• CONCERTOS
  • 29 de Outubro 2011

    Bardo Pond | Marcia Bassett & Margarida Garcia

    Bardo Pond

     

    Quem cresceu agarrado à música, durante a década de 70, terá sempre muito a dizer sobre o ritual de viajar com um disco no sótão da tia ou em casa de amigos emancipados. Não são raras as vezes em que um cota aproveita um momento mais espirituoso para descrever como era fumar liamba ao som de Led Zeppelin ou Nazareth. Os gostos variam conforme quem conta a história. Posto isto, os Bardo Pond são, de certa forma, uma das poucas bandas que permitiu à geração seguinte ter algo para dizer nessas circunstâncias de comunhão, em vez de ficar a assistir com cara de parva.
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    Os Bardo Pond garantiram, no fundo, o baptismo psicadélico dos que chegaram até eles através da escola de gosto da Matador Records, que acolheu o colectivo durante uma série de quatro álbuns impressionantes, senão mesmo capazes de reformar umas quantas cabeças no modo como sentem as guitarras. Amanita, o primeiro dos quatro na Matador, é de tal forma denso na sua malha de referências psicadélicas (uma orgia de rock expansivo, vertigem, droga, peregrinação e sexo), que passa a ser um portal iniciático muito mais do que um simples disco.
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    Tanto mais forte e mítico, no formato de LP duplo, “Amanita” demonstrava desde cedo aquele que ainda hoje é o forte da banda: conjugar a criação de canções ressonantes, na sua essência de voz (a da musa Isobel Sollenberger), guitarra acústica e flauta, com a capacidade de afogá- las depois num mar imenso de electricidade. Bastará escutar o clássico “Be a Fish” (momento mágico de salão) para conferir isso mesmo.
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    A partir daqui não surpreende que os Bardo Pond cheguem a Lisboa com o estatuto sagrado de quem fez quase tudo bem durante mais de duas décadas. Tal como os Sonic Youth, os Bardo Pond souberam, por exemplo, alternar entre álbuns estruturados e uma colecção de registos mais livres e espontâneos (os volumes que a banda de Filadélfia foi lançando por conta própria). À semelhança dos Sonic Youth também, os Bardo Pond procuraram sempre reflectir a atenção sobre eles depositada no sentido dos seus mentores e protegidos (casos de Loren Connors, Roy Montgomery ou Fursaxa). Merecem portanto receber os louros de volta numa noite da ZDB que há-de sobrar para contar aos miúdos. MA

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    + Info: SiteSiteMyspace |ATP RecordsArtigoVídeoVídeo

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    Marcia Bassett & Margarida Garcia

    Margarida Garcia (Curia, entre muitas outras parcerias) junta-se a Marcia Bassett (dos míticos Double Leopards, Hototogisu) para um momento único. “The Well” é um disco rigorosamente escuro, onde a guitarra de Bassett relembra (que saudades) alguns ambientes dos Double Leopards. Todo o disco parece um acto único, cortado em faixas que soam a diferentes divisões de um espaço assombrado. Garcia localiza em diversos momentos a massa de som disforme, ajudando a ganhar consistência, e um sentido, à medida que a progressão se faz sentir, e o discurso se vai tornando mais leve na nossa cabeça. Mais um grande lançamento na Headlights, editora de Manuel Mota, limitado a 200 cópias numeradas e com uma capa lindíssima serigrafada”  Flur
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    + Info: Site (Basett) | Entrevista | Vídeo | Site (Garcia) | Headlights Records

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    Entrada: €10 |  Bilhetes em venda antecipada nas lojas Flur e Matéria Prima
    [email protected] ou 21 343 02 05

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    O concerto de Bardo Pond no Amplifest (Porto) e os de Marcia Bassett & Margarida Garcia no Rendez Vous Festival (Setúbal)Zoom (Barcelos) têm o apoio da ZDBmuzique.

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