• CONCERTOS
  • Programação 2006

    Sábado 14 de Janeiro às 22h00
    Avant_aavv_Sessions
    JAZZ-OUT LEADERSHIP
    MANTA ROTA

    Estreia de Sei Miguel na ZDB na formação Jazz-Out Leadership. Relativamente a esta actuação, Sei Miguel descreveu o alinhamento de criadores participante enquanto «Unit», uma das possíveis configurações do seu trabalho, que, com vários membros, funciona sempre como uma pequena orquestra.
    O septeto por si orientado tocou 30 peças em simultâneo, numa dinâmica «entre a cibernética [na pureza etimológica do termo, enquanto arte de governar dialectos, neste caso referentes a todas as idades do jazz e afins] e o ecossistema», segundo o próprio.

    Como habitual nas suas apresentações em nome próprio não se tratou de material improvisado, existindo ao invés “um livre arbítrio na forma como cada músico gere o seu espaço temático no tempo colectivo”.

    Figura central do jazz e das músicas livres portuguesas dos últimos 20 anos, Sei Miguel tem vindo a desenvolver de forma profunda uma ligação possuidora de altíssima propriedade relativa à história do jazz, desenhando as suas composições completamente embebido e informado nas tradições formais e metafísicas dessa música. Tem uma linguagem, dentro desta vasta escola, que condensa em si todo um universo de expressão, progressão e não-progressão, materiais e discurso. Um artista tão raro em Portugal, quanto o é no jazz mundial, de méritos elevadíssimos.


    Sei Miguel
    Trompete de bolso
    Fala Mariam Trombone alto
    Rafael Toral Electrónica
    Adriana Sá Cítara Paulistana
    Manuel Mota Guitarra eléctrica
    Pedro Lourenço Baixo eléctrico
    César Burago Percussão


    Manta Rota
    , tradução indirecta do francês Ensemble Freak, é um sexteto de improvisação comunal. Proveniente de tradições, em iguais partes conscientes e inconscientes neste núcleo de músicos, de improvisação colectiva, casos dos Amon Düül, No-Neck Blues Band, ou dos Red Krayola de «Parable Of Arable Land», acabam por ser a primeira real manifestação local de um sintoma que se começa a registar pelo Ocidente ligado às músicas livres do séc. XXI.
    Não são como as improvisações de grupo de Alan Silva para a BYG/Actuel, mas também; não são um «drum circle» hippie da treta, só um bocadinho; não são o drone eterno da A Band ou dos Vibracathedral Orchestra, mas já o ouviram. São outra coisa qualquer, de estilo ainda por nomear, de conhecimento tanto plural quanto recente de tradições e não-tradições, turismo musical pancontinental, feito de interesse e fascínio por manifestações de expressão crua e inusitada.
    Manta Rota é constituído por elementos de Gala Drop, CAVEIRA, The Vicious 5, Phoebus, Braço, Fish &
    Sheep e mais alguém que foi lá parar a procura de sensações efluvianas.

    *************************************************************************
    Sexta 20 de Janeiro às 22h00
    Power_4tet_Sessions
    DAMO SUZUKI + CAVEIRA 
    Vocalista da fase mais marcante dos Can, históricos do kraut-rock, Damo Suzuki é um incansável improvisador e livre actuante em música há praticamente quatro décadas. De há vários anos para cá, criou uma banda-conceito, denominada Damo Suzuki’s Network, cuja constante mutação varia à velocidade dos seus roteiros de digressões e sessões de gravação. Por cada concerto que dá, toca normalmente com músicos locais, expondo-se totalmente ao som que deles provém como força propulsionadora para as suas vocalizações improvisadas e performance de palco.

    Foi acompanhado nesta data pelo trio lisboeta CAVEIRA (Joaquim Albergaria, Rita Vozone e Pedro Gomes), figuras de uma geração nacional emergente de criadores de músicas livres ligada a formas abertas e músicas marginais, que tem vindo a incendiar palcos com o seu rock improvisado, unindo linhagens de Sonny Sharrock, a 13th Floor Elevators, a Keiji Haino ou Royal Trux.

    “ …os CAVEIRA são, coisa rara neste país, um power-trio que brinca com o rock enquanto energia bruta.”… José Marmeleira in UM

    Depois da memorável passagem de Damo no ano passado pela ZDB, esta foi mais uma noite de catarses improvisadas, celebração desenfreada num processo empático criado de raiz em tempo real.

    *************************************************************************
    Sábado 21 de Janeiro às 22h00
    Poesia_Sonora_Sessions
    ADOLFO LUXÚRIA CANIBAL
    ANTÓNIO RAFAEL

    Adolfo Luxúria Canibal leu excertos de «Estilhaços», acompanhado por António Rafael, que sonorizou e musicou a actuação.

    Depois da estreia no Teatro do Campo Alegre, no Porto, em 2003, Adolfo Luxúria Canibal veio à Galeria Zé dos Bois apresentar a rendição ao vivo de «Estilhaços», edição pela Quasi, que inclui textos de Luxúria Canibal dos últimos 25 anos até ao século presente. Incluindo textos até aqui particulares, letras dos Mão Morta e outras manifestações escritas, «Estilhaços» é um compêndio de uma das mais marcantes obras lírico-poéticas da música nacional moderna.

    *************************************************************************
    Quinta 26 de Janeiro às 22h00
    Matulona_Sessions
    CORAÇÕES DE ATUM
    Mais do que firmado no panorama sonoro universal, o Dr. Lello Minsk, também conhecido ao público como candidato Vieira, deliciou-nos com grandes temas do jazz português. Carregando bastante menos na linguagem dura daquilo a que nos habituou com outros projectos, o carismático Doutor Lello Minsk, que, adaptando a tradição latino-americana com a colaboração do maestro Shegundo Galarza, recuperou algumas das nossas melodias de sempre: «Triste e Cru», que era cantado por Ribeirinho em «O Grande Elias»; ou o «Deixa Lá Falar», do filme «O Tarzan do 5º Esquerdo».

    Para lá disso, chegou mesmo a contribuir com alguns futuros clássicos para esta “panóplia de canções dignas dos mais fumarentos cabarés”, como o titular «Corações de Atum», ou o sórdido-lite de «O Atendedor». Foi uma soirée para dançar e reviver nostalgias com os Corações de Atum.
    *************************************************************************
    Sábado 28 de Janeiro às 22h00
    Modern_Minimal_Sessions
    MURCOF
    PHOEBUS

    Murcof
    Murcof é o projecto a solo do cidadão mexicano Fernando Corona, em viagem de estreia por palcos nacionais.
    Após a obra-prima «Martes», universalmente acolhida por público e crítica, ter pragmatizado uma mistura exemplar entre o techno minimal mais esparso e elegante e as correntes microtonais (Feldman) e ascéticas (Gorecki, Pärt, Tazartes) da música contemporânea, Corona esteve a preparar o seu mais recente lançamento, «Remembranza», que saiu na segunda metade de 2005. «Remembranza» reduz ligeiramente a quota de batidas, bem como o seu compassamento prévio de 4/4 que dominava a maior parte das faixas de «Martes», utilizando ritmos mais fragmentados, mantendo ao mesmo tempo toda a tensão harmónica, de orquestrações próprias e alheias, modulando-as ao lento passo dos seus tempos de cismo.
    Um inventor de empatias estéticas inauditas, Murcof já se cimentou como um dos mais relevantes artistas da electrónica do novo século.

    Phoebus
    Afonso Simões aka Phoebus tem sido dos criadores de som mais activos e esteticamente amplos em Lisboa no último ano. Quer como um notável baterista free nos Fish & Sheep, em intricados processos de desconstrução rítmica no duo Braço, ou – em outro universo, também ele plural – enquanto Phoebus.
    Neste seu alter-ego a solo iniciado em 2003, Simões trabalha, tanto em plataformas digitais como em instrumentação acústica e eléctrica, apontando caminhos diversos, unidos pela impressão digital do músico. Tanto explora o ambientalismo através de música de terceiros processada em tempo real, como produz devastadores sets de house. De Count Ossie, a Morgan Geist ou Brian Eno, todo um universo coerente de aberturas estéticas e modos de expressão livre, aqui no seu ecossistema electrónico.

    *************************************************************************
    Quinta 2 de Fevereiro às 22h00
    A_Jazzar_Sessions
    ZÉ EDUARDO UNIT


    Trio liderado por Zé Eduardo (contrabaixo), com Jesus Santandreu (sax tenor) e Bruno Pedroso, editou em 2004 «A Jazzar No Zeca», trabalho sobre os «motifs» melódico-líricos presentes na obra de Zeca Afonso, mesclados com improvisação de jazz, escola do hard bop, entretecida com o conhecimento do «free» como visto por Coltrane ou Steve Lacy.

    Celebrado docente, arranjador e músico na Península Ibérica, Zé Eduardo tem sido figura presente, há mais de 20 anos, em escolas, orquestras e workshops de jazz por Portugal e Espanha, deixando obra em todos os locais por onde passa, sempre em estadias de vários anos e de trabalho constante.

    *************************************************************************
    Sábado 4 de Fevereiro às 22h00
    Noites_às_Novas_Sessions
    LOBSTER
    VEADOS COM FOME
    DOPO

    Noites às Novas na Zé dos Bois, programa em que novos artistas nacionais de mérito assinalável tomam o palco do aquário da Galeria, para mostrarem alguma da mais interessante música portuguesa de cariz exploratório a aparecer em tempos recentes.

    Este programa já existe deste 2004, em 2006 houve três edições que revelaram ao meio dez novas formações ou projectos nacionais.

    “Doze anos depois de abrir portas, a Galeria Zé dos Bois continua a ser o espaço por excelência para assistir a concertos de culto, ou de novas bandas….” Tiago Gomes e Filipe Pedro, in UM


    Lobster
    Duo nacional que começa a despontar como uma das mais intensas festas rock do país.
    Com uma parede amplificadores imponente, lançam-se com guitarra e bateria em composições e improvisações de caleidoscopia matemática, onde o fulgor hiperactivo da bateria é contraposto por seis cordas electrificadas no limite da concentração.
    A quem procurar paralelos pode-os encontrar na histeria espasmódica dos Lightning Bolt ou Hella, com semelhante virtuosismo e fulgor.
    Lançaram «Fast Seafood» pela barreirense Merzbau. Do melhor headbacking oblíquo que este país já conheceu.


    Veados Com Fome

    Numa rara manifestação do Portugal das cidades de pequena-média escala a dar de si, os Veados Com Fome têm andado a tocar principalmente pelo Norte do país, editaram o primeiro EP, num CD-R lançada pela Lovers & Lollypops (que publicou o split «Para o Inferno Com Eles» de Fish & Sheep e Tropa Macaca). O media-duração em questão, denominado «Na», mostra uma transpiração rock a começar a ganhar forma própria. Nesta fase mutante, encontram-se paralelismos com os Deerhoof mais escuros, um fascínio pelo reverb de tarola dos Joy Division, e por um math-rock com considerável índice de delicodoçura.


    DOPO

    Banda constituída e a emitir nas redondezas da cidade do Porto, os DOPO editaram «Last Blues, To Be Read Someday» pela proeminente netlabel nacional testtube.

    O jornalista José Marmeleira registou o momento como emblemático de uma nova geração de músicos, ligados a formas mais abertas, partidas, que apelidou de uma vaga de “ladrões” de música. Um “roubo” pragmatizado aqui com um carisma adquirido através de conhecimentos captados por 1ª e 2ª mão, ou até por osmose estética.
    Os DOPO, utilizando guitarras eléctricas e acústicas, bateria, melódica, pequenas percussões, harmónio e uma série de outras instrumentações acústicas, bem como electrónica orgânica de baixo custo, explanam a sua languidez em formas variáveis. Este concerto na ZDB constituiu a primeira actuação ao vivo da banda.

    *************************************************************************
    Sexta 10 de Fevereiro às 22h00
    Osaka_Santo_Tirso_Bendcore_Sessions
    OVE NAXX
    DJ SCOTCH EGG
    DODDODO
    MARUOSA
    DISTEST
    GULPESH
    HORACIO POLLARD
    Proveniente de Osaka, centro para explorações viscerais em som, desde a cena de ruído e hardcore transviado nos anos 80 pivoteada pelos Boredoms, até às bandas de música psicadélica livre da Alchemy, Ove Naxx veio à ZDB acompanhado com uma pandilha em digressão europeia a que apelidou de OSAKA CHAOS NOIZE HAPPY.
    Na sua anterior passagem pela Galeria, para além de uma muito pouco discreta mascara de Saddam Hussein, trouxe uma mistura explosiva de gabba, drilltronics da escola Tigerbeat6, a um ponto de hiperactividade geradora de milhões de ideias por minuto, informada pelas gerações-speed da sua cidade.
    A acompanhá-lo em danças de compassamento inaudito, vêm Doddodo, Maruosa, Distest e Gulpepsh, restantes participantes na caravana NOIZE HAPPY.


    Dance Damage
    Das mais vibrantes entidades do actual panorama nacional de desconstrução e liberdade em formato banda, os Dance Damage apresentaram-se num registo substancialmente alterado desde a vez anterior, que passaram pela ZDB.
    Desde os seus primórdios a retrabalhar o pós-punk dos Public Image Ltd. ou The Fall, deixaram-se contaminar – com toda a glória – por uma série de elementos. Cada vez mais expressão ruidosa fragmentada, a propulsão rítmica está cada vez mais carnívora, obliqua e diabólica, e as palavras de Pedro Magina tornaram-se uivos disformes, em expressão de pânico e urgência free.
    Editaram em 2005 o CD-R «Level Your Hearts At Dawn» e o CD-R Single «Excavator», em edições de autor quitadas com qualidade.

    *************************************************************************
    Sábado 11 de Fevereiro às 22h00
    Gutural_Improv_Sessions
    CAVE OF THE TIGERS

    NUNO REBELO + MARCO FRANCO

    Cave of the Tigers
    Duo de Gianni Gebbia com a sul-coreana Audrey Chen. Gebbia, instituído e maturado improvisador em saxofone alto e sopranino, bem como em flauta, tem criado o seu carismático trilho de expressão dentro das linguagens do jazz e das músicas livres, tendo já colaborado com figuras como Evan Parker, Alexander von Schlippenbach, Fred Frith, Lee Ranaldo, Jim O’Rourke, Peter Kowald, Gianluigi Trovesi, Louis Sclavis ou Otomo Yoshihide.
    Chen, em violoncelo e voz, é comparável a uma Joelle Leandre que gostasse mais de Boredoms que de Schönberg e em igual medida de Artaud. O entendimento com Gebbia traduziu-se por rasgos feéricos de expressão espontânea, plenos de electricidade tanto do domínio do frenético como do plácido.


    Nuno Rebelo + Marco Franco

    O trabalho desenvolvido entre Nuno Rebelo e Marco Franco é das mais antigas e produtivas colaborações da história da música improvisada nacional. Em várias formações em que já tocaram destacam-se aquelas com músicos como Peter Kowald, Carlos Zíngaro, Sei Miguel, Gianni Gebbia, Kato Hideki, Ernesto Rodrigues, Vítor Joaquim ou como parte do Damo Suzuki Network com Massimo Pupilo. Têm desenvolvido uma linguagem de ampla liberdade estrutural dos pontos de vista rítmicos, harmónicos, melódicos, texturais ou performativos. A elasticidade e plasticidade da guitarra eléctrica de Rebelo encaixam de forma cada vez mais interligada com a arritmia interna e autismo auto-induzido de Marco Franco, deixando sempre espaço para que momentos abertamente mais subtis e delicados possam despontar, nunca perdendo de vista uma abordagem exploratória relativa aos instrumentos que tocam.
    Nuno Rebelo e Marco Franco actuam na Zé dos Bois desde os primeiros dias vocacionados para músicas experimentais da Galeria.

    *************************************************************************
    Quarta 15 de Fevereiro às 22h00
    Rock’n’Roll Sessions
    MONKEY ISLAND

    BLOOD SAFARI

    Monkey Island
    A abrir a noite, os britânicos Money Island vieram apresentar «Some of What You Need and Don’t Need to Know», com o seu híbrido de punk rock do estrilho, rock’n’roll e Birthday Party.


    Blood Safari

    Novo projecto de Vítor Torpedo e Pedro Xau (ambos ex-Tédio Boys e ex-Parkinsons) com os britânicos Charlie Fink (voz) e Mr. Stix (bateria). Corroborando com o EP «Zombie Slave» a entrega, rock, sangue e crença desmedida no riff e no grito continuou.

    *************************************************************************
    Sexta 17 de Fevereiro às 22h00
    Fingerpicking_&_Delay_Guitar_Sessions
    HARRIS NEWMAN

    PCF MOYA

    Harris Newman
    Figura emergente de uma nova geração de fingerpickers (Jack Rose, Glenn Jones, etc.) de guitarra acústica que partem das tradições de John Fahey, Robbie Basho, Sandy Bull ou Leo Kottke para manifestações contemporaneizadas pelos anos passados de realização de músicas livres. Proveniente da cena de Montreal (ex-membro dos locais Sackville, da Constellation), em documentos como «Accidents With Nature and Each Other», compreende-se a ligação à comunidade local, às tradições supracitadas, e à escola de guitarra esparsa do John Fahey de «Red Cross» e Loren Mazzacane Connors.
    Cabeça de cartaz de uma das sextas-feiras que melhor promoveram languidez e voo em 2006.


    PCF Moya

    Guitarrista do melhor power-trio da história do Barreiro, os Frango, Rui Dâmaso (homónimo do baixista dos Loosers, pessoa diferente), estreou-se a solo em palcos lisboetas sob o seu alter-ego para a viagem em formato individual, PCF Moya.
    Co-responsável pela Searching Records – casa que editou CD-Rs de apresentação cuidada de Ivone, Barcos, Frango e a compilação «Animal Repetitivo» – e co-curador do Outfest, editou neste selo a sua estreia «Surgeon Surgeon», 2004. Paralelos podem ser encontrados na fase eléctrica (limpa) de Loren Mazzacane Connors, adivinhando-se empatias com outros deambuladores da guitarra desolada, em matemáticas que se desmontam sucessivamente, como o John Fahey de «Red Cross» ou o trabalho de Tom Carter nos Charalambides.

    *************************************************************************
    Sábado 18 de Fevereiro às 22h00
    Arriba_Avanti_Sessions
    POP DELL’ARTE

    Dispensando grandes apresentações, os Pop Dell’Arte vieram nesta data pela primeira à ZDB, em época de continuação de celebrações do seu vigésimo aniversário, depois das muito celebradas actuações no Fórum Lisboa e no Lux. Protagonistas de momentos fulcrais e irrepetíveis na cultura popular, canção e música de vanguarda nacionais, à data, acabavam de lançar a colectânea retrospectiva «POPlastik», que reúne dezassete temas antigos e três inéditos.

    *************************************************************************
    Sexta 24 de Fevereiro às 22h00
    AvanTronics_Sessions
    YELLOW SWANS


    Recentes porta-estandartes das músicas experimentais bastardas da Califórnia, os Yellow Swans edificam um explosivo e catártico som, que cruza uma guitarra em destruição contínua, com electrónica analógica demolidora.
    Imagine-se um cruzamento imaginário entre os Lightning Bolt, os Boredoms e os Cabaret Voltaire, e começa-se a desenhar uma ideia. Têm partilhado palcos e colaborado com artistas tão díspares quanto os Axolotl, Xiu Xiu, Devendra Banhart, Jackie-O Motherfucker ou Birchville Cat Motel.

