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Discussões
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Sábado, 29 de Setembro das 17h às 21h
Battle of Ideas – Eventos Satélite
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Das 17h às 19h
Cidades sem cidadãos?.
Roma foi em tempos a Cidade Eterna. Hoje o mundo parece estar a transformar-se numa grande cidade, à medida que os índices de urbanização continuam a escalar e milhões abandonam o seu pais de origem, de África à China.
Mais de 400 000 mil pessoas de origem Francesa vivem em Londres e os Jogos Olímpicos de 2012 apresentaram-na como uma cidade que pertence ao mundo e não ao Reino Unido. Somos cidadãos de um mundo cada vez mais cosmopolita. Tudo é possível e em qualquer lugar.
No entanto, países como a Irlanda, Portugal e Grécia vêem os seus níveis de emigração aumentar como em nenhuma outra geração. Cerca de 30% da população do Porto abandonou a cidade nos últimos dez anos. Lisboa já não é o lugar onde as pessoas procuram emprego, muitos trocam o seu país de origem por países em ascensão económica como o Brasil ou Angola ou até mesmo por outros como a Alemanha na velha Europa.
Há cada vez mais questões que se colocam: serão as cidades ambientalmente sustentáveis? Como suportaremos o impacto da intervenção de construtores sem escrúpulos que querem enriquecer rapidamente? Como é que os trabalhadores serão capazes de ter recursos financeiros para viver nesses empreendimentos, à mercê dos proprietários gananciosos e da escassez de habitação a preços acessíveis? Sobre esta perspectiva, as cidades podem parecer cada vez menos um sonho tornado realidade e cada vez mais uma memória frágil que os nossos avós nos deixaram, memoriais em ruínas da civilização industrial e da sociedade civil do século XX.
Mesmo os que conseguem suportar o custo de vida nas grandes cidades parecem ambicionar viver numa aldeia urbana e não numa metrópole. Moradores de Islington em Londres ou de Brooklyn Heights em Nova Iorque, ou mesmo de Alcântara em Lisboa, gostam de rejeitar as lojas de conveniência e supermercados, preferindo talhos, padarias e peixarias locais e mais familiares. Paralelamente, permanece a preocupação com a alienação inerente às cidades modernas, onde ninguém, mesmo os vizinhos, conhece o nosso nome. Estão as cidades de hoje a juntar pessoas ou a mantê-las distantes umas das outras, tornando-as solitárias? Deveriam as cidades ser desenhadas para melhor promover o espírito de comunidade? Ou deveríamos voltar para as aldeias? Um retorno ao rural, a um ritmo mais lento? Será a cidadania apenas uma palavra em vez de uma realidade? Algo que os políticos nos impelem a ser mas desprovido de conteúdo real?
São as cidades que fazem os cidadãos ou são os cidadãos que fazem as cidades?
Angus Kennedy.
Oradores:
Karl Sharro: Arquitecto, escritor e comentador político do médio oriente
Drª Susana Araújo: Investigadora do Centro Estudos Comparativos da Universidade de Lisboa e no Projecto CILM – Cidade e (In)segurança na Literatura e nos Media
Bernardo Rodrigues: Arquitecto
Pedro Quintino: Investigador Literatura Portuguesa e Europeia, CLEPUL (Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias)
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+ info: http://www.battleofideas.org.uk/index.php/2012/session_detail/6861
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Das 19h30 às 21h
Indignados com o Capitalismo? Dos Bancários aos movimentos ‘Occupy’
Não há semana que passe nos Estados Unidos ou na Europa em que bancários como Stephen Hester da RBS ou Bob Diamond do Barclays não sejam sujeitos a inquéritos públicos ou ridicularizados pelos media: culpados da recessão financeira, símbolos de tudo o que está errado no mundo moderno, retrato da ganância irresponsável e descontrolada.
E não há semana que passe sem que um livro seja publicado a culpar o capitalismo. Alguns dos títulos recentes de escritores de renome na área da economia, reflectem bem esta tendência: Paper Promises; The Hour Between Dog and Wolf; The End of Leadership; What Money Can’t Buy; Why Nations Fail; Octopus; How Much is Enough? O primeiro ministro britânico David Cameron proclama ‘há mais na vida do que dinheiro’ e Karl Marx parece voltar a ganhar popularidade como o revolucionário preferido, amplamente reconhecido por ter defendido estes ideais desde sempre. Poder-se-á questionar se não terá chegado o fim do capitalismo.
Não são apenas os políticos conservadores ou os académicos e economistas bem remunerados a apontar o dedo aos ‘homens do dinheiro’, os movimentos ‘Occupy’ e Indignados que reclamam representar 99% da sociedade contra uma pequena minoria de super-ricos, são a face mais visível da resposta dos mais jovens contra as falhas dos mercados.
