• CONCERTOS
  • 5 de Maio 2011

    Abe Vigoda | The Glockenwise


    A versão nacional da versão contemporânea do garage-rock é das poucas coisas que se aproveita do rock feito em Portugal. E sem olhar a línguas alheias, gosta muito de si própria. É música rock, ponto final. Vibra sobre o seu próprio corpo, estala como uma língua. Pensem nos The Glockenwise. São um grupo de quatro rapazes de Barcelos, mas podiam ser do Midwest ou da Califórnia. Tocam com a desfaçatez dos Stooges, cantam com o humor dos Black Lips e a convicção de todo o punk. E, inevitavelmente, têm grandes canções, muito bem afiadas aliás, em “Building Waves”, pequeno grande disco.

    Dedução final: The Glockenwise é música máscula, doce, memorável, desavergonhada, antes de ser portuguesa.

    E agora estamos mesmo na Califórnia, ano 2007. Os Abe Vigoda assinam “Kid City”, um dos melhores discos da década e obra fundamental para se perceber a última revisitação do Punk de Los Angeles. Foi no clube The Smell, também conhece/conheceu outros protagonistas (No Age, Health, Mika Miko) e teve um espírito bem menos arruaceiro do que o dos anos 80: adeus Black Flag, olá Miranda July.

    Os Abe Vigoda, no entanto, nunca esqueceram a herança. E quais mágicos improváveis coloriram o melhor do pós-punk (dos Pere Ubu e dos The Feelies aos The Fall) com o sol da Califórnia, trazendo, pelo caminho, sons da América Latina e de África. Na altura pouca gente se apercebeu do êxito do feito e muito menos da sua originalidade (Vampire Weekend. Who?). Não faz mal. Continuaram sorridentes e ameaçadores, a dançar com o seu tropical punk, ora mais denso e ansioso (em “Skeleton”, de 2008), ora mais melancólico (“Crush”, de 2010).

    Correcção: continuam a dançar, vão dançar sob o sol de Lisboa. JM


    The Glockenwise

    ..

    Entrada: €8