    *************************************************************************
    Sábado 25 de Fevereiro às 22h00
    Free_Music_Sessions
    FAMILY UNDERGROUND

    FRANGO


    Family Underground

    Senhores do ruído, drone e estranhas explorações em manifestação sonora oblíqua, os dinamarqueses Family Underground apresentaram-se na ZDB, numa época em que a Escandinávia voltou a dar fantásticos sinais de vida em música psicadélica, depois dos tratados dos anos 60 e 70 deixado monumentos como Pärson Sound ou International Harvester.
    Pense-se na escola que os Double Leopards inventaram de hipnose estratosférica de drones, construídos com labirintos de pedais a mexerem com voz; pense-se nos acordes mágicos de «Confusion Is Sex» e «Bad Moon Rising», «The Velvet Underground & Nico» ou «Un»; ou a Arkestra de Sun Ra nos seus mais profundos momentos cósmicos num vento desconhecido de Copenhaga, de proveniência polar.
    A sensibilidade demonstrada pelos Family Underground em LPs como «Familiar Places» ou «Ancient Shadows» (pela Qbico, que recentemente albergou os Loosers na sua primeira edição internacional) em cadenciar expressão, desenhar som, escolher fontes sonoras e expressar inquietudes mostra um raro controlo sobre o inefável e o intangível. Uma fulcral proposta das músicas extremas europeias.


    Frango

    Altos mensageiros das novas músicas livres nacionais, o trio do Barreiro Frango, constituído por Jorge Martins (Fish & Sheep, Ivone), Rui Dâmaso (PCF Moya, Searching Records) e Vítor Lopes (Barcos, Ivone, Searching Records) regressou à ZDB após o estrondo da sua passagem pelo festival Where’s The Love, no ano 2005.
    Explorando a textura e o espaço e o som como universos puros, impolutos por harmonia convencional e ritmos óbvios, expressão em matéria difusa, hipnose e puro entusiasmo acústico e eléctrico.

    *************************************************************************
    Domingo 26 de Fevereiro das 12h às 21h00
    Comunidade_Sessions
    Os Bairros da Alta no Bairro Alto

    A ZDB abriu as suas portas à comunidade de origem cabo-verdiana, em particular às culturas da periferia de Lisboa a ela associadas, juntando a primeira e segundas gerações de imigrantes numa celebração das suas raízes culturais e artísticas, bem como das suas (re)transformações e (re)criações.
    Tomando como ponto de partida a música, desde as sonoridades mais tradicionais apelidadas de “música africana”, que funcionam como base identitária partilhada por pais e filhos imigrantes, até aos produtos híbridos e (trans)multiculturais ligados à “música negra” produzidos e apropriados especialmente pelas gerações mais novas.

    A Fundação Aga Khan, através do Programa K-Cidade, desenvolve na Alta de Lisboa uma intervenção nas comunidades locais, promovendo o empreendorismo dos agentes locais, numa lógica de empowerment. Com a organização do evento celebra-se o fim de um ciclo de trabalho, definido pelo lançamento de uma demo de rap e pela capacidade de mobilização da comunidade
    As portas abriram ao meio-dia para um almoço de comida típica africana, durante o qual foi servida “cachupa” e mais algumas iguarias, seguindo-se o visionamento dos documentários Outros Bairros de Vasco Pimentel e Inês Gonçalves e Um Pantera Negra em Portugal de Rigo 23 e Luis Tranquada.
    Pela tarde houve concertos de bandas/grupos de música cabo-verdiana e de hip-hop.

    Na perspectiva de mostrar alguma das actividades da galeria à comunidade convidada, a ZDB promoveu uma visita guiada à exposição de João Maria Gusmão e Pedro Paiva, Eflúvio Magnético (2º parte).
    No Bairro Grupo constituído por sete improvisadores de MCing de rua. No seu início, e na relação com os mais velhos do bairro, sofrem a influência do Hip-Hop americano e, progressivamente, o grupo foi construindo as suas palavras em paralelo com beat boxing.

    Bairro Side. Constituída no início de 1998, esta banda cotada no circuito mainstream de Cabo-Verde, é composta de jovens músicos cabo-verdianos que fazem rap em crioulo.
    Canhão d´África Grupo de música tradicional africana (kizomba, mornas) fundado há 18 anos e que recentemente retomou a sua actividade musical após algumas estações de inactividade. Estes músicos, de origem cabo-verdiana, herdaram o nome «canhão d’África» dos mais velhos da banda e têm na sua história um percurso de actuação por bares da cidade de Lisboa.
    L.Niggas.Crew Grupo de dança Hip-Hop criado em Outubro de 2005 por um conjunto de 8 raparigas moradoras na Alta de Lisboa (Lumiar) e que usava a rua como espaço de trabalho. Mais recentemente, o «Centro de Artes e Formação» da Junta de Freguesia do Lumiar cedeu ao grupo um espaço para ensaios e, actualmente, ele já conta com 10 raparigas e 4 rapazes nas suas fileiras.
    Submundo Grupo proveniente do Colectivo PBC da Pontinha. (hiphop)
    100% BCV Nasceu no ano de 2000 no Bairro da Cruz Vermelha, situado na Freguesia do Lumiar, em Lisboa. Actualmente, o grupo é constituído por 9 elementos, com idades compreendidas entre os 17 e os 24 anos. Trabalham influências que compreendem o Hip-Hop e a música tradicional africana. A sua actividade é apoiada pelo «Centro de Artes e Formação» da Junta de Freguesia do Lumiar e acompanhada pelo professor de música, Rui Vasconcelos.
    Amancha À pergunta «como e onde te defines musicalmente?», Pós-zouk é a definição ou o espaço onde se vê enquadrado. Fruto da abertura ao mundo que trouxe até às ilhas perdidas (Cabo Verde) o grunge, a sua primeira paixão, vê o fim da adolescência trazer-lhe a ânsia de encontrar a sua voz verdadeira. O crioulo.
    TWA é um grupo de rap crioulo fundado em 1993 na Pedreira dos Húngaros. Não são de Cabo Verde nem de Portugal, fizeram-se numa ilha dentro de uma cidade com quem eles contactam quase só através de circuitos subterrâneos.
    CHULLAGE MC representa uma das mais experientes faces do rap em Portugal. Proveniente da Arrentela – Seixal, já editou vários álbuns, tendo-se notabilizado particularmente com «Rapresálias».

    *************************************************************************
    Segunda 27 de Fevereiro às 22h00
    American_Songwriters_Sessions
    CASTANETS
    JANA HUNTER

    Castanets
    Uma experiência comunal variável e numerosa: os Castanets de Ray Raposa, a principal voz do grupo, lançaram em 2005 o seu segundo álbum, «First Light’s Freeze», depois do muito bem recebido «Cathedral», ambos com o selo Ashtmatic Kitty. (…)

    Se a isso juntarmos o facto de Jana Hunter vir como membro da banda nesta digressão europeia com antigos membros dos (incríveis) Trumans Water ou Fridge (Adem, não Kieran Hebden), vemos uma panóplia de universo: canção pop, viagem free, espirituais revistos à luz do séc. XXI por putos broncos inteligentes da cidade com part-times (a maioria é de Nova Iorque/Brooklyn), melancolia em acordes e exploração textural exposta em urgência pausada.
    Para admiradores de Will Oldham, do Jewelled Antler Collective (Thuja, Skygreen Leopards ou Blithe Sons) ou Pearls Before Swine, ou quaisquer interessados em ver por onde pára a busca da América pelas suas raízes, enquanto as procura no meio do betão.


    Jana Hunter

    Até este ponto no tempo, a arte de Jana Hunter tem sido particularmente difundida ao mundo da música independente por Devendra Banhart. Quer através da sua participação na já seminal compilação «Golden Apples Of The Sun» de artistas a trabalharem com transgressão a canção contemporânea, quer através de um «split» que fez com Devendra para a Troubleman Unlimited, quer pelo disco que apresentou na ZDB, «Unstairing Heirs of Doom», tornando-se na primeira artista a sair pelo novo selo de Banhart e Andy Cabic (Vetiver), a Gnomonsong. (…) As letras adensam o macabro da passada quotidiana, explodem realidades emocionais habituais em momentos de revelação tão crípticos quanto claros.
    Simultaneamente pela estranheza e pela acessibilidade, é muito possível que estejamos na presença de uma escritora de canções que vá ficar na história – a julgar por «Black Unstairing Heirs of Doom» o trilho será enorme. Quem veio ver, viu por onde tudo começou.

    *************************************************************************
    Sexta 3 de Março às 22h00
    Free_Droning_Sessions
    PELT

    Os Pelt, ao lado dos Tower Recordings, Charalambides e da No-Neck Blues Band, terão sido dos primeiros da geração pós-Sun City Girls, pós-Siltbreeze, a realizar música de progressão e invenção, conectando inviolavelmente a terra ao céu, modernizando essa tradição secular. «untitled», o seu registo mais recente, é o segundo álbum da banda realizado apenas com instrumentação acústica.
    Reunindo séculos e universos de influência, do drone como visto por La Monte Young no Theatre of Eternal Music até à torpeza do Ganges; dos Mississipi Delta Blues como força brutal catalizadora de alma e lírica norte-americana até mágicas de peyote transcontinentais, nos Pelt encontramos um amor e conhecimento profundo de música hipnótica, da primitivista à sofisticada (sem a sobranceria da última), única a quem sabe o suficiente para conscientemente acrescentar ao que já foi feito. Seminais.

    *************************************************************************
    Sábado 4 de Março às 22h00
    Americana_Sessions
    THE SECRET SOCIETY
    TARA JANE O’NEIL

    Figura constante no underground, desde os tempos da geração do denominado «alt-country» de Louisvile com Rodan e Retsin, até ao mais recente «You Sound, Reflect», editado pela Quarterstick/Acuarela, veio pela primeira vez em Portugal em nome próprio. Canções de melancolia minuciosamente trabalhada, por uma das vozes mais poéticas e subtis da canção americana da última década. Para precedentes e contemporâneos ver Judee Sill, Samara Lubelski, «Dusty Goes To Memphis».

    *************************************************************************
    Sexta 10 de Março às 22h00
    Acoustic_Manifesto_Sessions
    SIR RICHARD BISHOP

    Elemento fundador dos históricos Sun City Girls, iniciou publicamente o seu trabalho a solo em guitarra acústica de cordas de aço e guitarra clássica aquando do lançamento de «Salvador Kali Inc.», enquanto Salvador Kali, álbum editado pela Revenant de John Fahey (à época ainda entre os vivos). Mais recentemente lançou «Improvika» pela Locust, registo improvisado maior que reúne influências da escola Fahey/Basho de fingerpicking, flamenco, música tradicional grega e indiana, informado por décadas de profundíssimo conhecimento de música livre. Pivotal explorador do instrumento, ao lado de contemporâneos como Steffen Basho-Junghans, Jack Rose ou Tetuzi Akiyama.
    Este concerto foi o primeiro contacto de Bishop com a ZDB, que se repetiu por mais duas ocasiões ainda durante 2006.

    *************************************************************************
    Sábado 11 de Março às 22h00
    Angulartronics_Sessions
    NEUMATICA
    INCITE\

    Neumatica
    Este duo explora a combinação de material abrupto, som contínuo e alterações de dinâmica através de elementos, em si propriamente não-musicais, como objectos diversificados e aparelhos electrónicos de uso corrente. O duo integra os erros destes objectos através de uma frágil manipulação, criando uma música densa e plena de fisicalidade.
    ALFREDO COSTA MONTEIRO vive e trabalha em Barcelona desde 1992.Toca acordeão, guitarra e pick-ups em gira-discos e já apresentou a sua música por todo o mundo em ocasiões várias. É um membro do colectivo IBA col.lectiu d’improvisació e toca frequentemente com músicos de todo o mundo. PABLO REGA é uma guitarrista e manipulador electrónico, tendo participado em vários projectos teatrais como músico e intérprete seu principal foco é a música improvisada sendo presentemente um membro do colectivo Música Libre de Madrid. 

    Incite/
    Laptpismos provenientes da Alemanha, em estados avançados de maturação na pesquisa de linguagens de arquitectura de som e expressão gráfica. O projecto resulta da colaboração entre Kera Nagel (axiomatic integration – www.a.i.radylon.com) e André Aspelmeier (GradCom – www.gradcom.org), duo que já partilhou palcos com artistas como DAT Politics, Rhodri Davies, A Hawk And A Hacksaw, Asmus Tietchens ou Jeremy Berstein. Paralelamente às suas actividades em som e imagem como parte do colectivo Hoerbar, têm também vindo a realizar vários concertos de música improvisada.

    *************************************************************************
    17 e 18 de Março às 22h00
    Dead_Sessions_ZDBMÜZIQUE NO MAXIME
    DEAD COMBO

    Concerto de Apresentação de «Vol 2: Quando A Alma Não É Pequena»
    Os Dead Combo aparentam pegar transversalmente em tudo o que é genesicamente sofrido, belo e autêntico nas linhagens emocionais de Portugal. (…) Em «Quando a Alma Não É Pequena» encontramos vestígios do tango, do flamenco, do Faroeste como manifestado por Ennio Morricone, da Cuba real e daquela que Marc Ribot avistou, do klezmer judaico, do drama siciliano, da caldeirada de voodoo que é toda esta poção quando posta ao lado de um jarro de tinto da casa.
    Algures no meio de tudo isto encontram a sua voz. Como bons portugueses de alma que não é pequena, sabem chorar como poucos, mas quando cantam «Ai, Ai a Vida» começam também a saber-se rir do choro, a saber modernizar a lágrima com um sorriso cada vez mais firme. E não há alma maior que a que sabe sofrer, mas nunca se fica por aí.

    Dois concertos extraordinários no Maxime, repleto de público anónimo, críticos e amigos, a todo assistiram mais de 700 pessoas.

    *************************************************************************
    Quinta 23 de Março às 22h00
    A_Day_In_The_Life_Sessions
    THE WEATHERMAN
    DIENZ ZITHERED

    © JPA

    © JPA

     

    The Weatherman
    Projecto de Alexandre Monteiro, The Weatherman e o seu disco de estreia «Cruisin’ Alaska» pela mono¨cromatica, são um acontecimento raro na música nacional. Um produto de introversão, de Pop anglo-saxónica maturada, estudadíssima nos arquétipos do seu período consagrado…(…). As canções, informadas por esta reverência, apresentaram neste concerto, contudo, roupagens que o tempo ajudou a modernizar. Para quem procura referências mais contemporâneas, olhe-se para o trabalho dos Beta Band e de uns Olivia Tremor Control menos analógicos.
    Este concerto foi a estreia em Lisboa de The Weatherman com banda completa.

    © JPA

    © JPA

     


    Dienz Zithered: Christof Dienz c/ Christian Martinek (electronix)

    Christof Dienz, responsável por este projecto a solo, antigo tocador de fagote para a Orquestra de Ópera de Viena, trabalhava também no campo da composição para o seu ensemble Die Knödel, para a Bruckner-Orchestra de Linz, para Ernst Kovacic, entre outros.
    Desde 2002, contudo, especializou-se na zither, um instrumental austríaco tradicional, e na exploração e pesquisa de geradores de loops.
    Utilizando instrumentação totalmente acústica e analógica, como clips, baquetas de madeira, diapasões e uma miríade de outras fontes sonoras, encaixa este seu universo palpável em complexas sequências rítmicas, que rapidamente se encadeiam ricas em timbre e textura.

    *************************************************************************
    Sexta 24 de Março às 22h00
    Free_Power_Sessions
    ULTRALYD
    ONE MIGHT ADD

     

    Ultralyd
    Quarteto norueguês com ligações aos Noxagt e à Rune Grammofon, apresentou uma pesadíssima e explosiva proposta que reúne o rock vindo do metal mais desconstruído com a escola feérica do free jazz. Baixo mutilador, de fazer balouçar intestinos; guitarra em erosão de tímpanos; bateria galopante, entre expressão livre e metronomia maníaca; e saxofone feérico, pós-Ayler, pós-Brötzmann. (…)
    Olhe-se para a Dream Aktion Unit de Thurston Moore, Paul Flaherty e Chris Corsano; para Fish & Sheep ou CAVEIRA em Portugal; para os Julie Mittens na Holanda e para alguns músicos conterrâneos dos Ultralyd, com o caso dos Moha. Olhando-se para trás, repare-se em antecedentes como os Last Exit, Naked City ou Fushitsusha.
    Celebração urgente e reformulada do feio e grotesco enquanto dínamos, aqui em alto caudal ofensivo.


    One Might Add

    Projecto das mentes de Alberto Arruda e Rubén de la Costa (We Shall Say Only The Leaves), centrado na exploração de electrónica doméstica analógica de baixo custo, gira-disquismo e bateria kraut.

    *************************************************************************
    Quinta 30 de Março às 22h00
    Finland_Primitive_Sessions
    ES
    ISLAJA
    KIILA

    Noite de estreia de três dos mais relevantes projectos do novo underground finlandês, que mostra raios de luz em experimentação sobre músicas primitivas, telúricas e livres descendentes dos tempos dos reis psicadélicos Träd, Gräs och Stenar ou Pärson Sound. Comunalismo, objectos tornados instrumentos, trovadoras e trovadores em expressões novas de um inaudito folclore moderno. Ao lado de projectos como os pioneiros Pylon, Kemialliset Ystävät ou Avarus; Pekko Kãppi, ou Tomutonttu, este último da responsabilidade de Jan Andrezen e que passou posteriormente pela ZDB em Maio, os três concertos apresentados nesta noite foram uma fatia plural e heterogénea do que se tem passado no underground finlandês dos últimos anos. Uma primeira mostra ao vivo ideal tanto para quem já os escuta há tempos, como para os que começaram, por via deste concerto, a descobrir este universo.

    Estes concertos tiveram parceria com Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão.

    Es
    Projecto de Sami Sänpäkkilä, uma das mentes mais brilhantes e produtivas desta vaga de artistas finlandeses. É o responsável por Es, membro dos Kiila, participante em cem mil outras propostas, construtor de instrumentos psicadélicos e dono da Fonal Records, central editora do underground local. Estranhas cerimónias, de magia dos bosques, que reúne electrónica caseira quitada, vozes espectrais convidadas, e um ouvido raro para feitiços solenes.

    Islaja
    Cantos glaciares vindos dos bosques, pontões de madeira e grutas mágicas da Finlândia rupestre escondida, numa celestial voz que se multiplica e fractaliza em delays espíritas. Acompanhada por aerofones expectantes e plenos de quietude, por harmónios e estranhos teclados que parecem ter uma respiração própria, Islaja é das trovadoras seminais do novo milénio, ao lado de Josephine Foster, Cat Power ou Lau Nau.

    Kiila

    Quinteto finlandês que trabalhou idiomas alinháveis às músicas tradicionais finlandesas, contemporaneizando-as para novos sentidos e sensibilidades de ritualização e instrumentação, com vasta propriedade de conhecimentos do histórico e do mágico que os precede.