Quais são, no fundo, as exigências destes movimentos, tendo em conta o seu papel na reflexão sobre a ‘crise de valores’ ou na ‘demonstração do idealismo juvenil’? Muitas vezes os movimentos sociais parecem focados no processo de protesto em si: explicitamente rejeitando qualquer formulação de exigências politicas, perspectivadas como sendo antiquadas, validando, em vez disso, a ‘transparência’, a ‘inclusão’ e o ‘empowerment’.
O manual dos Indignados espanhóis ‘Como cozinhar uma revolução não violenta’, descreve as doze ou mais comissões (Respeito, Dinâmica de Grupos, Alcance, etc), necessárias para uma governação responsável, ou seja: um nível de organização que parece ser mais adequado às actuais teorias de gestão para uma cultura corporativa não hierárquica do que, a inevitável acção autoritária de uma revolução (mesmo que não violenta).Será então verdade que todos os bancários são culpados pela crise económica? Deverão ser responsabilizados? Será que atacar o estilo de vida dos muito ‘muito’ ricos terá consequências positivas na vida dos mais pobres? Desta forma haverá alguma hipótese de melhorar as condições de vida para todos ou será apenas um meio de melhorar a nossa auto-estima, de sentirmos que jogamos na equipa dos valores morais correctos? Serão os novos movimentos sociais como o ‘Occupy’ a face de uma nova moralidade que vai tornar o mundo um local melhor, mais justo, mais livre, um lugar para todos? Ou será que espelham a morte da política, da vida pública que seria um pré-requisito para qualquer mudança positiva? O capitalismo, ainda existirá amanhã? E o ‘Occupy?
Angus Kennedy.
Oradores:
Dr. Robert Clowes: Investigador, Filósofo Ciências Cognitivas, IFL, Universidade Nova de Lisboa, Membro Fundador do The Brighton, Membro Salão Lisboa
Dr Alexander Gerner: Investigador Filosofia, Universidade de Lisboa, Argumentista e realizador
Bruno Waterfield: Correspondente em Bruxelas do Daily Telegraph, co-autor de No Means No
– Joana Amaral Dias – Ex-membro do BE; Psicologa Clínica, Colunista Correio da Manhã, Autora Portugal a Arder– Rui Tavares: Membro Independente Parlamento Europeu, escritor, Historiador, Comentador Político (Público, Blitz e Sic Notícias); Editor
Moderador:
Angus Kennedy: Director de Relações Externas Institute of Ideas; Presidente Fórum IoI Economy; Organização The Academy
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+ info: http://www.battleofideas.org.uk/index.php/2012/session_detail/6862
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O Institute of Ideas (IOI) (www.instituteofideas.com) criou, desde 2000, um fórum para debate público sobre temas sociais complexos. Uma das suas iniciativas é um festival de dois dias, Battle of Ideas, que todos os anos se realiza em Londres em finais de outubro.
Batel of Ideas é uma plataforma que pretende promover o debate e a troca de ideias de forma livre e criativa sobre os mais diversos temas da actualidade. A sua gestão e organização está a cargo de um comité de indivíduos de diferentes áreas e backgrounds, e reúne, regularmente, estudantes, profissionais e público em geral para discutirem ideias.
Paralelamente, o IOI organiza Eventos Satélite em várias cidades do Reino Unido, de países europeus, na Índia, em Nova Iorque. Esta é a primeira colaboração entre a ZDB e o IOI.
Objectivos Batel of Ideas
Debater novos argumentos sobre as questões mais pertinentes do momento evitando encalhar nos aspectos insignificantes da vida política quotidiana;
Iniciar discussões, independentemente das exigências por resultados práticos imediatos que muitas vezes entravam o pensamento inovador;
Moldar o futuro através do debate para nos ajudar a perceber o mundo e para o podermos mudar para melhor;
Identificar uma nova geração de intelectuais e criar um espaço onde se possam encontrar para partilhar ideias;
Reunir aqueles que querem olhar para além dos títulos sensacionalistas da imprensa e que não estão preparados para ser padronizados por soundbites simplistas;
Atrair os participantes que estão dispostos a criar desafios e que não pedem desculpa por colocar ideias e argumentos no centro das atenções.
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Battle of Ideas – Eventos Satélites
29 de Setembro das 17h às 21h
Organizado por Angus Kennedy e Pedro Quintino de Sousa em colaboração com a ZDB
Galeria Zé dos Bois | Rua da Barroca, 59 1200-047 Lisboa (Bairro Alto) Portugal
Contactos: +351 21 343 0205 | email: [email protected] | www.zedosbois.org
Debates em Inglês
Entrada livre
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