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CONCERTOS
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20 de Novembro 2011
Mount Eerie | Nicholas Krgovish
Mount Eerie
Só alguém disposto a expor o erro pode garantir uma perspectiva maior sobre o seu espírito criativo. Phil Elverum tem feito dessa a sua forma de estar na vida. Ele que procura constantemente salientar o erro na sua malha de órgãos, guitarras, pianos, baterias e gravações de campo. Assim era, na liderança dos míticos Microphones, e assim tem sido, desde 2003, enquanto Mount Eerie, o nome que adoptou em referência à montanha que domina a paisagem da sua morada em Anacortes, no estado de Washington. Quando questionado sobre a origem do último nome, Elverum explica como aquela montanha, com a aparência de um rosto dramático, pode também servir como representação da sua música. O que à partida parece uma associação altamente lírica, faz todo o sentido no discurso de um tipo que cultiva a canção como um terreno pessoal geralmente sujeito a tudo o que a Natureza tem de incontrolável, misterioso, cruel e cíclico. O que distingue Phil Elverum será porventura a noção de sagrado que transpõe para as suas canções, que nunca são puramente folk ou sequer lo-fi. Serão, se quisermos, santuários de filosofia e fenómenos maiores que qualquer género.O labor de Phil Elverum é, em alguns aspectos, comparável ao de outro grande poeta norte-americano chamado Terrence Malick. Ainda serão poucos os que conhecem as longas montagens de quatro e cinco horas do realizador, mas o que se sabe sobre “A Barreira Invisível” ou “A Árvore da Vida” é o suficiente para perceber que Malick encontra sinais do sagrado até nos momentos mais insignificantes da vida. Adoptando uma perspectiva semelhante à de Malick, no que esta tem de instintiva e não-linear, Elverum atreve-se a lançar uma enorme quantidade de canções mais e menos significantes, porque uma representação abrangente da vida não pode simplesmente editá-la até que sobre apenas o excelente e o intocável. E, tal como a vida em geral, os temas de Phil Elverum oscilam entre o perpétuo e o efémero, aguardam anos para resolver questões, ecoam partes da memória acumulada, criam os seus próprios mitos e crescem desmedidamente como os cogumelos.
Naturalmente, todo este volume de canções obriga depois a uma espécie de escuta arqueológica, porque só assim cada um pode descobrir as suas pérolas e segredos num universo tão vasto, onde não existe sequer uma sinalização óbvia (que indique “isto é um single, isto é apenas uma curiosidade”). As canções são, em geral, tratadas por igual. Sem deixar de cantar os dramas comuns (angústia, desgosto, traição), Phil Elvrum prefere codificá-lo e ampliá-los até que fiquem irreconhecíveis. É este “sentir em grande” que marca também um cancioneiro em que o sujeito tantas vezes assume a perspectiva dos grandes elementos da natureza (a baleia, figuras lendárias da floresta, o vento) para expressar aquilo que supera a dimensão do homem. Veremos então se há espaço no Aquário da ZDB para receber um dos mais autênticos e singulares representantes da canção norte-americana, numa oportunidade rara de vê-lo em concerto por cá. MA
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Entrada: €8 | Bilhetes em venda antecipada nas lojas Flur e Matéria Prima
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