    *************************************************************************
    Sexta 31 de Março às 22h00
    Muscletronics_&_Improv_Sessions
    DURACELL
    IFF + TRAVASSOS + MANUEL MOTA + EDUARDO RAON + GOMA
    ATSUSHI NISHIJIIMA

    Apostados em traçar estratégias conciliatórias entre o analógico e o digital, propuseram-nos uma experiência alicerçada na exploração de texturas e ambientes aparentemente contraditórios. Percorrendo o infindável espectro de possibilidades que se abrem no campo da electroacústica, este quinteto de estetas do som assenta as suas preocupações numa busca incessante, do equilíbrio entre modelação sonora e apuramento de microscópicas texturas. Uma espécie de simbiose orgânica estabelece-se entre as forças intervenientes, da qual se elevam novas topografias sonoras e visões de eminente sensorialidade, fruto do veículo de transmissão por excelência destes músicos: a improvisação e criação em tempo real.

    Goma vect machine é um projecto experimental que explora a poesia visual como ferramenta de improvisação e intervenção em ambientes e espaços diversos. Emergem realidades imaginárias, interagindo com o ambiente sonoro, distanciando-se de quaisquer regras ou conteúdos.
    É um passeio visual por formas gráficas simples, criadas através da linguagem de programação.

    Atsushi Nishijima
    Atsushi Nishijima cria esculturas e instalações inspiradas por sons e apresenta composições e performances de músicas experimentais desde os meados dos anos 80. Recentemente, teve uma exposição no Location One em Nova Iorque; participou na colectiva One Hand Clapping: The Interstices of Sound, Language and Silence no Smack Mellon em DUMBO, Brooklyn. Apresentou também concertos na Knitting Factory, no Tonic e nas Galápagos. Tem tocado regularmente com vários músicos, nomeadamente Takehisa Kosugi, Haco ou Yamatsuka Eye.

    *************************************************************************
    Sábado 1 de Abril às 22h00
    ORQUESTRA VGO

    © Rui Portugal

    © Rui Portugal

     

    A música produzida pela Variable Geometry Orchestra resulta do jogo do material acústico versus o electrónico, numa contínua busca de pequenos detalhes e significados – o som rompe do silêncio para nele voltar a mergulhar.

    Com esta organização formal do caos, tenta-se aplicar novos conceitos de indeterminação e composição instantânea, através da erupção assimetricamente alternada de momentos de som e silêncio (ausência de som identificável) com predominância para estes últimos, seja pela emissão de sons de características subliminares e psico-acústicas, seja pela completa ausência de sons, permitindo assim aos músicos recuperar o seu ritmo natural de respiração e sentido aleatório de pulsação, bem como escutar toda a espécie de acontecimentos sonoros que estejam a ocorrer nesse preciso momento no espaço envolvente, ou então simplesmente escutar o que outro músico tenha começado, entretanto, a fazer, sem a preocupação de responder imediatamente e assim encher de forma inútil o espaço sonoro.

    Texto da autoria dos músicos

    *************************************************************************
    Sexta 7 de Abril às 22h00
    Martini_On_The_Rocks_Sessions
    LINDA MARTINI

    Banda de potencial enorme promessa e impacto nas gerações da primeira década nacional do séc. XXI, apresentaram-se pela primeira vez na ZDB no seguimento da edição da sua estreia discográfica através de um EP homónimo. Canções de palavras lusitanas, rasgadas por entre stoner e nu-hardcore emocional; instrumentais a apontar para o céu, no seguimento das reformulações da explosão rock como vistas por Pelican ou Cult of Luna.

    *************************************************************************
    Sábado 8 de Abril às 22h00
    Moçambique_Sessions
    ANDRÉ CABAÇO
    É principalmente como compositor que se destaca a carreira musical de André Cabaço. A pesquisa de ritmos, canções, técnicas de execução de instrumentos musicais tradicionais de Moçambique faz com que André seja capaz de incluir no seu repertório, temas inspirados nas diversas tradições dos diferentes grupos étnicos existentes no país. “ A punga ni nhama” é o último álbum de André Cabaço.
    Na sua música, André Cabaço tem a preocupação de buscar o diálogo/aliança entre tradição e contemporaneidade de instrumentos, ritmos e melodias de Moçambique. Dando continuidade ao trabalho no domínio da música popular, permite-se também incorrer por outros estilos musicais como o funk, jazz ou house. Indubitavelmente um dos mais representativos artistas da música actual de Moçambique.

    *************************************************************************
    Quinta e Sexta 13 e 14 de Abril às 22h00
    Radia@ZDB_Sessions
    CARLOS ZÍNGARO
    VÍTOR JOAQUIM

    TONIC TRAIN
    SANYI
    PITA
    ANDRÉ GONÇALVES
    EVERYKIDSONSPEED

    O RadiaLx2006 congregou, na cidade de Lisboa, os membros da rede de rádios comunitárias / experimentais / livres Radia para uma série de reuniões internas e eventos públicos. Esta rede, fundada em Fevereiro de 2005, reúne um grupo heterogéneo de rádios, de transmissão em FM e na net, cujos traços comuns se revelam na sua faceta não comercial e de fomento da rádio enquanto meio à disposição da comunidade e da arte.
    Radia tem levado a cabo um projecto de emissões regulares comuns, promovendo a divulgação de trabalhos de arte rádio nos seus países de origem, e está a concretizar neste momento o projecto radio.territories, de intervenção em espaços urbanos, financiado ao abrigo do programa Cultur 2000 da União Europeia. Neste projecto a Rádio Zero desempenha o papel de parceiro tecnológico e de divulgação

    Carlos Zíngaro/Vítor Joaquim
    Com formação clássica, Carlos Zíngaro, tem actividade nos domínios da improvisação desde finais dos anos 60 – o seu grupo Plexus, o primeiro do género a surgir em Portugal, foi formado em 1967. (…)
    Descobriu a electrónica desde muito cedo e a forma como dispara sons do seu computador com o violino é única nas áreas em que se move. O uso de tecnologia digital e analógica está particularmente presente no seu trabalho como compositor de cena, para dança e teatro. Na linha do violino improvisado de Leroi Jenkins, mas com as confessadas influências de Bela Bartok, Chostakovich, John Cage, Ornette Coleman, Jimi Hendrix e Morton Subotnick, Carlos Zíngaro tem um estilo polifacetado e irrequieto, onde se destaca a utilização de fraseados curtos e fragmentários, mudando de direcção com frequência ou explorando repetições.

    Vítor Joaquim
    Improvisador electrónico, compositor e artista media, Vitor Joaquim começou a tocar música improvisada em 1982. Estudou cinema e som, e compôs para dança, teatro, cinema, vídeo, instalações e multimédia, tendo trabalhado com diversos criadores tanto em Portugal como no estrangeiro, em concertos ou em colaborações multidisciplinares. Tem editados quatro discos a solo e mais de uma dezena de colaborações nacionais e internacionais. Apresenta-se regularmente ao vivo em Portugal e participou em diversos festivais e concertos em Espanha, França, Bélgica e Inglaterra, para além de variadas apresentações e uma tournée na Alemanha. Em 2000 iniciou a primeira edição dos EME-Encontros de Música Experimental, festival consagrado à divulgação das novas linguagens musicais, sonoras e visuais.

    Tonic Train é o duo de electrónica experimental de Sarah Washington e Knut Aufermann. A combinação do «bending» de circuitos caseiros em instrumentos de Washington as electrónicas de feedback de Aufermann cria um espectro de ruídos electrónicos basilares. Liga dois métodos de prática em música electrónica primitiva: a apropriação de circuitos electrónicos para torná-los som e o uso impróprio de equipamento electrónico para provocar feedback. As influências artísticas dos Tonic Train advêm de pioneiros da música electrónica, casos de David Tudor ou Gordon Mumma. (…) Este trabalho tem continuidade no seu actual projecto Mobile Radio, que perspectiva trazer produção de rádio artística para o fora do ambiente estéril do estúdio.”

    Sanyi
    Sanyi the Freemail Preacher aka Kinga Kovács é uma DJ, «sound artist» e pesquisadora de cultura. Sanyi tem sido a frente criativa da soliT crew, um grupo de artistas que circunda à volta da Radio Tilos, organizando actuações de «spoken word» multimédia em inglês e húngaro, incluindo um ciclo de poesia negra financiado pelo British Council, bem como por várias companhias, desde marcas de tabaco até água mineral. Este colectivo inclui a poetisa dub Jean Binta Breeze, a britânica Bajan Dorothea Smartt e Phenzwaan. (…)
    Nesta ocasião ofereceu-nos uma experiência em primeira-mão do mercado cultural de segunda, e das formas de arte das frequências radiofónicas – mostrando uma curta de 20 minutos denominada «Spokenwordnetword» e uma performance ao vivo de «giradisquismo» com imagem.

    Pita
    Membro co-fundador da austríaca Mego, Peter Rehberg tornou-se, ao longo da última década, numa figura central da exploração e desconstrução de som através de meios electrónicos digitais.
    Pioneiro das técnicas glitch e vanguardista do uso dessa estética usada num âmbito mais ruidoso e metaharmónico, Rehberg tem vindo a editar uma obra que prima por ir destilando esteticamente essa desintegração do som cada mais.
    Para lá da sua colaboração com Conrad Bauer enquanto Rehberg & Bauer, Pita produziu um par de obras particularmente carismáticas com Jim O’Rourke e Christian Fennesz sob o nome de Fenno’Berg, imediatamente antes de iniciar a sua – até ver – trilogia, de «Get Out», «Get Down» e «Get Off». A sua influência tem sido tão central no meio da música electrónica, como o tem sido na vaga de criadores de expressão ruidosa proveniente dos Estados Unidos em tempos recentes. Uma figura incontornável da música contemporânea experimental, em estreia por palcos nacionais.

    André Gonçalves
    André Gonçalves tem assumido um papel bastante activo em diversas áreas artísticas, nomeadamente nas artes plásticas, música, vídeo, instalação e performance. Desde 1999 desenvolve a solo o projecto ok.suitcase e integra diversos projectos musicais com diferentes abordagens sonoras como: in her space, stapletape, iodo, EA, sound asleep…Em 2004 foi-lhe atribuída a Bolsa Ernesto de Sousa, Bolsa de Arte Experimental Intermédia que o levou a apresentar a performance ‘Resonant Objects’ na Experimental Intermedia Foundation, Nova Iorque, em Março de 2005.
    Programador por empatia com formação googliana, desenvolve diversas aplicações áudio e vídeo em max-msp e java, estas foram apresentadas quer em show cases multimédia e galerias on-line quer em performances ou ainda, e principalmente, utilizadas no seu dia-a-dia para desenvolver diversos trabalhos gráficos, sonoros e vídeo.

    everykidonspeed
    everykidonspeed é um dos alter-egos que Antonio Dimitrov utiliza, produzindo glitch e electrónica de «cut-ups». Sedeado em Skopje, Macedónia, Antonio tem estado ocupado com o seu selo Acid Fake Recordings, editando a webzine da editora, Fakezine (centrada em música e subcultura experimental contemporânea), participa na edição do Radio Channel Kanal 103 (num programa conceptual para novas músicas); «Post Global Soundscape» (programa conceptual para novas músicas de dança); e um outro relativo a música contemporânea da Macedónia. Escreve sobre músicas em várias revistas e webzines, bem como em relação a abordagens contemporâneas da arte.

    *************************************************************************
    Sexta 21 de Abril às 22h00
    Modern_Sound_Sessions
    BLACK DICE
    PANDA BEAR


    Black Dice
    Este concerto teve parceria com a Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão.
    (…) São vozes, samplers, filtros, delays, osciladores, percussão e coisas que não existiam antes, com resultados tão novos como os sentimentos e sensações físicas que despoletam.
    A sua obra-prima «Beaches & Canyons» foi o primeiro longa-duração que editaram pela DFA de James Murphy e Tim Goldsworthy, e desde aí têm vindo a esculpir trabalhos sempre transgressores, sempre frescos, sempre diferentes de todos aqueles que já tinham realizado. Deparam-se agora na invulgar situação de estarem a editar alguma da música mais estranha e gloriosamente aberrante do panorama contemporâneo na EMI, facto que já afectou o selo de «Broken Ear Record», álbum que lançaram em 2005, depois de uma série de registos na Fat Cat.
    A par de projectos como o Animal Collective ou os Excepter, têm provado ser quem entende o som no século XXI com uma total liberdade de estrutura e expressão, levando e descobrindo o terreno do abismo, onde todas as revoluções – porque achamentos – residem.

    Panda Bear
    Os Animal Collective serão um dos principais pontos em foco quando se pensar na música feita em 2005 agora e daqui em diante. (…) Panda Bear, ou Noah Lennox, metade do duo fundador do Animal Collective ao lado de Avey Tare, lançou em 2004 «Young Prayer» pela Paw Tracks. Álbum registado após o falecimento do seu pai, foi gravado na casa de infância de Noah no estado de Maryland. Cruza as canções de Noah com processamento orgânico do som, em que voz e guitarra se agrupam e afastam em muros de som da sinfonia de um homem, enquanto noutra faixa há palmas e cantos colectivos de um tribalismo pós-milenar.
    Recentemente lançou o 7″ «I’m Not/Comfy In Nautica», a primeira pragmatização discográfica de Lennox dos trabalhos que tem vindo a efectuar a solo com sampler, voz e guitarra, imediatamente descendentes do trabalho etéreo de Arthur Russell, de praticamente duas décadas de techno subaquático, num registo de modernidade urbana cuja paternidade é totalmente sua.

    *************************************************************************
    Sábado 22 de Abril às 22h00
    Modern_Beat_Sessions
    JAN JELINEK
    BRAÇO

    © Nuno Moita

    © Nuno Moita

     

    Jan Jelinek (DE) apresentou «Kosmischer Pitch» c/ Andrew Pekler e Hanno Leichtmann
    Começando a publicar a sua música em Berlim através dos pseudónimos Gramm e Forss, Jan Jelinek rapidamente se estabeleceu como um dos visionários do techno da viragem do milénio.(…) Em «Kösmischer Pitch» disco que veio apresentar à ZDB, editado pela Leaf e pela ~scape., Jelinek leva ainda mais longe o trabalho que já tinha iniciado com os australianos Triosk (…)territórios onde a mistura profunda entre o electrónico, o digital, o analógico, o eléctrico e o acústico roça totalidades inauditas. Encontramos a «kosmische music» alemã, os clicks’n’cuts, reverberações distantes do jazz num vibrafone que pode ter pertencido a Milt Jackson, um balanço e pulso de um Jaki Liebezeit de 2ª geração, ou um loop partido por Markus Popp. (…). Para vários já aclamado como um dos discos da sua vida, «Kosmischer Pitch» mostra-nos Jan Jelinek em contínuo e superior estado de graça.

    Foi uma apresentação ao vivo na altura certa.

    Este concerto teve parceria com a Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão.


    Braço

    Projecto de Afonso Simões (Phoebus, Fish & Sheep) e Pedro Gomes (CAVEIRA), os Braço utilizam uma panóplia de objectos recontextualizados e instrumentos, das mais variadas percussões, a sopros ou a um «steel drum». Principalmente focados na exploração e desconstrução de percussão polirrítmica partilhada, muito do seu som é amplificado por microfones e processado por pedais de efeitos.
    O resultado final é totalmente improvisado, seco e angular, remontando a alguns ecos dos primeiros discos da No-Neck Blues Band, e aos momentos mais fragmentados de bandas como os This Heat, Skaters, Dead C ou Swell Maps. Dissertações compenetradas e descomprometidas em som, numa colaboração que remonta, nas mais variadas plataformas, há mais de sete anos.

    *************************************************************************
    Segunda 24 de Abril às 22h00
    Cine_Concerto_Sessions
    EDGAR PÊRA C/ JOÃO LIMA
    ANARCHICA NUVOLARI

     

    Edgar Pêra c/ João Lima
    Prosseguindo uma tradição de cine-concertos de Edgar Pêra na ZDB por alturas do 25 Abril, Pêra apresentou-se mais uma vez neste formato, no qual já realizou outros espectáculos com artistas como José Wallenstein, João Lima, Dead Combo, Vera Mantero, Nuno Rebelo & Marco Franco, Francisco Rebelo ou Lydia Lunch.
    Uma Kompylação de Ynéditos Cine-diáryos Super 8 filmados por Edgar Pêra e musicados por João Lima, seguido de Concerto dos Anarchica Nuvolari, ilustrado por Pêra com imagens das suas viagens a Itália (e não só).


    Anarchica Nuvolari 
    – “Gennarino Capuozzo meets Sandro Pertini session”
    Os “fratelli” Nuvolari regressaram à ZDB na véspera do 25 Abril, data do aniversário da Revolução dos Cravos mas também da liberação de Itália da ocupação nazista e do fim da ditadura fascista de Mussolini (25 Abril 1945). Pela ocasião apresentaram um repertório especial a base de músicas anárquicas do princípio do século passado e de canções da Resistência “partigiana” antifascista. A segunda parte do concerto foi dedicada ao repertório clássico da banda com interpretações de músicas italianas do período que vai desde a fim de Mussolini até a chegada de Berlusconi.

    *************************************************************************
    Sexta 28 de Abril às 22h00
    Bossa_Morna_Sessions
    DANAE ACÚSTICO

    Danae é uma das mais surpreendentes estreias de 2005 da música em língua portuguesa, é detentora de uma das mais sensuais vozes que têm aparecido no panorama musical português. Dotada de um talento para a interpretação e para a composição, esta jovem de 24 anos canta e aquece comas suas melodias tranquilas e embaladoras. Em vésperas da apresentação do seu primeiro disco “Condição de Louco”, que contou com a produção de Pedro Renato, compositor dos Belle Chase Hotel, DANAE apresentou-se pela primeira vez na ZDB e ofereceu uma proposta de espectáculo extraordinária apresentando-se com um conjunto de canções de adocicado tempero a bossa nova e morna.

    *************************************************************************
    Sábado 29 de Abril às 22h00
    Keep_It_Brutal_Sessions
    MAGIK MARKERS

    (…) Hoje em dia espalhados por Seattle, Montreal e Brooklyn, os Magik Markers são um trio de improvisação total e um dos pontos máximos das explosões que Bush detonou junto aos seus próprios pés. Thurston Moore apaixonou-se imediatamente, tendo-os convidado para uma digressão com os Sonic Youth. Já partilharam concertos com espíritos livres como os drones em direcção ao vazio infinito dos Double Leopards, o fogo puro pela via do free jazz do sax de Paul Flaherty e da bateria de Chris Corsano ou os esquizofrénicos filmes de terror dos Wolf Eyes. Há CD-R’s, cassetes e LP’s, mas, mais que isso, o que há é pressa.
    Trata-se de inventar vontades, inventar momentos e inventar emoções, quando se olha para milhares de anos de música e acções, e por segundos tudo parece feito e o que resta fazer é gritar confusão até o corpo ficar esquecido e o sol obliterar a alma.
    A melhor banda do mundo (sempre que precisarem dela) num dos melhores concertos do ano, os Magik Markers.

