• CONCERTOS
  • 1 de Abril 2011

    Rene Hell | Luís Lopes vs Filipe Felizardo

    Rene Hell

    E de repente, parte do underground  depositou a guitarra no chão e abraçou a electrónica mais aventureira. Deixou o realismo do rock nas mãos dos revivalistas, para criar beleza em suspensão, música gasosa. Com sintetizadores analógicos ou digitais, ruído ou melodia, drones ou batidas.

    Yellow Swans, Emeralds, Oneohtrix Point Never, Hype Williams, Expo 70, Sun Araw, Rangers, Autre Ne Veut.  A lista não finda aqui. Cresce e cresce com outros nomes de editores e artistas. Artistas. É isso mesmo. O grupo, o gang, a banda cedeu o palco ao artista, solitário, em casa ou no estúdio, entretecido com as máquinas e a memória. E a memória pode ser a de certa música (e cinema) dos fins dos anos 80, certo krautrock mais progressivo, todas as narrativas da electrónica dos últimos 30 anos.

    O californiano Rene Hell (moniker de Jeff Witscher; grava ainda enquanto Marble Sky, Secret Abuse, Abelar Scout) é um dos protagonistas desta  transformação, como prova o seu único disco, Porcelain Opera (2010). Não há guitarras, apenas as vozes de muitas electrónicas. Qualquer coisa, porém distancia-o de muitos dos seus pares. Em vez do pastiche, da nostalgia, da dormência new age, o que se ouve é uma inquietação sonora e um negrume elegante só comparáveis aos que os Factrix e os Chrome (outros californianos) espalharam pelas ruas de São Francisco entre os finais dos anos 70 e o princípio dos anos 80. JM

    + info: Type Records | Fact Magazine | VídeoVídeo | Vídeo

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    Luís Lopes vs Filipe Felizardo – ‘Place Your Bets And Pray For Blood’ .


    Duelo de guitarras de Luís Lopes e Filipe Felizardo com projecção vídeo siamesa de  António Júlio Duarte & Filipe Felizardo.

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    It makes no difference what men think of war, said the judge. War endures. As well ask men what they think of stone. War was always here. Before man was, war waited for him. The ultimate trade awaiting its ultimate practicioner. That is the way it was and will be. That way and not some other way.
    Cormac McCarthy, Blood Meridian

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    Este trabalho teve início depois de os autores terem tido acesso a DVD’s de campeonatos de luta de grilos provenientes da China.
    Tendo ficado impressionados com a noção de que a violência e o duelo são inerentes à Natureza, os autores usaram essa mesma noção para o seu método de trabalho: cada um editou um vídeo de 20 minutos usando os mesmos brutos, não revelando as suas decisões de montagem até à data estipulada para a conclusão do trabalho. As duas projecções foram pensadas para serem mostradas frente a frente.
    Quando confrontados com a necessidade de acompanhar o trabalho com som, a escolha de um “duelo” de guitarras eléctricas foi óbvio. Para acentuar a noção de duelo, optou-se por uma estratégia de improvisação, tornando cada projecção uma performance única.

    António Júlio Duarte
    Filipe Felizardo
    Lisboa, 2010
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