezes caótico, de comunicação.
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    Título Original: Estética, Propaganda e Utopia no Portugal do 25 de Abril
    Realização: Paulo Seabra
    Produção: Galeria Zé dos Bois
    Autoria: Paulo Seabra
    Ano: 2014
    Duração: 50 minutos