    *************************************************************************
    Domingo 30 de Abril às 22h00
    Homenagem_a_Fela_Kuti_Sessions
    CACIQUE 97
    SPACEBOYS DJ


    Cacique 97

    Aproveitando o Jazz e o Funk que chegava do outro lado do Atlântico e os ritmos yoruba e highlife africanos, o músico nigeriano Fela Kuti, bem consciente do movimento dos direitos civis nos Estados Unidos nos anos 60, assim como dos movimentos de independência dos países africanos, decide pôr em prática esta mistura a que se chamou Afrobeat. (…) A sua morte em 1997, devido a problemas relacionados com SIDA, deixou África mais uma vez órfã…
    Cacique´97 surge em 2005 como o primeiro colectivo português de Afrobeat, junta o legado deixado por Fela e mistura-o com as novas tecnologias através do uso de samplers e laptops e aplica-o numa fórmula adaptada aos nossos dias.
    Depois de 30 anos de democracia ainda nos deparamos com vários problemas de ordem política, social e humanitária e cabe às novas gerações reivindicarem o seu papel nesta nova sociedade em que o crescimento económico e cultural não consegue acompanhar o progresso tecnológico. A mensagem de Fela Kuti é tão actual como era nos anos 70….
    Neste concerto Cacique´97 mostraram que vieram para ficar….


    Spaceboys dj set

    Os Spaceboys são um projecto do núcleo criativo dos Cool Hipnoise (Francisco Rebelo, João Gomes e Tiago Santos). Explorando o universo criativo da música electrónica instrumental, numa leitura mais experimental, orientada para o clubbing, os Spaceboys apresentaram-nos neste seu “Sonic Fiction”, o álbum de estreia alguns dos mais irresistíveis ritmos do planeta, aliados à universal sabedoria do groove, brindando-nos com um dos mais frescos e irresistíveis discos nacionais do ano. Destaque para a versão de “Space is the Place”, original de Sun Ra, com a cantora Valerie Etiénne dos Two Banks of Four/Jamiroquai.

    *************************************************************************
    Sexta 5 de Maio às 22h00
    Cultura_Urbana_Sessions
    THE VICIOUS FIVE
    Os Vicious 5 voltaram à ZDB para apresentar o primeiro vídeo de «Up On The Walls», referente a “Bad Mirror”.

    *************************************************************************
    Sábado 6 de Maio às 22h00
    Trans_Glamour_Sessions
    BABY DEE
    JENNY LARRUE


    Baby Dee

    Cantora pós-circense (…) do cabaret transformista, a mostrar o baladeiro de melodrama cru que produziu, sob a inspiração de figuras marginais de desarmante tristeza, lucidez, alegria e alucínio, de Kurt Weil a Tiny Tim. Antony aprendeu e muito com ela, aquando do resgate de ambos pela mão de David Tibet dos Current 93.

    Este concerto teve parceria com a Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão.

     

    Jenny Larrue
    Jenny Larrue é transexual, uma espécie de Deusa do ébano que fica fabulosa nas performances onde encarna com perfeição Whitney Houston e outras divas dos anos 70, sem falar nas popstars negras da actualidade.
    Trabalhando há mais de 14 anos no “Finalmente”(…) a sua postura e elegância, e os seus traços fortes e carismáticos fazem dela uma das performers mais bonitas de Lisboa.

    *************************************************************************
    Sexta 12 de Maio às 22h00
    Keep_It_Meditative_Sessions:
    LICHENS

    BIRD SHOW
    MUSGO


    Lichens

    (…) As vocalizações estão algures entre o murmúrio trémulo e metafísico de Bobby Brown (o deus psicadélico de «The Enlightning Beam of Axonda», não o que dava pancada na Whitney Houston) e a expressão ritualística de voz de alguns trabalhos de Robbie Basho – que, também no campo da guitarra acústica, foi influência alta para este alter-ego Lichens.
    A forma como manobra, singela e religiosa, as cordas de aço, remete para o lado mais elíptico do John Fahey dos tempos tardios, simultaneamente parece incorporar a brisa húmida do Ganges sem antes não passar pelo poiso dos Nubianos ancestrais.
    Em concerto a seriedade e carga emocional da actuação esteve muito presente, tornando-se complicada a não imersão total na entrega e cerimónia de Lowe. Algo como uma colaboração espiritual entre os Black Panthers e monges de um templo nepalês.


    Bird Show

    Projecto de Ben Vida, membro de cinco – 5 – bandas de Chicago (incluindo os Pillow ou os Town & Country, que passaram em 2005 pela ZDB numa notável actuação de drones acústicos), veio à ZDB apresentar este seu trabalho a solo, que conta já com duas edições maiores, ambas pela Kranky. (…) Tanto encontramos ritmos de pratos de mão marroquinos, gravações de campo verdejantes, vocalizações de melodia sóbria, drones discretos, guitarras acústicas muito delicadas e longínquas (tipo Steffen-Basho Junghans a passar pelo laptop dos Books) – toda uma panóplia de sons-miniatura que criam uma natureza viva, que parece ter uma respiração e um ritmo cardíaco próprios.
    Foi um concerto ideal para quem admira o lado mais pacato dos Animal Collective, músicas primitivas de qualquer continente, ou minimalismo da escola Theater of Eternal Music/La Monte Young cruzado com as «field recordings» dos Harry Smiths contemporâneos armados de minidisk no bolso.


    Musgo
    Voltaram aos palcos lisboetas numa fase em muito demarcada da estética que perpassou a sua carreira prévia. Algures entre os momentos de maior pureza acústica dos Black Dice, o uso do samplers como visto pelos Alog e um ouvido raro para texturas tão sedosas quanto oblíquas, deram os primeiros passos de uma nova vida criativa que se adivinha mais que promissora.

    *************************************************************************
    Sábado 13 de Maio às 22h00
    Granular_Sessions


    Son of Y

    Trio de laptoppers suecos ligados à contemporânea e electroacústica passaram pela ZDB, para uma sessão que precedeu a noite da Granular

    Antez
    Nuno Morão
    João Bengala
    Genoveva Faísca
    Rui Costa
    Emídio Buchinho
    Manuela Barile

    Três concertos de música improvisada e electroacústica, numa noite programada pelo principal colectivo de música experimental nacional.
    No regresso da Granular à ZDB numa noite memorável, Antez, percussionista de Grenoble, França, e a cantora italiana Manuela Barile foram os convidados da experimentação de possibilidades a vários níveis e a composição de música no momento da sua própria execução.

    Antez, com estudos de electroacústica sob a direcção de Xavier Garcia, trabalhou com o colectivo de música concreta e cinema experimental Cellule d’Intervention Metamkine e em duo com um dos seus fundadores, Jerôme Noetinger, além de ter colaborado com nomes como Mathieu Werchowski, François Raulin, Tim Hodgkinson (Henry Cow, God, Konk Pack) e David Chiesa. (…)

    Manuela Barile tem formação em bel canto, estudou técnicas vocais do dhrupad indiano com Amelia Cuni e canto bifónico com Tran Quang Hai, e frequentou workshops com Phil Minton e Maggie Nicols. Também performer, trabalhou com figuras como Gianni Lenoci, Mario Volpe, Barre Philips, Amy Denio, Joelle Léandre e Tristan Honsinger, tendo já sido apontada como a Fátima Miranda da improvisação.

    Com eles estiveram alguns dos mais interessantes músicos da Granular:

    Nuno Morão é membro do Ensemble JER, especializado na interpretação de repertório clássico por meio de instrumentos de brinquedo, tem desenvolvido também actividade na electrónica digital.

    João Bengala e Genoveva Faísca são ambos membros da Companhia Bengala, grupo que dá uma dimensão camerística à música popular portuguesa, integrando elementos experimentais nas equações propostas.

    Rui Costa é um dos protagonistas da cena “laptop” nacional.

    Emídio Buchinho, um dos mais importantes engenheiros de som nacionais, tem a improvisação e a composição para instalações e curtas-metragens como áreas de acção.

    *************************************************************************
    Quinta, Sexta e Sábado 18, 19 e 20 de Maio
    Where’s The Love
    Um dos principais alvos de atenção da programação da ZDBMÜZIQUE tem sido o universo que liga uma série de músicas que, de forma transversal, se unem pela sua transgressão, subversão, capacidade de acrescentar ao que já existe, pensamento livre. É música que não se instaurou, que não se encaixou nos academismos e que está numa progressão demasiadamente acelerada para ser absorvida imediatamente pela cultura popular. É o espaço, por excelência, da vanguarda, onde – acreditamos – residem todos os projectos, nacionais e internacionais, que apresentámos este ano no festival.
    À imagem da edição do ano passado, em 2006 o Where’s The Love funcionou como uma ocasião onde os espectadores assíduos ou potencialmente assíduos da ZDB puderam renovar as quotas de sócio ou criar esse estatuto – ambos os casos com quotas pagas até ao final do ano – com a compra do passe de três dias para o festival.

    Para terem amor, têm que mostrar amor.
    Os concertos de Axolotl, Tomuttontu e The Skaters tiveram parceria com a Casa da Música.

    “O Festival Where´s The Love é um momento especial na programação anual da ZDB. Poderia ser o ponto alto se o resto não fosse igualmente bom, mas é do melhor que há e concentrado em três dias.”

    Rui Tentúgal in Expresso, Actual

    Primeiro dia

    Chris Corsano
    (…) Expressão de êxtase contínuo que é free jazz, é free rock, e é o resultado de quase 50 anos de música improvisada de toda a estirpe. (…) Corsano, após vários discos com o seu mais recorrente parceiro, o lendário saxofonista Paul Flaherty (Last Eyes, de 2005, é um tremendo registo de free incendiário moderno), tem também editado e actuado com Nels Cline, Joe McPhee, Mick Flower (Vibracathedral Orchestra) ou enquanto parte do colectivo freak Sunburned Hand of the Man.
    Veio à ZDB apresentar o seu publicamente recente registo a solo, que estreou no continente no início do ano numa tour da Grã Bretanha com Jack Rose, onde destruiu palcos e consciências a aparentemente toda a gente que testemunhou estes concertos de lenda instantânea. (…) Chris Corsano é um dos músicos em todas as maneiras mais notáveis não só da música enquanto expressão total, mas em qualquer campo de manifestação criativa que tudo dá e de tudo abdica. Uma órbita de fogo a milhões de quilómetros por hora à volta da Terra.

    Axolotl
    Música hipnótica vinda da Califórnia, em alinhamento contínuo da mente para um estrato cósmico de tábua rasa platónica. Para colocar na prateleira ao lado de Tony Conrad, Lamonte Young ou Double Leopards.

    Tomuttontu
    Trabalho de circularidades instrumentais, a laborar em som com objectos e voz processada, num dos mais brilhantes projectos de todo o underground europeu actual. Alter-ego a solo para Jan Andrezen, líder dos Kemialiset Ystävät, mente central das movimentações fundamentais vindas Finlândia nos últimos anos, Tomuttontu degladeia-se com inusitados labirintos de som que encontra nas suas deambulações por fita e sampler. A sua visão orquestral, já pressentida nos Kemialiset, foi aqui levada a um possível extremo (ou série deles), onde encaixa todo o tipo de sons manuseáveis nos seus raciocínios musicais fora de órbita, de cadências inauditas. (…)Das tripes mais brilhantes, humildes e bonitas passíveis de serem vistas num palco hoje em dia.

    Osso Exótico
    Originalmente fundados em 1989, gravaram o primeiro álbum, «i», com a formação de David e André Maranha, Bernardo Devlin e António Forte. Numa discografia extensa com edições pela Staalplaat, AnAnAnA, Nemskeio ou Phonomena, a música dos Osso Exótico possui uma estética artística livre, profundamente sensível a aspectos de execução e performance, concordante com os espaços para que é pensada e onde é realizada. A sua música parece imbuída, em abstracto, de um léxico emocional português, sendo que obras de Alvin Lucier ou alguns trabalhos para órgão de Terry Riley são possíveis pontos de contacto. Os seus concertos em Lisboa nos últimos anos devem caber nos dedos das duas mãos, este na ZDB contou-se como imperdível.

    Segundo dia

    Sei Miguel Edge Quartet feat. Joe Morris
    O Sei Miguel Edge Quartet com Joe Morris é, nas palavras do líder da formação “uma composição (…) para quarteto, com uma estranha característica: tem um deliberado buraco no “voicing”. Joe Morris, para além de completar a tecitura da música, traz consigo as suas próprias formas e, claro, um fraseado único. É, portanto, um work-in-progress” que aqui conheceu o seu segundo capítulo público, depois de se ter estreado no Festival Atlantic Waves de 2005. Reunião intercontinental de três músicos nacionais com riquíssimo e singular trajecto criativo no campo do jazz estrutural e profundamente contemporâneo, em colaboração com um dos guitarristas de mais raro e laborado dialecto da história do instrumento no jazz.
    Sei Miguel – trompete Fala Mariam – trombone Joe Morris – guitarra César Burago – percussão

    Blood Stereo
    Um dos projectos principais de Dylan Nyoukis, que, com Richard Youngs e Matthew Bower (Hototogisu, Sunroof!, Total, Skullflower) forma uma espécie de santíssima trindade das movimentações subterrâneas da música extrema inglesa dos meados dos anos 80 para cá. Fundador do selo Chocolate Monk, vem editando, desde os tempos de Prick Decay até este duo que apresentou na ZDB com a sua mulher Karen Constance, alguma da mais densa, física, catártica e brutal música contemporânea, o duo explora loops bafientos, que entram numa circularidade algo macabra, enquanto pelo meio de detritos sonoros vários, extremam a sua expressão vocal em estranhíssimas melodias partidas e gritos genuinamente avariados. (…)Uma instituição ambulante das músicas radicais do planeta Terra pela primeira vez em Portugal.

    Manuel Mota
    Cada vez mais celebrado guitarrista paraestilístico, actuante idiossincrático ligados a vários universos da música improvisada e do jazz.
    Vai buscar ao blues elíptico, ao cosmos criado por Derek Bailey, num súmulo final, sempre variável, que soa a Wes Montgomery a fazer covers de Borbetomagus.

    The Skaters
    Duo da Califórnia que tem vindo a ser celebrado no último ano como fulcral entidade no processo contínuo de desconstrução do drone. Os Skaters tornam-no, depois dos Double Leopards, num microcosmos de quase infinita densidade e massa, que arrasa com toda e qualquer paisagem. (…) O seu espectáculo pautou-se pelo carisma e pela estranheza, em condensados rituais de demolição e expressão transfigurada.

    Terceiro dia

    Alan Silva
    Dos mais conceituados e importantes contrabaixistas do jazz de vanguarda dos últimos 40 anos, Silva tocou com praticamente todos os grandes do free, de Sun Ra, a Albert Ayler. Desde os lados que gravou para a BYG/Aktuel com a sua Celestrial Communion Orchestra até tempos actuais, tornou-se num exemplar instrumentista e orador sonoro, capaz de coordenar campos de expressão que parecem condensar tudo.

    Espers c/ Chris Corsano
    Banda de Filadélfia que, ao lado de Devendra Banhart, Vetiver ou Feathers, pivoteia uma geração de fazedores de canções que torna contemporâneos idiomas criados pela canção norte-americana (e anglo-saxónica, em geral) dos anos 60 até aos dias de hoje. (…) À data, acabados de vir de uma tour americana com os Stereolab e prestes a lançar «Espers II», o seu segundo álbum de originais pela Drag City, foi finalmente possível testemunhá-los em solo português precisamente no momento que procedeu a sua explosão.

    Fish & Sheep
    Um duo composto por Afonso Simões (Phoebus, Braço, Manta Rota) e Jorge Martins (dos barreirenses Frango), onde percussão e guitarra se juntam para improvisação estruturada.
    O tipo de improvisação que criam não é tanto a já institucionalizada nem a comunal. É um «free» que não é só rock nem é só jazz, que consegue traduzir um amor profundo por todas as músicas livres em expressão física e espiritual completa, própria e distinta.(…)
    A empatia entre os músicos consegue ser tremenda, sendo que os seus concertos têm arrasado públicos um pouco por todo o país. Instintos e criatividade à solta, em alguma da música mais viva e edificante que se vai produzindo em Portugal.

    Ignatz
    Cidadão belga acabado de lançar o seu registo de estreia, Ignatz transforma os blues em canção partida ao meio e disparada à velocidade da luz da terra para o cosmos. O seu trabalho de composição e estruturação enquanto one-man band não é passível de ser comparado com o que quer que seja. Um verdadeiro original a dar os seus primeiros passos fora da terra natal.

    *************************************************************************
    Sexta-feira 26 de Maio às 22h00
    Barulho_Bom_Sessions
    ZBIGNIEW KARKOWSKI
    MAN MANLY
    NOID


    Zbigniew Karkowski

    Nascido em Cracóvia, Zbigniew Karkowski vive e trabalha em Tóquio desde 1994. Zbigniew Karkowski escreveu peças para grande orquestra, interpretadas pela orquestra sinfónica de Gotemburgo, uma ópera e várias peças para ensemble interpretadas na Suécia, Polónia e Alemanha. É membro fundador do “Sensorband” e colaborador regular de Masami Akita (Merzbow).
    Das mais importantes figuras do noise, em que continente seja, em mais uma actuação de brutal quase-explosão de tímpanos. Foi uma ocasião obrigatória para quem se inicia no ruído mais extremo ou para o adepto mais fervoroso deste campo estilístico.


    Man Manly

    James Dougherty (Man Manly) tem vindo a criar activamente em várias plataformas desde os cinco anos de idade. A sua educação tem sido uma mistura de sala de aula e exploração própria. Recebeu um vasto número de prémios enquanto jovem, tanto por criatividade como por capacidade técnica, ele consegue criar uma metodologia coesa que lhe permite transcender o meio e realizar as suas criações de forma articulada e com profundeza emocional. Dougherty utiliza instrumentos electrónicos e ferramentas que ele próprio cria, aspectos teatrais e elementos de músicas tradicionais que lhe permitem transcender representações sensoriais singulares e interagir com o observador de forma holística (…)
    Os «outlets» criativos actuais de Dougherty incluem Man Manly e Phonographististic, bem como a produção de trabalhos gravados para estes e outros grupos. É também o dono da editora, produtora e empresa de distribuição Sonik Alchemy.” (bio original no link abaixo)


    Noid

    Projecto de Arnold Habert, Noid é o alter-ego deste criador para as suas explorações a solo em violoncelo. Do registo que lhe conhecemos lançado pela aRtonal encontramos 13 explorações de minimalismo extremo. Pontos de contacto poderão ser encontrados em alguns dos trabalhos mais esparsos de Steve Reich ou Charlemagne Palestine, visto que Habert, em cada uma das peças concentra-se numa malha melódica e/ou rítmica e/ou textural, repetindo-a até que dessa cadência espiralada revele outros entretecimentos, que se vão tornando aparentes.

    *************************************************************************
    Sábado 27 de Maio às 22h00
    HeavyTronics_Sessions
    PAN SONIC
    A COISA


    Pan Sonic

    Fulcral nome da electrónica da última década, donos da Säkhö Recordings, têm vindo consistentemente a desconstruir, na estrutura, na acústica e na textura o som, para lá do ritmo e da harmonia.


    Major Eléctrico apresenta «A Coisa»

    Grande mantra cósmico, drone, ambiência profunda, sala de ruído, etc., nada de especial A NÃO SER que seja especial para quem ouve? OU Bruce Gilbert para as pessoas que passavam em frente ao seu concerto/instalação nos corredores estreitos do Museu do Crime (Viena, Áustria, 1999): “Move along, move along, there’s nothing to see.”

    *************************************************************************
    Segunda 29 de Maio às 22h00
    Total_Free_Expression_Sessions
    NO NECK BLUES BAND

    Se nos anos 60 e 70 foram os Red Krayola (e vão sendo) e nos 80 e 90 os Sun City Girls (e vão sendo), na segunda metade da década passada até hoje os No-Neck Blues Band têm sido (e vão continuar a ser) a grande entidade norte-americana a temperar todo o tipo de expressão expressiva musical, literária, fílmica, criativa, performativa ou imagética, num trabalho que é verdadeiramente trans e intradisciplinar, e parece aprender com todas as grandes manifestações subversivas que cruzaram o Ocidente, bem como as passíveis de serem procuradas pelo ser caucasiano que busca África, o Oriente e o sacro distorcido. Deles, aprendemos a esperar tudo com igual constância e génio. Não há maior elogio possível a quem cria em comunhão.

    *************************************************************************
    Sexta 2 Junho às 22h00
    Experimentalia_Sessions
    BADAWI AKA RAZ MESINAI
    BRYAN EUBANKS
    NATASHA ANDERSON

    Badawi aka Raz Mesinai

    Enquanto Badawi, Sub Dub ou em nome próprio, Raz Mesinai tem editado vários álbuns e realizado bastantes trabalhos interdisciplinares. Nascido em Jerusalém mas passando muito tempo em Nova Iorque de há praticamente duas décadas para cá, Mezinai tem trabalhado em idiomas que cruzam dialectos musicais da sua terra natal, altamente informados pela cena downtown nova-iorquina do Tonic/The Stone pivoteado por John Zorn, que já lançou três discos de Mezinei na sua Tzadik. O mais recente registo, «Safe», editado pela Asphodel, conta com a participação de músicas de excepção, casos de Mark Feldman, Marc Ribot ou Eyvind Kang.


    Bryan Eubanks

    (…) Música que trabalha improvisação e toca saxofone soprano, electrónicas de circuito aberto construídas por si, e experimentação com frequências específicas. (…)
    Ele era um programador de músicas improvisada em comunidades como Portland, Oregon e na costa Oeste desde 1999, onde trabalhou com Joe Foster e Jean Paul Jenkins. Formou a sua pequena editora Rasbliutto em 2004. Em 2004, começou o duo de electrónica GOD, com Leif Sundstrom.


    Natasha Anderson

    Música australiana que utiliza a combinação pouco usual de flautas, voz e electrónicos para alternar entre extremos dialécticos de frequências, entre o digital e o corpóreo, e o processado e o instrumental.

    *************************************************************************
    Sábado 3 Junho às 22h00
    Tuga_Roots_Sessions
    POOR MAN STYLE
    DJ GALLO
    MDMA

    Banda nacional que cita influências supremas do dub e do reggae, casos de Lee Perry, Black Uhuru, Barrington Levi ou Burning Spear.

    *************************************************************************
    Domingo 4 Junho às 22h00
    Solo_Sax_Sessions
    KEN VANDERMARK

    Das mais produtivas, ecléticas e visíveis figuras do jazz moderno, Ken Vandermark é um músico de excelência, trabalha as mais variadas ramificações do jazz, em todos os campos. Humilde, plural, transgressor, arquivista, com total propriedade em todos os movimentos. O seu currículo não caberia em alguns livros de volume considerável, mas é raríssimo encontrar algum músico de profunda importância no jazz contemporâneo dos Estados Unidos com quem ainda não tenha tocado. Veio à ZDB apresentar um concerto a solo, formato e discurso que tem voltado a trabalhar em tempos recentes.

    *************************************************************************
    Quarta 7 Junho às 22h00
    Japão_Improv_Rock_Sessions
    OPTRUM

    DORAVIDEO


    Optrum 
    de Atsushiro Ito e Yoichiro Shin, autodefine-se como uma banda de Extreme Optical Noise Core. Demonstraram uma atitude pós-punk através de uma bateria hardcore, pelas mãos de Yoichiro Shin, que se combina com as descargas de ruído da lâmpada fluorescente de Atsushiro Ito. Ao utilizar um não-instrumento num contexto musical definido conseguiram criar na performance uma nova dimensão e estilo altamente originais. O novo álbum de Optrum foi editado em Junho de 2006, para coincidir com a tour europeia, pela Headz.


    Doravideo
    é uma das mais famosas personalidades do experimentalismo japonês. Ao fundar e gerir durante 5 anos o mítico Café Off-site em Tóquio tornou-se num dos mais importantes promotores da música experimental e improvisada no Japão e no mundo. Internacionalmente talvez seja mais conhecido pelas suas instalações áudio / visuais de lâmpadas fluorescentes (que já tiveram direito a exposição um pouco por todo o mundo). São estas mesmas lâmpadas que servem como base para o instrumento por si inventado – o optron – uma lâmpada fluorescente amplificada e processada. No “aquário” às escuras, a sua performance foi inesquecível para quem assistiu, tal a densidade atmosférica visual e musical que construiu a partir dos turbilhões eléctricos do seu instrumento.

    É um projecto intermédia do baterista Yoshimitsu Ichiraku e do programador Takayuki Ito, que utiliza um sistema computorizado controlado pela bateria. Cada elemento tocado na bateria despoleta uma função no computador que se reflecte na imagem projectada. Jogando com imagens da cultura e música popular bem como com filmes antigos criam um universo certamente surreal mas precisamente irónico e criativo. O objectivo deste grupo não são as imagens, e o seu controlo, mas as diferentes perspectivas que podemos ter destas. Numa abordagem bastante simples, e por vezes rude, puxaram o espectador para a mesma linha que une a percussão e o vídeo projectado.

    *************************************************************************
    Sexta 9 Junho às 22h00
    Noite às Novas 2ªedição de 2006
    NEVERMET ENSEMBLE
    MAF_NAH
    IDEAS FOR MUSCLES


    Nevermet Ensemble

    Projecto de Miguel Cabral obteve bastante notoriedade nos meios experimentais dentro e fora de portas com o lançamento de «Quarto Escuro». Pegando em colaborações áudio de vários músicos espalhados pelo mundo, Miguel Cabral funciona nesse registo como um maestro epistemológico do som, organizando os dados sonoros que recebeu e dando-lhes a forma de peças e composições. Esta apresentação ao vivo trouxe forçosamente outros meios para a mesa, pelo que os três intervenientes (Miguel Cabral, Pedro Alçada e Filipe Leote) utilizaram bateria, electrónica, objectos, guitarras, e toda uma outra gama de emissores de som, para nos mostrarem onde vão parando as suas ideias hoje em dia.

    © Pedro Polónio

    © Pedro Polónio

     

    MAF_NAH apresenta “Food Mixers Ensemble”
    (…)Em “Food Mixers Ensemble”, recorremos à nossa memória auditiva comum relativa a um objecto específico: A batedeira da Kenwood. Este objecto tem um conjunto próprio de sons que o define enquanto “forma auditiva” e cada um desses sons faz reavivar para cada pessoa cuja mãe, avó ao tia possuía um, as melhores memórias.
    Normalmente havia um bolo no fim. Houve em palco uma batedeira, comandada como se de um instrumento se tratasse. O resto do “ensemble” foi composto por uma guitarra, duas vozes, um laptop e sampler e um didgeridoo..”

     

    Ideas for Muscles
    Projecto de Pedro Carvalho Costa e de Pedro Filipe Sousa, gravou de improviso «Fuck The Trainer» no ano de 2005. Registo possuído pela vertigem e pelo assombro do gerar no momento, possui uma carga anímica muito particular, algures entre os Big Black e os Fall do início dos anos 80 a passarem por um pedal de fuzz. Esta foi a sua primeira apresentação ao vivo.

    *************************************************************************
    Sábado 10 Junho às 22h00
    Avant_Traditional_Guitar_Sessions
    PAOLO ANGELI
    NUNO REBELO


    Paolo Angeli

    Guitarrista da Sardenha que estuda, quase desde que se lembra, a tradição do instrumento, ao mesmo tempo que tem tido um percurso que se vai pautando pela desconstrução do mesmo. Os idiomas que trabalha são influenciados por músicos como Fred Frith ou Derek Bailey, e entre os admiradores contam-se o próprio Frith ou Pat Metheny (!). As suas guitarras modificadas (ora com objectos ou com cordas e pontes adicionais) prestam-se a explorações não-idiomáticas de textura e dinâmicas, tornam-se instrumentos particularíssimos para as ruminações melódicas virtuosas de Angeli. Figura incontornável das músicas experimentais europeias dos últimos anos.

    Este concerto teve parceria com a Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão, e foi apresentado na Guarda.


    Nuno Rebelo com Guitarra Mutante

    Guitarra portuguesa mutante, projecto de Nuno Rebelo, músico experimentalista, é o nome abreviado para guitarra portuguesa desafinada, preparada, acrescentada, processada e amplificada, não é mais do que uma homenagem à guitarra portuguesa, sem dúvida, o instrumento musical português por excelência.
    A desconstrução criativa/transfiguração que a guitarra portuguesa sofre nas mãos de Nuno Rebelo assenta perfeitamente na essência subversiva da arte. O processo permite a deslocação do fado e da enigmática saudade em direcção a um sentimento de arqueologia abstracta fundamentado nos objectos de espaços interiores da mente e da alma raramente desenterrados.

    *************************************************************************
    Quarta 14 Junho às 22h00
    Laptronics_Sessions
    ADRIANA SÁ
    O.BLAAT
    NOID


    Adriana Sá

    Com uma formação que se iniciou nas artes visuais e na música, tem vindo a trabalhar na contaminação recíproca de meios e sensibilidades criativas. Artista intermédia, performer, improvisadora/ compositora, conduz também projectos transdisciplinares de colaboração artística. Utiliza sons concretos, voz, cambiantes de luz, movimento e instrumentação electrónica variada (processadores, sintetizadores, sensores/ controladores de som, etc.). Também construiu um instrumento em que o som é controlado pela luz via MIDI; isto é explorado no âmbito de instalações site-specific/ eventos performativos.


    O.Blaat
    o.blaat aka Keiko Uenishi, Japonesa a viver em New York, artista sonora, compositora e elemento do colectivo Share, é conhecida por criar diversos ambientes sonoros interactivos através meios diferentes do comum, como “beat piece” (onde utiliza o jogo de Ping-Pong), “audio coat check”, “coupier” e “fillip”.
    Depois de actuar alguns anos com um sistema sonoro electrónico, artesanal único, o “tapboard. effector. soundsystem”, tem explorado a mobilidade do laptop e o seu modo de estar menos evasivo.
    Presença assídua em galerias, museus e festivais, por Nova York, e pela Europa (Viena, Berlim, Roterdão, Bordéus, Paris, Amesterdão e Barcelona entre outras), e ainda pela Austrália.


    Noid

    Projecto de Arnold Habert, Noid é o alter-ego deste criador para as suas explorações a solo em violoncelo. Do registo que lhe conhecemos lançado pela aRtonal encontramos 13 explorações de minimalismo extremo. Pontos de contacto poderão ser encontrados em alguns dos trabalhos mais esparsos de Steve Reich ou Charlemagne Palestine, visto que Habert, em cada uma das peças (que em duração vão de 9 segundos até para lá dos 12 minutos) concentra-se numa malha melódica e/ou rítmica e/ou textural, repetindo-a até que dessa cadência espiralada revele outros entretecimentos, que se vão tornando aparentes.

    *************************************************************************
    Quinta 15 Junho às 22h00
    Big_Band_Sessions
    TORA TORA BIG BAND


    (…) Os Tora Tora Big Band formaram-se em 2001 impulsionados pela vontade do trompetista Johannes Krieger e o trombonista Lars Arens, dois alemães residentes em Portugal. (…) Doze músicos consagrados, reunidos numa consistente formação de metais e secção rítmica, criam uma palete sonora abundante gerada pelo intercâmbio geográfico e cultural dos seus elementos, disperso por territórios tão diversos como Portugal, Brasil, Alemanha, E.U.A., Dinamarca e Itália.
    “TORA TORA” reúne um repertório de oito temas originais e uma revisitação de “Afro Blue” de M. Santamaria. Um registo onde o Jazz se cruza com sonoridades dos quatro cantos do mundo, da África às Caraíbas, passando pelo Médio Oriente, pelo Brasil e Argentina.

    Tora Tora Big Band esta noite elevou o swing, numa verdadeira injecção de calor sonoro.

    *************************************************************************
    Sábado 17 Junho às 22h00
    Post_Sessions
    BYPASS
    SOUND ASLEEP


    Bypass
    Formados pela via clássica – em instrumentos que não têm representação directa no line-up do grupo, como sejam a harpa, o contrabaixo ou o… órgão de tubos, pelo Conservatório, ou ainda a bateria, através do Hot Clube – os quatro elementos base dos Bypass (Bruno Coelho, Eduardo Raon, Miguel Menezes e Rui Dias) conseguiram desde cedo estabelecer entre si uma forte empatia musical. À teoria souberam apor a experimentação, num jogo de forças permanente que veio resultar neste rock de texturas densas, essencialmente instrumental, minucioso, laboratorial e deliciosamente abundante nos timbres. (…).


    Sound Asleep

    Sound Asleep é uma proposta de alguns dos membros dos In Her Space.
    André Gonçalves, Gonçalo Silva, Nuno Pessoa e Rodrigo Dias trabalharam, entre outros, com coldfinger, clandestinos, EA, etch, gigantiq, iodo, jaguar, last time this happened we had a street party, Margarida Mestre, Margarida Pinto, megafone, ok.suitcase, Paulo Bragança, pinhead society, prime, sitiados, slamo, stapletape e voices in your head.

    *************************************************************************
    Terça 20 Junho às 22h00
    Psicadélia_Family_Sessions
    ACID MOTHERS TEMPLE
    ELECTRODOMÉSTICOS


    Acid Mothers Temple
    Formação nipónica histórica liderada por Makoto Kawabata, os Acid Mothers Temple são dos exemplos contemporâneos mais conseguidos da linhagem japonesa de rock psicadélico dos Les Rallizes Denudes, High Rise ou Mainliner (dos quais Kawabata fazia parte). Autores de dezenas de títulos em igual número de editoras, os AMT cruzam Hendrix, com o psych-rock de uns Blue Cheer ou com os ensembles mais histéricos de Sun Ra.


    Electrodomésticos

    Concerto comemorativo dos 20 anos de inactividade da banda e ocasião para apenas a segunda apresentação deste quarteto, do qual fazem parte, To Forte, João Milagre, David Maranha (Osso Exótico) e Bernardo Devlin.

    *************************************************************************
    Sábado 24 Junho às 22h00
    Cabaret_Meditativo_Sessions
    JP SIMÕES E SÉRGIO COSTA

    J.P. Simões tornou-se, deste os tempos dos Belle Chase Hotel até ao presente, no mais interessante e carismático poeta-cantor da boémia lusitana. Continua a encontrar conforto em músicas bastardas das noites decadentes de décadas passadas; no burlesco, no «vaudeville», nas «torch songs», no can-can, Waits e Gainsbourg. E na bossa, por mão de Caetano ou Jobim, que nunca o abandona.
    Apresentou-se no seu próprio verbo para esta ocasião:
    “Pequeno concerto com canções inéditas da “Ópera do Falhado”, do Quinteto Tati e de um disco a solo, do dito indivíduo Simões. Pede-se encarecidamente a quem não simpatize com o dito indivíduo o favor de não aparecer. Obrigado. O dito.”

    *************************************************************************
    Sexta 30 Junho às 22h00
    Dead_Sessions
    DEAD COMBO

    Mais um concerto que quem viu não esquece, desta banda que em 2005 e 2006 foi residente permanente da ZDB.

    *************************************************************************
    Sábado 1 Julho às 22h00
    Heavy_Music_Power_Poetry_Sessions
    MECANOSPHERE
    “Mecanosphère é um projecto que recicla as linguagens do dub pesado e escuro, do hip-hop violento, do drum and bass disfuncional e da poesia sonora, para música free-jazz/electroacústica. A sua actuação em palco foi uma experiência catártica, corrosiva, mesmo mentalmente perturbante. (…) Regressaram à ZDB no continuar da sua apresentação de «Limb Shop», registo numa linhagem transversal aos Faust mais industriais ou aos Swans do início que o projecto pivoteado por Adolfo Luxúria Canibal e Benjamin Brejon editou em 2005, com o apoio de Steve Mackay e Scott Nydegger. Desta feita, Luxúria Canibal e Brejon trouxeram consigo Jonathan Saldanha e Henrique Fernandes, dois músicos relacionados com o colectivo Soopa, que tem vindo a agitar continuamente as comunidades nortenhas ligadas à experimentação.

    *************************************************************************
    Quinta 6 Julho às 22h00
    Avant_Digi_Sessions
    THE PRODUCERS
    HANA BI
    JOÃO PINTO
    GIGANTIQ
    NUNO MOITA
    ANDRÉ GONÇALVES


    The Producers + Hana Bi
    Nome sob o qual Miguel Sá [Zzzzzzzzzzzzzzzzzp!] e Fernando Fadigas, dois dos rostos mais antigos na divulgação das novas correntes da música electrónica, que se apresentam como produtores e representantes da sua própria editora, a Variz.
    A sua música é fruto do uso bem sucedido de ‘soft-ware’ e ‘hard-ware’, cruzando a linguagem dos ‘blips’ e ‘beats’ com digressões por superfície texturada, dissecações rítmicas e experiências de cisão molecular.(…)


    João Pinto
    é um artista sonoro/intermédia que centra o seu trabalho nas áreas da música experimental electrónica/electroacústica e da arte experimental intermédia. Como 8º vencedor da Bolsa Ernesto de Sousa, e no seguimento de uma residência artística no Departamento de Intermédia da Universidade de Iowa, apresentou o projecto intermédia A Sense of Flow na Experimental Intermédia Foundation de New York em Março de 2001. Tem actuado ao vivo em diversos países e em diversas colaborações (…) Conceptualizou e dirige o “Hertzoscópio” – Festival de Arte Experimental e Transdisciplinar, dedicado ao incentivo das artes experimentais e transdisciplinares, no contexto do uso inventivo das novas tecnologias João Castro Pinto apresentou A est B = A est (PT)


    Gigantiq (Nuno Moita + André Gonçalves)

    André Gonçalves: guitarra, laptop (vídeo).
    Nuno Moita: sampler, gira-discos e pma-5

    “Padrões cíclicos intensos misturam-se continuamente entre si originando uma massa sonora aparentemente estática. No entanto ela move-se.”


    Nuno Moita

    (…) A sua actividade solo na área da sound-art afasta-se da música feita exclusivamente por computador regressando assim “à origem” nos projectos Draftank e gigantiq (este último criado já no final de 2005 e agora em estreia ao vivo na ZDB).
    Desenvolve paralelamente uma actividade de divulgação e promoção da música mais experimental com a criação das editoras Grain of Sound e Ristretto e organiza anualmente em Lisboa o festival Sonic Scope.


    André Gonçalves

    Desde 1999 desenvolve a solo o projecto ok.suitcase integra diversos projectos musicais com diferentes abordagens sonoras como: in her space, stapletape, iodo, EA, sound asleep…
    Ainda em 2004 foi-lhe atribuída a Bolsa Ernesto de Sousa, Bolsa de Arte Experimental Intermédia que o levou a apresentar a performance ‘Resonant Objects’ na Experimental Intermedia Foundation, Nova Iorque, em Março de 2005. (…)

    *************************************************************************
    Sexta 7 Julho às 22h00
    White_People_Can’t_Dance_Sessions
    HOT CHIP
    ANTÓNIO CONTADOR

    1397365_10151814591627831_1187687829_o
    Hot Chip
    (…)«The Warning», o seu mais recente álbum, parece ser o que, hipoteticamente, os melhores Pet Shop Boys ou New Order fariam se tivessem criado nesta hora, com todas as diferenças de humor, aberturas estilísticas, maturação de ironia e desenvolvimento das músicas desde então que isso implica. Quando os Hot Chip afirmam que das grandes influências para fazerem o som que fazem é a obra-prima pop de Timbaland para Justin Timberlake, “Cry Me A River”, levando realmente essa inspiração até ao fim, ao ponto de a concretizar brilhantemente, sem nunca perder a noção do quão simultaneamente descabido e natural isso é, é porque estamos perante gente bem lúcida, sem grandes tretas na cabeça.
    «The Warning» é isso e muito mais. Os sintetizadores analógicos imaculados, batidas-clicks sempre a cair no sítio certo, guitarras saturadas em glória digi, vocalizações Neil Sargeant via Paul McCartney via Pharrell Williams, e provavelmente dos mais interessantes objectos da estranha pop branca britânica a emergir desde os Beta Band.
    Apanhámo-los na ZDB um dia antes de se irem apresentar ao Festival Hype@Tejo, onde também foi pontificar pessoal como Diplo, Kudu ou Grandmaster Flash.


    António Contador

    António Contador, nascido em 1971, em Paris e desde os anos 90 a viver em Lisboa, músico, artista plástico, docente e senhor da performance. Veio nesta ocasião à ZDB apresentar um espectáculo assente no uso live de loops pré-gravados de vários dos seus consórcios estetas (…), processadores de efeitos, uma loopstation e utilizando sons gerados a partir de instrumentos-brinquedos. (…) Contador lançou o seu maravilhoso novo registo, o 5″ «Crazy In Love» (a sério) pela editora irmã da Grain of Sound, a Ristretto, numa tiragem de 100 cópias. São peças miniatura, deambulações da boa onda por chansons de alto teor mignon, pequenos delírios melódicos que lembram Serge Gainsbourg a brincar às bonecas numa creche infantil em Kyoto, alguma de mais desenvolta e livre música pop feita em solo tuga.

    *************************************************************************
    Sábado 8 Julho às 22h00
    Teatro_Sonoro_Sessions
    DIOGO DÓRIA
    BENJAMIN BREJON
    JONATHAN SALDANHA
    MIGUEL CARDOSO

    “Da Destruição como Elemento da História Natural, Literatura e Guerra Aérea, Narrações de desmembramento VERSUS reminiscências de Celan (Margueritte….Margueritte….), Walter Benjamin acerca de Marinetti, Deleuze acerca das Máquinas de terceiro e quarto tipo, restos de ambient, rastos de dub e de maquinações sónicas VERSUS silencio e voz, fragmentos e estilhaços de memoria colectiva do século onde maquinas e corpos instalaram entre eles o acidente como norma.”

    Diogo Dória tem trabalhado com encenadores como Osório Mateus, Luís Miguel Cintra, José Luis Gómez, Solveig Nordlund, Carlos Fernando, Dominique Ducos, Miguel Guilherme. No cinema participou em filmes de João Botelho, João Canijo, Jorge Silva Melo, Raoul Ruiz, Wim Wenders, Manoel de Oliveira. Dirigiu vários espectáculos.
    Benjamin Brejon é membro fundador dos Mecanosphère; Jonathan Saldanha e Miguel Cardoso são membros do colectivo nortenho Soopa.
    Esta «performance» não foi propriamente teatro, apesar da teatralidade e não se encarou como um
    «concerto», apesar da massa sonora não ser um acessório.

    *************************************************************************
    Quinta 13 Julho às 22h00
    Loucura_Party_Sessions
    THE BAD LOVER & HYSTERIA IBERIKA
    ANGEL EYEDEALISM


    The Bad Lover & Hysteria Iberika

    The Badlovers & Hysteria Iberika (Silvia, Marcus e Gaby) são um grupo Franco-Hispaniko-Tuga formado em 2002 que tem criado um verdadeiro furor com as suas hystérikas actuações pelos dancings da capital. Lançaram um CD em 2004, «La Vida Mata» (Toolateman/Edel), uma mistura de música pré-gravada em modo Electro-jukebox Pop-A-Pilhas-Punk-Billie-Rock-Do-Matagal para tanguistas e marinheiros com tendência melódicas vibrantes. Performance e visuais campista/SEXO/camionista.”


    Angel Eyedealism
    Se a ideia de uma mulher de formas contundentes, algures entre Nina Hagen, Cicciolina e uma valquíria wagneriana, com um alcance vocal de cinco oitavas, a cantar a ária de «Papageno e Papagena» da «Flauta Mágica» do Mozart com batidas drum’n’bass por trás vos parece interessante, então não engana –assim foi a actuação de Angel Eyedealism nesta noite ZDB.(…) Já tocou no Carnegie Hall, é presença habitual no meio cabaret mais fora em Nova Iorque, canta “Summertime”, por vezes actua com uma banda com um som que parece acabada de sair do vídeo dos Blondie para “Rapture”, e consegue ter roupas dignas tanto de uma dançarina de coluna de uma festa Kadoc, como de um jantar-reunião de groupies com pinta de Songoku do techno. Uma verdadeira rainha da noite a abrir as hostes naquela que foi a festa mais estapafúrdia de Julho.

    *************************************************************************
    25_@nos_Sessions
    TELECTU
    Duo constituído por Vítor Rua e Jorge Lima Barreto, os Telectu possuem uma carreira, que em 2006 celebrou 25 anos, de experimentação, exploração e pensamento aberto em música livre, que vieram comemorar, por esta ocasião, à ZDB.
    Num corpo de trabalho de alta importância, tanto no panorama nacional como no universo das «novas improvisações» além fronteiras, intersectam-se com tangentes da designada música contemporânea, improvisação de travo continental e trabalho electroacústico.
    Para além de uma extensíssima carreira dentro e fora do som, os Telectu possuem também um longo currículo pluridisciplinar, trabalhando nas mais diversas áreas e plataformas artísticas. (….)

    *************************************************************************
    Sábado 15 Julho às 22h00
    Afrobeat_Sessions
    TCHAKARE KANYEMBE
    CHAMINE NDONGO AFRO BEAT

    Tchakare Kanyembe
    (…). O único propósito da banda Tchakare Kanyembe (Tchakare e Kanyembe são nomes de dois instrumentos tradicionais africanos) consiste na libertação através da dança de todos aqueles que presenciam os seus espectáculos. (…) Ao escutarmos em detalhe, apercebemo-nos que existe algo mais para além do obvio afrobeat, jazz, funk rock, etc. , em que se mescla reggae, hip-hop, latin e tudo o mais que possa brotar e ser expresso sob a forma dos mais variados estilos musicais.
    Os T.K. deram o seu primeiro concerto em Fevereiro de 2005 no Café-Concerto do Rivoli (Porto) com uma formação que incluía já Simonal, Kito e Mota, com Jorge Romão (GNR) no baixo e Juca Monteiro na bateria. Agora com uma formação firme os Tchakare mostraram-se nesta noite a Lisboa (…)


    Chaminne Ndongo Afro Beat

    Um dos vários projectos de Chaminne, aqui em modo Afro Beat.(…)
    Já participou em projectos como Tropical Roots, Mistura Pura, Muamba Som ou Dikanza Jazz. Fez coros para artistas como Cesária Évora, Djavan e Filipe Mukenga.
    Faz parte do projecto de exploração rítmica livre Braço, com Afonso Simões (Phoebus, Fish & Sheep, Manta Rota) e Pedro Gomes (CAVEIRA, Manta Rota), onde oferece os seus mantras vocais hipnóticos no meio de uma estranha parafernália de percussão. Uma das vozes, presenças e grooves mais carismáticos da Lisboa actual, tanto da africana como de toda a outra.

    *************************************************************************
    Sexta 21 Julho às 22h00
    Original_Balafon_Sessions
    KIMI DJABATE

    Como todos os griots, Kimi Djabaté nasceu no meio de uma comunidade repleta de músicos profissionais. É oriundo da aldeia de Tabato, na Guiné-bissau. Canta em língua mandinga e toca balafon desde os oito anos de idade. Vive em Portugal há mais de 10 anos. Tocou com gente de reconhecidos méritos como Mory Kanté Waldemar Bastos e Manecas Costa. Ultimamente, podíamos vê-lo em palco com o projecto Tama Lá que sempre deu um swing ocidental ao gumbé guineense e às canções afro-mandingas.
    Kimi Djabaté pegou no repertório e nos músicos dos Tama Lá e lança o primeiro disco em nome próprio. (…) Porque a junção é bem sucedida. Kimi, além de ser um virtuoso no balafon, encheu um palco na forma expressiva e sanguínea como interpreta as suas canções.

    *************************************************************************
    Sábado 22 de Julho às 22h00
    Buddha_Machine_Makers_Sessions
    FM3

    Criados em 1999 por Christiaan Virant e Zhang Jian, dois membros activos da cena musical em Beijing, os FM3 são considerados pioneiros de experimentação em electrónicas abstractas.
    (…) As instalações sonoras dos FM3 já foram apresentadas na Bienal de Xangai, bem como no Beijing-Tokyo Art Project, no Dashanzi International Art Festival e no Kulturhallen Dampszentrale em Berna. A Buddha Machine, uma caixa de loops exibida em vários museus de arte contemporânea pelo mundo inteiro, é dos mais interessantes fenómenos tecnológicos de 2006. Um objecto que começa a ser consumido em massa e que contém dez loops, consumindo pouquíssima bateria, feito com electrónica de baixíssimo custo mas capaz de actuar a altíssima fidelidade, que ameaça tornar-se um ícone da primeira década do séc. XXI. O primeiro comprador da Buddha Machine foi Brian Eno, mas desde então têm-se vendido aos milhares em vários sítios, desde galerias de arte a lojas de discos.

    *************************************************************************
    Quarta 26 de Julho às 22h00
    Maduros_Sessions
    OS MADUROS

    Quinteto formado a desafio do comité de Paredes de Coura para actuar no palco principal da edição deste ano do festival, constituído por Zé Pedro, Alexandre Soares, Jorge Coelho, Pedro Gonçalves e Fred. Super-banda rock tuga, com nome de boa onda mais que apropriado, deu aqui o seu primeiro concerto de sempre, após ano e meio de “encontros ocasionais e actividades clandestinas”.

    Zé Pedro – voz e guitarra
    Alexandre Soares – guitarra e voz
    Jorge Coelho – guitarra e voz
    Pedro Gonçalves – baixo e voz
    Fred – bateria e voz

    *************************************************************************
    Sábado 9 de Setembro às 22h00
    Electro_Jazz_&_Spoken_Word_Sessions
    LEO TARDIN & GRAND PIANORAMX C/ CELENA GLENN
    GOMES COMBO


    Leo Tardin & Grand Pianoramax c/ Celena Glenn

    Em «Grand Pianoramax», seu primeiro registo, o teclista suíço Leo Tardin indica coordenadas e desenvolvimentos tão modernizantes, quanto continentais, das 88 teclas como vistas por luminárias como Herbie Hancock ou o Lonnie Liston Smith mais «mellow». Sempre em registo de duo, com teclados vintage (um Minimoog, entre outras coisas), escolhe diálogos sempre com bateristas de elaborado e riquíssimo pulso e groove – neste caso Julien Charlet (com quem veio à ZDB), colaborador de regular de Erik Truffaz, Sergent Garcia e Laurent de Wilde.

    Celena Glenn, tida por muitos como das mais fervorosas vozes da cena contemporânea de poesia novaiorquina, é uma premiada poetisa «slammer», ex-anfitriã do emblemático Nuyorican Poets’ Café, e, entre outras coisas, presença constante com o duo CocoRosie. Se se conseguem perceber as palavras de apreço que Saul Williams tem para lhe dirigir, depressa conseguimos entender o peso de Gil Scott-Heron e dos Last Poets que nela coabitam com uma poesia de comunhão, colectivização dos indivíduos e movida espiritual. Declamadora de nervo e urgência, tem vindo a trabalhar com Tardin em várias ocasiões. Esta noite foi uma boa oportunidade para ver o groove, o jazz e o verbo em maturada realização.
    Este artista foi apoiado pelo Departamentos de Assuntos Culturais da cidade de Genève.


    Gomes Combo

    Jam dos Spaceboys João Gomes e Francisco Rebelo (em formação liderada pelo primeiro) com Fred na bateria. Doses avultadas de jazz eléctrico, grooves de baixo a encaixar com prato de choques, bombo e a caleidoscopia boa onda do Fender Rhodes. Concerto a abrir a nova época da ZDBMÜZIQUE, com tudo o que é positivo, Herbie Hancockiano, Sun Ra eléctrico num «cool mood», com o conhecimento de décadas de soul e rare groove na ponta dos dedos.

    João Gomes – Fender Rhodes
    Francisco Rebelo – Baixo eléctrico
    Fred – bateria

    *************************************************************************
    Sexta 15 de Setembro às 22h00
    Relax_and_Party_Sessions
    LOOP POOL
    NOVA HUTA
    TRA$H CONVERTERS
    BANDIDOS DESESPERADOS

    Todos os textos que se seguem constituem a apresentação da Variz para esta noite de som.
    “Raum für Projektion e Variz apresentaram:


    LOOP POOL
    (50 vídeo loops por 55 artistas)
    A dupla de artistas de Colónia Graw Böckler (Raum für Projektion) criou o projecto “Loop Pool” convidando uma série de realizadores de curtas-metragens e de clips de música, VJs e artistas que trabalham com vídeo, a produzirem um video loop. (…) Os loops são musicados ao vivo por músicos e DJs. (…) Para Lisboa, na Galeria Zé dos Bois e em parceria com a editora portuguesa Variz, Loop Pool contou com a actuação ao vivo de Nova Huta e com os DJ sets das duplas portuguesas Tra$h Converters e Bandidos Desesperados.
    A apresentação contou ainda com o lançamento em Portugal do DVD que acompanha o projecto, publicado numa parceria entre Raum für Projektion e o Festival Internacional de Curtas-Metragens de Oberhausen.


    NOVA HUTA
    (Concerto)
    Günter Reznicek é Nova Huta. Um personagem único: ele, o seu teclado Casio e o que o próprio define como “datschadelic music”. Um performer ao mesmo tempo investigador sonoro. Criador de imparáveis, geniais e subversivas canções que poderiam definir-se como ‘chicle-robot-pop-disco-electro-dadá’ e também um músico com uma larga bagagem dentro da experimentação ‘noise’ e da electroacústica mais radical. Quiçá para o compreender melhor há que começar por situar Reznicek em Hamburgo, uma cidade que passará à história da música electrónica mais ‘freak’ por albergar essa enlouquecida micro-cena de retrofuturismo pop e agitação sonora experimental que gira à volta de personagens tão singulares como Felix Kubin, a artista visual Mariola Brillowska, Gunter Adler, Tim Buhre (Klangkrieg, duo com Felix Kubin), o próprio Reznicek e as editoras Gagarin Records (de novo Kubin) e Storage Records. (…) A sua música não é apenas música electrónica, mas música electrónica com algo mais. Música para casamentos e baptizados… no limiar da quarta dimensão de um universo paralelo; Nova Huta junta sonoridades de Leste cheias de charme ao seu muito dançável “fake gay disko”.(…)


    TRA$H CONVERTERS
    (DJ set)
    A dupla Tra$h Converters representa a faceta lúdica da editora Variz. Miguel Sá e Fernando Fadigas são dois dos rostos mais antigos na divulgação da música electrónica em Portugal; Através da editora/promotora VARIZ, do projecto PRODUCERS e dos TRA$H CONVERTERS – aqui reciclam o passado à luz do presente, indicando o futuro, com insólitos DJ sets Electro-Noise-Techno-Pop-Acid-House.
    Apresentam-se regularmente em Lisboa, Leiria e Porto, tendo participado já em vários festivais internacionais.


    BANDIDOS DESESPERADOS
    (DJ set)
    Fugidos de uma casa ilegal de operações de mudança de sexo na Tailândia, e ainda sem ter passado o tempo correcto para a total cicatrização, os Bandidos Desesperados vieram parar a Lisboa e trouxeram consigo discos roubados e riscados de uma disco francesa incendiada no ano passado. Gostavam mesmo de viver num hotel de 5 estrelas, mas infelizmente têm que morar no Intendente. Usam sacos de plástico na cabeça porque têm vergonha de tudo isto.

    *************************************************************************
    Sábado 16 de Setembro às 22h00
    Uma_Canção_É_Uma_Canção_Sessions
    VETIVER
    A A TIGRE

    Vetiver

    (…)«To Find Me Gone» é, já em muitos escritórios de editoras, distribuidoras, serviços de mailorder e quem mais já o tenha apanhado, o disco oficial de finais de tarde de Verão. Manda grão, poeira, sol, corações descontraídos e deixa toda a gente acordada com uns arranques roqueiros imaculados enviados na nossa direcção sempre na altura certa.
    Uma voz criativa que está tão aculturada no universo da canção que só poderia fazer uma que saísse tão naturalmente de si, como nasce sua. Assim que apanharem aquelas cordas vocais a ranger pelo meio de fios de guitarra eléctrica, arranjos para de cordas a descomprimir e percussões leves a funcionar, depressa vão perceber que foi meio criminoso passar ao lado deste concerto.


    A A Tigre

    Grupo liderado por Rafa del Pozo, cidadão espanhol radicado em Lisboa há alguns anos, veio mostrar as suas canções de estrutura livre e aberta, algures entre uns Pastels e Maher Shalal Hash Baz, que lhe valem estreia no selo madrileno Acuarela, com o lançamento, num autêntico manual de novas delicadezas, que dá pelo nome de «Felicidades». Guitarras esparsas, vozes sussurradas com naturalidade e sem dramas ou lirismos bacocos, sopros improvisados a adicionar textura e riqueza tímbrica, percussão igualmente aluada e frágil, num balanço mágico controlado pelo sapato de salto de del Pozo. Dos mais interessantes e ignorados escritores de canções contemporâneos na Península Ibérica.

    *************************************************************************
    Terça 19 de Setembro às 22h00
    Big_Tribal_Party_Sessions
    SUNBURNED HAND OF THE MAN
    LOOSERS


    Sunburned Hand of the Man

    Ao lado da No-Neck Blues Band, os Sunburned Hand of the Man têm sido o principal colectivo de «jamouts» provenientes dos Estados Unidos na última década. Ao passo que os primeiros abrem mais o lado interdisciplinar, performativo e exploratório da coisa, os Sunburned são a banda de casamento (literalmente; no final do ano passado editaram a fantástica banda-sonora realizada para uma dessas cerimónias respeitante a um dos membros do colectivo) e de festa. Liderados pela pessoa de Jon Moloney, chegam a dar concertos tanto em trio, como com 15 pessoas em palco, acrescentando manos como Chris Corsano, Pete Nolan (Magik Markers, com quem realizaram uma extensa tour há alguns meses) ou Ben Chasny (Six Organs of Admittance) ao plantel. A par da No-Neck Blues Band e dos Vibracathedral Orchestra, serão das fundamentais propostas de improvisação colectiva dos tempos modernos, vindas do universo das músicas mais marginais (…) passíveis de serem testemunhadas hoje. Foi um dos melhores concertos do ano.


    Loosers

    (…) Têm vindo a documentar o seu trabalho regularmente, primeiro na ZDBmüzique, depois através de vários registos na Ruby Red, na italiana Qbico e na Our Mouth dos Mouthus (com quem fizeram a sua primeira tour europeia, em finais do ano passado). «Otha Goat Head», regresso ao seu próprio selo, é um objecto sonoro fantástico, em CD-R duplo. (…) Os Loosers tornaram-se um exemplo praticamente modelar de engenho, produtividade, trabalho e constante renovação no panorama nacional, e mais que relevante representante de «out-music», em que parte do mundo seja, no underground actual.
    Cada passo público que dão tornou-se um momento tão irrepetível quanto fundamental, no qual é mandatório marcar presença.

    Numa noite de confluências tribalistas contemporâneas da mais alta ordem, esta ocasião foi tudo menos excepção à regra.

    *************************************************************************
    Sábado 23 de Setembro às 22h00
    Variable_Geometry_Sessions
    ORQUESTRA VGO

    A música produzida pela Orquestra da Geometria Variável resulta do jogo do material acústico versus o electrónico, numa contínua busca de pequenos detalhes e significados – o som rompe do silêncio para nele voltar a mergulhar…
    Com esta organização formal do caos, tenta-se aplicar novos conceitos de indeterminação e composição instantânea, através da erupção assimetricamente alternada de momentos de som e silêncio (ausência de som identificável) com predominância para estes últimos, seja pela emissão de sons de características subliminares e psico-acústicas, seja pela completa ausência de sons, permitindo assim aos músicos recuperar o seu ritmo natural de respiração e sentido aleatório de pulsação, bem como escutar toda a espécie de acontecimentos sonoros que estejam a ocorrer nesse preciso momento no espaço envolvente, ou então “simplesmente” escutar o que outro músico tenha começado, entretanto, a fazer, sem a preocupação de responder imediatamente e assim encher de forma inútil o espaço sonoro…

    *************************************************************************
    Quinta 28 de Setembro às 22h00
    Mini_Sessions__Pulsar e Variz apresentam:
    SUTEKH
    BALLET MECÂNICO

    Seth Joshua Horvitz, nasceu em 1973 em Los Angeles, nos E.U.A. Em 1997 lançou o seu primeiro tema como Sutekh e desde então tem editado de forma consistente em editoras importantes (…) a sua impressionante discografia inclui 4 álbuns, cerca de duas dezenas de EPs, participações em compilações e várias remisturas (recentemente compiladas em “Born Again – Collected remixes 1999-2005”).
    Através da manipulação e abuso de computadores, samplers, sintetizadores, vários instrumentos acústicos e found sounds, Horvitz cria música diversa, do house e techno minimais a densas e dissonantes colagens noise. (..) tem actuado ao vivo em contextos tão diferentes como festivais, museus e clubes em mais de 20 países espalhados por quatro continentes. Pela qualidade, originalidade e diversidade da sua obra, Sutekh é frequentemente apontado como uma figura de referência da música electrónica.


    Ballet Mecânico

    O Ballet Mecânico nasceu no início de 2001 enquanto programa semanal na Rádio Oxigénio, em Lisboa, com a declarada intenção de promover as correntes mais marginais da música electrónica. Pouco depois a dupla composta por Nuno Bernardino e Jari Marjamaki (aka dj Yari/Zentex) começou a ser convidada para actuar nalguns bares e discotecas da cidade. (…) Tem participado em inúmeros eventos e festivais como o Finnfest, Semana da Internet (Festival Número), Maio na Europa, Festival em_Trânsito (Goethe Institute), Tour de Cologne e Festival Imago, ao lado de diversos importantes nomes, recentemente regressou à rádio com um programa semanal na Química FM. Enquanto duo de produtores, viu um tema seu ser incluído na banda sonora do filme Night Mode do alemão Graw Böckler editado no DVD Em Trânsito.
    Nesta noite Ballet Mecânico apresentou música electrónica minimal e ritmada, de uma composição espontânea.

    *************************************************************************
    Sexta 29 de Setembro às 22h00
    Bor_Land_Sessions
    OLD JERUSALEM
    PUNY


    Old Jerusalem

    Projecto de Francisco Silva, Old Jerusalem regressou este ano às edições (mais uma vez pela Bor Land), depois de «Twice The Humbling Sun» (registo aclamadíssimo pela crítica, disco do ano em praticamente tudo quanto é publicação nacional), com um split com Bruno Duarte e Puny. «Twice The Humbling Sun», recolha emocional laboriosamente cuidada sob o ponto de vista composicional, é um disco de registo e intimidade distintas, como raras vezes se faz nestes moldes em Portugal, e um sólido disco de canções sem olhar a pontos geográficos. (…) A riqueza harmónica das composições denota ciência, reservada à minoria que sabe encontrar o ameno, onde a timidez consegue brotar com rasgo.
    Do que de melhor se fez e faz na canção portuguesa, em inglês, de regresso à ZDB (já quase que é tradição anual).


    Puny

    Projecto de Ricardo Ramos, também criador enquanto An Octopus In The Bathtub, que após um par de edições na Merzbau, prepara-se na altura para a primeira edição Bor Land, num split com Old Jerusalem e Bruno Duarte. Utilizando uma panóplia de fontes altamente lo-fi, pega na herança deixada pelo Lou Barlow mais esquizóide, Daniel Johnson e Jad Fair, em fragmentadas canções que obedecem a uma estranha lógica de composição, em invulgar sobreposição e encadeamento.

    *************************************************************************
    Quarta 4 de Outubro às 22h00
    Guitarra_Cigana_Livre_&_Original_Kora_Sessions
    SIR RICHARD BISHOP
    BRAIMA GALISSÁ


    Sir Richard Bishop
    Pela segunda vez em 2006 na ZDB depois de um concerto em Março que ficou a ressoar na cabeça de todos os que assistiram ao evento.
    Tem partilhado palcos com Devendra Banhart e Will Oldham. (…)
    Merece todas as salas cheias do mundo, porque existirão pouco músicos tão generosos, virtuosos, livres e universalizantes a pisar palcos. Um verdadeiro mestre contemporâneo.

    Este concerto teve parceria com o Centro de Artes de Sines.


    Braima Galissá

    O Mestre Galissa foi compositor do Ballet Nacional da Guiné-Bissau, responsável Instrumental do mini Ballet Nacional e professor de Kora na Escola Nacional de Música José Carlos Schwarz durante 11 anos. (…) Oriundo de uma família de “djidius” (músicos hereditários), o Mestre Galissá nasceu em 1964 em Gabú no Leste da Guiné-Bissau, capital do antigo império de Gabú (donde advém o próprio nome), sucessora do antigo império do Mali. (…) A música para o Mestre Galissá começou na infância no seio da sua família. Muito antes dos seus tetra-avós que todos na família são “djidius”.
    O Kora envolve misticismo e simbologia. É o instrumento que o acompanha nos espectáculos e é o suporte principal do género musical que interpreta. (…).

    *************************************************************************
    Sexta 13 de Outubro às 22h00
    Rock_And_Roll_Explosion_Sessions
    COMETS ON FIRE
    CAVEIRA


    Comets On Fire

    Mestres, cada vez mais imaculados, de todo o rock que habita o centro da vertigem, acabados de editar o seu quarto disco (segundo pela Sub Pop), «Avatar». Conhecidos pelos seus incendiários concertos, começaram com um álbum homónimo, autêntica explosão de speeds e copos gravado a alta voltagem psicadélica e em suprema trip numa garagem. (…) «Avatar», como todos os discos dos Comets, é um álbum de canções de rock. O que as torna verdadeiramente especiais e frescas é o facto de terem o passado todo na cabeça, mas trazerem ao género toda uma noção de contemporaneidade e modernidade, que é possível ser ouvida pela forma como todos os elementos (voz, guitarras, baixo, processamento de som e bateria) é informada pelo ecletismo e sentido alerta a movimentações mais marginais dos membros da banda. (…) Das nossas bandas rock favoritas, finalmente, e depois de muito tempo de espera, aqui na ZDB, sem dúvida um dos concertos de 2006

    “…Em Outubro na ZDB foi a vez da apresentação ao vivo, e a sala encheu. A banda entregou-se ao público e vice-versa. Houve suor, electricidade, energia”….

    José Marmeleira, in UM- Annus Bizarrus

    Considerado por Tiago Gomes (Um-Annus Bizarrus) dos melhores concertos de 2006.


    CAVEIRA
    O trio lisboeta composto por Joaquim Albergaria (The Vicious 5, Manta Rota), Rita Vozone e Pedro Gomes (Braço, Manta Rota), figuras de destaque numa geração nacional emergente de criadores de músicas livres ligada a formas abertas e músicas marginais, que tem vindo a incendiar palcos com o seu rock improvisado (…) Vieram lançar dois novos álbuns nesta ocasião, um em regime de estúdio e outro gravado ao vivo em concerto, antes de embarcarem numa mão cheia de datas na Península Ibérica a abrir para os Comets On Fire.

    *************************************************************************
    Sábado 14 de Outubro às 22h00
    Phado_Sessions
    LULA PENA

    Lula Pena ouve sons e quer expressá-los através do seu corpo, tendo como instrumento uma voz; como som do rio a tremer, da terra a respirar, do céu a crescer. (…) Musicalmente, pretende mexer na raiz do fado inventado por Amália, na raiz da música inventada por Caetano Veloso e Chico Buarque, na raiz da morna de Cesária Évora, nas raízes Populares de autores anónimos.
    O caminho é muito longo e a vida muito curta, Lula Pena aceita a tragédia e quer protagonizá-la… Hoje lusófona, amanhã árabe, depois africana… Este espectáculo persistiu na descoberta duma identidade universal, através dos sons da música portuguesa, africana, árabe… A fusão musical de raízes comuns e distintas, próximas e longínquas.

    *************************************************************************
    Sábado 21 de Outubro às 22h00
    Garden : Space : Beyond : Sessions

    CONCERTO NO NEGÓCIO
    «Space» (Staubgold, 2006) e «The Tone Gardens» (Creative Sources, 2006), os registos mais recentes de, respectivamente, Rafael Toral e Sei Miguel, são trabalhos de grande importância para os autores e reflectem o momento excepcional que ambos atravessam. O espectáculo
    teve uma relação directa com aqueles discos e celebrou a intensa colaboração entre os dois músicos. Foi composto por três partes, com formações diferentes. (…) «Space» é uma materialização de um futurismo tão delirante quanto genial, que transporta para o presente várias hipóteses tecnológicas desaproveitadas pelo passado do jazz. É um passo tremendo tanto para esse género como para a música electrónica.
    Rafael Toral é dos mais celebrados artistas portugueses em qualquer meio artístico, cujo trabalho tem tido largas repercussões em todo o mundo – conferir, a título de exemplo, o extenso destaque que a revista britânica Wire lhe acabou de conferir. (…)
    Sei Miguel assume-se trompetista, arranjador, produtor e director. A sua música, sendo livre, não corresponde exclusivamente aos cânones do “free”, aos seus arquétipos de abertura e/ou desconstrução, mas descende sim de todas as décadas do jazz. Música pensada e executada com notável propriedade, o jazz que o trompetista pratica, reveste-se de múltiplas singularidades… (…).

    César Burago – percussão
    Pedro Lourenço – baixo eléctrico
    Fala Mariam – trombone
    Sei Miguel – trompete
    Rafael Toral – electrónica

    *************************************************************************
    Quinta 26 de Outubro às 22h00
    Aniversário Sessions 12º aniversário
    VAMPYRIS LESBOS WITH STRIP SHOW MARGOT
    DJ INÊS LAMI + MUSHI
    BLECTUM FROM BLECHDOM


    “…Forma sublime de comemorar os 12 anos de uma galeria que vem trazendo à cidade de Lisboa alguns dos nomes mais importantes do underground actual, actual e onde não há pura e simplesmente, duas noites iguais.”

    Rodrigo Nogueira in UM

    Regresso de Blectum From Blechdom à ZDB. Veículo inicial de Kevin e Blevin Blechdom, formado durante o período de estudo de ambas na faculdade de Mills (onde leccionam Pauline Oliveros ou Fred Frith, a título de exemplo), ajudou a destruir barreiras de seriedade e sismo exacerbado com as quais o IDM foi tantas vezes conotado, e, na viragem do milénio, adensaram o humor, a desconstrução positiva e a construção de festa, com beats, álbuns conceptuais boa onda e constantes pormenores brilhantes de composição no que às electrónicas experimentais concerne. Fizeram parte, com Kid 606, Cex, Lesser e toda a pandilha Tigerbeat 6 desta viragem, e têm vindo, em percursos a solo e em colaborações com outros artistas, a chegar a novos universos de expressão. (…) Como o tempo passou por elas e como elas retomaram o seu registo em conjunto, é algo que o concerto mostrou.

    *************************************************************************
    Terça 31 de Outubro às 22h00
    Bairro Alto Metal Sessions
    NOXAGT
    DAWNRIDER

    © JPA

    © JPA

     

    Noxagt
    Provenientes de backgrounds tão diversos quanto o free jazz e o black metal, os Noxagt editaram no final do primeiro semestre de 2006 o seu terceiro disco, desta feita homónimo, pela Load Records dos Lighting Bolt e dos Sightings. Guitarra seca e de distorção dilacerante, um baixo eléctrico que parece ter o poder de desfazer todos os intestinos do mundo em meio segundo e uma bateria de neandertal sofisticado são receita certa para uma das grandes sessões de «headbanging» do ano. Concerto que foi perfeito para quem admira um ou todos os nomes seguintes: Zu, Burzum, Sonny Sharrock, família Brötzmann, Sabbath ou Kyuss.

    © JPA

    © JPA

     

    Dawnrider
    A história dos Dawnrider inicia-se quando F.J. Dias e J. Barrelas começam a pensar em escrever música lenta e pesada utilizando influência de Heavy dos anos 70 e de Doom (…). Falaram com o baterista dos No-Counts D.O.M., Victor Silver, que entrou imediatamente na banda. Em Abril de 2005 a banda grava as suas duas primeiras canções, co-produzidas por Samuel Rebelo e Ricardo Espinha (que trabalhou com Icon & the Black Roses), e F.J. com Hugo formam o selo de Doom-Metal, denominado Blood & Iron Records, que lançou o 7” EP de estreia dos Dawnrider, num split com a banda de Doom de Maryland, os War Injun, em Junho de 2005.
    Os Dawnrider nascem de um conceito híbrido derivado da sua obsessões pelo Heavy Rock/Psych dos anos 70, admiração por Doom de Maryland, misturado com um vibe de Metal «old school» com uma mensagem positiva.

    *************************************************************************
    Quarta 1 de Novembro às 22h00
    O Cowboy Japonês Sessions
    TETUZI AKIYAMA

    Inicialmente activo em improvisação colectiva com uma passagem pela música de câmara, há mais de dez anos que Tetuzi Akiyama se dedica às músicas experimentais, com particular enfoque na guitarra eléctrica e acústica de cordas de aço. (…)

    Já editou discos de avant-boogie, encontrou autênticos universos novos dentro da guitarra acústica nas suas edições pela Locust (ao lado de Steffen Basho-Junghans, Jack Rose ou Sir Richard Bishop), colabora há anos com Taku Sugimoto e Keiji Haino (nos contextos do Off Site e em psicadelismo pesado, respectivamente), e vai tocando com a nata da improvisação americana (concerto recente com Loren Mazzacane Connors). Um autêntico revolucionário, genial em cada passo, que tivemos toda a honra de ter no nosso aquário.

    Akiyama protagonizou uma actuação absolutamente extraordinária, a mostra a solo, uma autêntica rajada de napalm em forma de boogie eléctrico – entre Masayuki Takayanagi, Magic Sam, Keiji Haino e Henry Flynt -, funcionou como uma orquestra de «overtones» a emitir radiações por cima de um bloco maciço de distorção.

    *************************************************************************
    Sábado 4 de Novembro às 22h00
    Noite as Novas 3ª edição de 2006
    NICOTINE’S ORCHESTRA
    NORBERTO LOBO
    TSUKI
    MOST PEOPLE HAVE BEEN TRAINED TO BE BORED


    Nicotine’s Orchestra

    Nick Nicotine, «frontman», guitarrista e vocalista dos Act-Ups em setup one-man band, aqui na sua faceta particularmente virada para a festa rock’n’roll comunal. Bateria, guitarra e microfone, em «foot stomping» imparável, berraria e celebração como os reis do rock da margem sul nos vêm habituando, aqui em especiais momentos de contínuo hipnotismo garage. Como sempre com este pessoal, trata-se de som mais que aconselhável para fãs dos Nuggets, blues eléctrico de Chicago, copos e boa onda dos 60s como revista hoje pelo outro lado do rio.


    Norberto Lobo

    (…) O trabalho de Norberto Lobo em guitarra clássica, aqui em estreia lisboeta sobre o seu nome próprio, é então um pequeno grande milagre. Tem nas veias, com toda a fluidez e pré-natalidade do mundo, o meta-fado de Paredes, a infinita escola da bossa, o balanço do flamenco ou os blues do Mississipi delta como revistos por John Fahey e Robbie Basho (com respectivas orientalizações). A beleza das peças é desarmante ao ponto de apontarem para a universalidade, a técnica imaculada, o trajecto de potencial enorme e uma já maturada concretização. Este concerto foi algo especial.


    Tsuki

    Ricardo Costa e José Lencastre, os Tsuki, apresentaram pela primeira vez na ZDB o seu trabalho de electrónica improvisada. Utilizando uma primeira fonte acústica – o saxofone -, encontram no processamento electrónico, no «circuit bending» e em material de modulação analógica os meios de materializarem o seu léxico. Trata-se de uma electrónica sem batidas, ligada quase ao «ambient» harmónico (Eno, algum catálogo da Kranky como os Stars of the Lid ou os Philosopher’s Stone), com inflexões jazzísticas pelo meio (está no fraseado de quem toca). Lançaram um CD de pequena tiragem, disponível na Flur e na Trem Azul, e deram nesta noite os primeiros passos ao vivo.


    Most People Have Been Trained To Be Bored
    Gustavo Costa é das figuras mais constantes e coerentes das músicas experimentais do norte do país, (…) Percussionista, docente, compositor e dono do selo de CD-Rs Let’s Go To War, Costa estreia-se a solo pela Bor Land sob o nome People Have Been Trained To Be Bored, com este “Success In Cheap Prices”.(…) Desde explorações de ruído, a processamento de percussão, temas ligados quase totalmente ao domínio da electroacústica (cita como influências maiores nomes como Scelsi ou Xenakis, de resto), a uma peça com Old Jerusalem nas vozes, Costa consegue edificar um mapa rico em alcance estético, de ideias maturadas, execução primorosa e captação excelente, num documento de rara pluralidade de idiomas dentro das músicas experimentais nacionais. Esta noite constituiu a sua apresentação do novo registo, no que foi a sua primeira a data sob esta designação em Lisboa.

    *************************************************************************
    Quinta 9 de Novembro às 22h00
    Só Mais Uma Lágrima Sessions
    CARLA BUZOLICH WITH EVANGELIST BAND
    HRSTA

    © Olhos a Zumbir

    © Olhos a Zumbir

     

    Carla Bozulich with The Evangelista Band
    Carla Bozulich já fez de tudo um pouco, num dos mais estranhos, maravilhosos e heterogéneos corpos de trabalho ligados à canção feita nos Estados Unidos da América da última década e picos. Já teve uma banda de música industrial muito ligada às artes performativas no início dos anos 90. Foi fundadora das mais originais bandas do indie rock da mesma década, os Geraldine Fibbers. Produziu um maravilhoso e perdido disco em duo com Nels Cline (…)Se há algo que une toda esta amálgama de produção será a voz estrondosa de Bozulich, equiparável a uma Chan Marshall nuns dias, a Lydia Lunch noutros e a um estranho cruzamento entre Loretta Lynn e Jarboe em feriados nacionais.
    Apresentando-se em sexteto e em estreia nacional, trouxe este invulgar aglomerado de Diamanda Galás, Godspeed/Silver Mt. Zion, Kurt Weil apocalíptico e «covers» de Low. Um talento raro num momento irrepetível como todos os outros que carregam a sua assinatura.


    Hrsta

    Duo canadiano que já vai no segundo disco de canções de perda, fim do mundo, dor inconsolável e desgraças de toda a estirpe, dispostos a dilacerar os corações mais vulneráveis em noite de melodrama e corações ao alto. Temas lentos e esvoaçantes, num híbrido da escola cataclísmica de Montreal hibridizado com algum do melhor sadcore americano – vide Codeine, Bedhead, Low ou American Analog Set.

    *************************************************************************
    Sexta 10 de Novembro às 22h00
    Avant Methods Sessions
    KEITH ROWE

     

    Protagonista de um currículo que anda perto do domínio do irreal pelo seu volume e mérito, Keith Rowe torna-se cada vez mais uma figura incontornável do pensamento e da prática das músicas experimentais, desde a segunda metade do séc. XX até aos dias de hoje.
    Foi co-fundador dos AMM, grupo de filosofias revolucionárias relativas a todos os capítulos da música, do que é improvisar, do que é a performance, com Eddie Prèvost, Lou Gare e Eddie Prevost como principais intervenientes. Importante influência para os primeiros Pink Floyd, na pessoa de Syd Barrett, no que respeita às reverberações de técnicas experimentais de guitarra e improvisação, dentro do universo de «jam» psicadélica dos PF. Amigo e colaborador (muito mais a nível conceptual do que enquanto intérprete nas actuações propriamente ditas) de Cornelius Cardew. Membro do colectivo de improvisadores MIMEO (onde Christian Fennesz, Rafael Toral e Kaffe Mathews também marcam presença), colaborador regular de Otomo Yoshihide e Taku Sugimoto, co-responsável pela editora Matchless, desenhador, fã de BD, taoista, guitarrista «tabletop», filósofo, e mil e uma outras coisas.
    Do controlo zen sobre rádios baratos que liga em muitos dos seus concertos, à precisão – tanto ao som puro como ao som do acaso – da sua guitarra, que coloca deitada na mesa e processa drasticamente, podemos esperar assistir uma autêntica lição acerca do possível e da liberdade.
    Depois da monumental actuação, há alguns anos, dos AMM no Teatro S. Luiz, Rowe regressou a Portugal a solo na ZDB e com Tomas Korber e Günter Müller na Casa da Música.

    *************************************************************************
    Sexta 17 de Novembro às 22h00
    Rapazes de Lisboa Sessions
    SIX ORGANS OF ADMITTANCE
    JOÃO LIMA

    Six Organs of Admittance
    (…) A relação de Ben Chasny com Lisboa e com a música de Carlos Paredes já foi assumida e vociferada várias vezes em vários contextos, e realmente bate tudo certo. A melancolia, a intensidade, o peso das emoções, a forma de sentir tristeza, paralelos viáveis entre Six Organs of Admittance e Portugal. Dois anos e tal depois volvidos sobre a primeira aparição de Chasny em Portugal na ZDB, esse, continua a ser dos concertos de que mais vezes nos lembram e também um dos que recordamos com mais carinho de tempos recentes.
    (…) conquistou meio mundo do underground do rock’n’roll com os Comets On Fire, tocou dezenas de vezes com David Tibet como parte dos Current 93, e outras tantas como membro da banda de Will Oldham.(…) Posto isto, no palco da ZDB, Ben Chasny, uma guitarra e um microfone, e a certeza que se tornou um monumental escritor de canções, um enorme guitarrista, cuja melomania lhe permite dotar a sua música de uma abertura estética rara neste meio trovadoresco.


    João Lima

    Uma das mais promissoras vozes na guitarra portuguesa, João Lima veio apresentar um solo no dito instrumento. Membro dos O’queStrada, já colaborou com Edgar Pêra, Nuno Rebelo e os Dead Combo.

    *************************************************************************
    Sábado 18 de Novembro às 22h00
    Big Bass Party Sessions
    BURAKA SOM SISTEMA
    DMZ
    SELECTA LEXO


    Buraka Som Sistema feat. Petty (Live act) (PT)
    (…) Para lá da enorme festa que são os Buraka, da Petty ser aquilo tudo e só ter 16, para lá do Kalaf, do Conductor, do Lil’ John e do Riot, Buraka – de Luanda para Lisboa – é som local, é beat local, e é um orgulho ter um som que faz dançar que se acaba e acabou por tornar tão nosso, e que pode ir tão longe para tanta gente.
    Um kuduru que se diz que é progressivo, filho bastardo da ciência dos sub-graves, e que moderniza e torna lisboeta, urbano e contemporâneo o que os kuduristas viram no Miami bass e no house nos anos 90. Ora filho ora irmão do grime, do house, do drum’n’bass, do dancehall, traça linhas fraternas para o dubstep – com quem se vê acompanhado nesta noite. (…) São uma concretização fantástica de uma coisa que já tardava em aparecer, e uma ponte tanto estética quanto social que é das coisas mais porreiras que aconteceu à música (e não só) desta cidade nos últimos anos.
    Buraka a 100%, com todos em palco, a enviar mais uma transmissão para o mundo.

    “ …Em termos puramente musicais, boa parte boa parte do fenómeno deve-se a Buraka Som Sistema. Lil´John, Riot, Kalaf, Conductor, e Petty viram-se em 2006 transformados em agitadores oficiosos de todas as noites de fusão e tolerância.”…

    Pedro Gonçalves in UM- Annus Bizarrus


    DMZ – Digital Mystikz Vs. Loefah feat. MC Sgt. Pokes (UK)
    Descendentes de uma série de linhagens ligadas à música urbana britânica ou nela presentes no último par de décadas (do jungle ao drum’n’bass, do house ao grime às raves), os Digital Mystikz e Loefah encontram-se neste momento num local de destaque duma nova realidade musical – porque também social – eminente. (…) A aclamada revista Wire dedicou-lhes recentemente um artigo, a instaurada editora de música electrónica Warp convida-os para actuarem em eventos, a BBC Radio 1 chamou-os para as «Dubstep Warz» de Mary Anne Hobbs, Ricardo Villalobos passa o recente 12” «Left Leg Out» (dos Digital Mystikz) nos seus sets. (…) Criadores de inovação, originalidade e arrojo, vieram a Portugal enquanto figuras de grande destaque de um dos géneros em que mais se está a avançar na música de dança hoje em dia. Cientistas de «bass pressure», passam o bisturi por beats clinicamente perfeitos e frescos, enquanto disparam linhas secas de synths com uma noção imaculada de «groove». A «bass pressure» num dos seus estados mais elevados ao vivo em Lisboa, nos dias em que o dubstep rebenta.

    “…2006 foi um ano excepcional para o dubstep, o ano da afirmação que muitas pessoas ligadas ao movimento pensavam nunca vir a chegar.”… Nuno Pereira in UM-Annus Bizzarrus

    Selecta Lexo (Raska) (FR)

    *************************************************************************
    Quinta 23 de Novembro às 22h00
    Viva_Reinaldo_Arenas_Sessions

    21h00 Projecção do documentário SERES EXTRAVAGANTES (2004), do realizador cubano Manuel Zayas

    Documentário acerca do processo de marginalização dos homossexuais durante as primeiras décadas da Revolução Cubana narrado pelo escritor Reinaldo Arenas, recebeu vários prémios e menções especiais, entre os quais o Prémio União Latina para melhor documentário no XIV Festival de Cinema e Culturas da América Latina.
    22h00 Apresentação do livro O ENGENHO, de Reinaldo Arenas, pelo poeta Fernando Luís
    Cuba, anos 70. Remontando à época dos Descobrimentos, Arenas traça a história dos dulcíssimos grãos de açúcar, refinados à custa de sucessivas humilhações e variadas formas de opressão, num relato cru e intenso.
    23h00 Café-concerto com Quarteto Latino João Falcato (rumba, son, cha-cha)
    Este quarteto, formado por músicos de quatro nacionalidades (Portugal, Brasil, Cuba e Argentina), e dirigido pelo pianista João Falcato, executa um reportório latino-americano e afro-cubano. Desde o son ao cha-cha, da rumba ao bolero, trouxe-nos alguns clássicos da música tradicional cubana e do universo latino-americano, numa atmosfera de ritmo e rum, de dança e transe de virtuosismo e musicalidade.
    João Falcato é formado em música latino-americana pelo conservatório de Roterdão. Vive actualmente em Portugal e tem um CD editado – Lua Nova –, que gravou em 2004 em Amesterdão.

    *************************************************************************
    Sexta 24 de Novembro às 22h00
    Pop Goes the NYCity Sessions
    RUSTY SANTOS

    Forced Exposure diz, acerca do seu recente «The Heavens»:
    “Rusty Santos é um escritor de canções sedeado em Nova Iorque. Mais do que ser influenciado de forma directa por um único aspecto das suas explorações sonoras, «The Heavens» é uma voz que está filtrada por anos de interesse em tudo, desde minimalismo germânico (Kompakt, etc…) até à actual cena de música experimental novaiorquina, até ao rock melodramático dos Sparks ou de Brian Eno. (…) Apesar de ter uma forma única de se debruçar sobre a canção, a urgência lírica do seu trabalho revela uma homenagem a artistas como Syd Barrett, Neil Young, Ian Curtis ou Violent Femmes. No seu âmago «The Heavens» é essencialmente um projecto de escrita de canções em formato acústico, mas a sua inclinação é em focar-se mais no aspecto de desenho sonoro no processo de composição, tornando «The Heavens» um disco de pop tanto relacionável às orquestrações electrónicas dos OMD como à pop épica do nordeste americano do indie rock dos anos 90.”

    *************************************************************************
    Sábado 25 de Novembro às 22h00
    Guitar God Sessions
    KEIJI HAINO

    © Olhos a Zumbir

    © Olhos a Zumbir

     

    (…)Haino, dos anos 80 para cá, tornou-se num dos mais revolucionários guitarristas pós-Hendrix no rock, ao mesmo tempo que foi lançando todo o tipo de registos: desde solos de voz a solos de percussão; dos muros de som ritualista dos Vajra ao seminal ensemble de free rock Fushitsusha; de discos de guitarra acústica e gritos a colaborações com Loren Mazzacane Connors. Criou uma técnica e um som de guitarra que são em si, um dos mais mágicos buracos negros a chegar-nos do espaço e a passar por uma guitarra eléctrica ligada à corrente. A sua actuação ficou lendária pela intensidade febril e poder sonoro.
    Apresentou-se finalmente em Portugal, com quatro paredes de amplificadores de guitarra ligados em série atrás de si, no ano em que os Fish & Sheep editam o tema “Keiji Haino’s Haircut” no seu LP de estreia «Double Banana», imortalizando um dos cortes de cabelo mais carismáticos da história da música experimental.
    Este concerto teve parceria com Serralves.

    *************************************************************************
    Quinta 30 de Novembro às 22h00
    Os rapazes estão de volta Sessions
    THE PARKINSONS

    A sério. A família mais selvagem do rock’n’roll tuga depois dos Tédio Boys de volta aos palcos, com o Afonso a controlar o microfone (e o resto da cena toda) outra vez, após largos meses de inactividade. Rock como raras vezes ainda se vive, de atitude tão real que quase fica maior que a vida.

    *************************************************************************
    Sábado 2 de Dezembro às 22h00
    New York Husler Sessions
    KID CONGO AND THE PINK MONKEY BIRDS

    O timbre gigantesco da guitarra em afinação aberta de Kid Congo Powers é um dos mais facilmente identificáveis sons na história do rock underground.
    Principalmente conhecido pela sua contribuição ao desenvolvimento do uso contemporâneo da guitarra ambient, noise e rock com os Gun Club, Cramps e com Nick Cave e os Bad Seeds nos anos 80, Kid Congo passou os últimos quinze anos como um «sideman» (com Make-Up, Mark Eitzel, Angels of Light, etc.), como colaborador com Congo Norvell e Kid and Khan, como membro do supergrupo de garage rock Knoxville Girls, e, mais recentemente, como líder de Kid Congo Powers & the Pink Monkey Birds.

    O que é importante acerca do currículo do Kid é que não só ele tocou em algumas das melhores bandas de sempre, como fê-lo nas suas melhoras horas, como em «Psychedelic Jungle» dos Cramps até ao «Tender Prey» do Nick até a «How I Loved You» dos Angels of Light, o Kid sempre teve um dom para estar com as pessoas certas, no sítio certo, na altura certa.
    Depois de editar «Philosophy and Underwear» em 2005, e de, neste ano, ter visto algum do seu prévio trabalho a solo ser complicado pela New York Night Train em «Solo Cholo», veio pela primeira vez em nome próprio a Portugal. Mais uma extraordinária noite na ZDB.
    Considerado por Tiago Gomes (UM- Annus Bizzarus) um dos quatro melhores concerto do ano.

    *************************************************************************
    Quinta 7 de Dezembro às 22h00
    Big Free Sessions
    MOHA!
    CALHAU
    ANTÓNIO CONTADOR
    TRAVASSOS
    MANUEL MOTA


    Moha!

    Duo norueguês de Anders Hana (guitarra; Noxagt, Ultralyd) e Morten Olsen (bateria; Ultralyd), editaram no início de 2006 «Raus Aus Stavanger», estreia em formato áudio CD pela celebrada Rune Grammofon depois de uns quantos CD-Rs que desapareceram rapidamente. Um pouco como os portugueses Fish & Sheep ou CAVEIRA, e pessoas como os Julie Mittens na Holanda, parecem pegar nas manifestações mais livres do rock, do free jazz, e do que mais as margens têm vindo a ensinar, para procurar catarses nas explorações extremas do som dentro de um contexto de música com um pé assente na improvisação e outro na destruição. (..) Adeptos confessos dos ensinamentos de Braxton, Ayler, Coltrane e The Locust, são dos projectos mais maturados e vibrantes do free mais pesado a acontecer no nosso continente – ou em qualquer outro, de resto.


    Calhau! + Antonio Contador + Travassos + Manuel Mota

    Calhau! (João Alves Von Calhauism e Marta Ângela Von Calhauism) manda pedido de amizade pelo myspace até António Contador que não só diz que sim como aproveita para lançar o repto de um concerto em conjunto em Lisboa e outro no Porto.
    No festival Mau em Faro, no início de Novembro, um encontro de novo: Travassos e Manuel Mota convidam, ao jantar e antes do início dos concertos, António Contador a juntar-se à dupla também ela fortuita.
    E naturalmente na ZDB, o encontro em Lisboa, entre Calhau!, António Contador, Travassos e Manuel Mota.
    O apelativo deste agrupamento reside no facto de, primeiro, nunca terem tocado juntos, segundo, apesar de diferenças ao nível das referências musicais e do percurso de cada um, partilham do apelo ao risco e ao equilibrismo. (…).

    *************************************************************************
    Sábado 9 de Dezembro às 22h00
    Italo Gnawa Party Time Sessions
    ANONIMA NUVOLARI
    ASILAH GNAWA


    Anonima Nuvolari

    Anónima Nuvolari é constituída por um grupo de músicos italianos residentes em Portugal e provenientes de diferentes experiências musicais, os quais se juntaram com o objectivo comum da recuperação e valorização do património musical italiano na sua vertente mais alegre e dinâmica.(…) Este foi um concerto contagiante na ZDB.


    Asilah Gnawa

    Formação de músicos e cidadãos marroquinos residentes em Portugal, que apresentou duas partes distintas no mesmo espectáculo, uma totalmente dedicada à hipnose do gnawa, de percussão e cordofones em alinhação cósmica de elementos rítmicos e harmónicos capazes de pôr tanto a cintura no groove como os neurónios às voltas. A outra parte tem que ver com danças tradicionais marroquinas, com cânticos, percussão e sopros, direitinhos da fonte original, sem tretas caucasianas a chatear como tantas vezes acontece neste tipo de formações desterradas.

    *************************************************************************
    Sexta 15 de Dezembro às 22h00
    Psychedelic Icon Sessions
    RED KRAYOLA

    Como figura central têm Mayo Thompson, dos mais originais criadores em som do último meio século americano. Como percurso, simultaneamente um dos mais coerentes e plurais das músicas marginais norte-americanas desde os anos 60. Primeiro enquanto fulcrais actuantes do movimento psicadélico, com duas das grandes obras desse período em «Parable of Arable Land» e «Godbless the Red Krayola and All Those Who Sail With It»; em colaborações com John Fahey; no disco a solo de Thompson, o tão esquecido quando brilhante & alucinado «Corky’s Debt To His Father»; as formações angulares, já com mais groove, dos discos dos anos 70 com os Art & Language; depois n o regresso nos anos 90 de Thompson sob a égide da Krayola, acompanhado pela nata de Chicago dessa década (Jim O’Rourke, David Grubbs, John McEntire …).(…). A recente edição de «Singles», dos Krayola, serve de perfeita introdução e ideal compêndio para relembrar, descobrir ou assinalar a magnânime obra de Thompson, tal como se trata de um pretexto perfeito para a sua estreia em Portugal, acompanhado Tom Watson. Acaba de editar um novo disco, mais uma vez pela Drag City, intitulado «Introduction».

    Este concerto teve parceria com o Teatro Circo de Braga.

    “ …Dois cowboys servem música física a uma entidade abstracta.”

    Jorge Manuel Lopes, in UM- Annus Bizarrus

    *************************************************************************
    Sábado 16 de Dezembro às 22h00
    Cut-Up Extravaganza Sessions
    KUBIK

    © Pedro Polónio

    © Pedro Polónio

     



    Criador, agitador, jornalista e programador de contínua actividade no panorama das músicas experimentais em Portugal (com sede na Guarda) vai para mais de 10 anos, Victor Afonso regressou à ZDB ainda no encalço das apresentações de «Metamorphosia», o seu celebrado registo de 2005, e no mesmo ano em que editou «Infinite Territory» pela hiper-produtiva netlabel testtube.(…) «Metamorphosia» conta ainda com a participação vocal de Adolfo Luxúria Canibal e do moço amigo que dá pelo nome de Old Jerusalem – e a propósito de cantores carismáticos, Mike Patton é, de há já algum tempo para cá, fã do projecto.
    Esta foi a sua primeira actuação em Lisboa em muito tempo.

    *************************************************************************
    Quinta 21 de Dezembro às 22h00
    ZDBeatnik Sessions
    TORA TORA BIG BAND

    Doze músicos de várias nacionalidades juntaram-se numa big band, sobretudo para darem a volta a tradições e devolverem a música à dança, têm praticamente pronto um novo disco e estiveram na Zé dos Bois mais uma vez: são os Tora Tora e tocam música para dançar; uma ideia que tem vindo progressivamente a desaparecer na música das muitas Big Bands e, de certa forma, na maioria dos estilos modernos.

    *************************************************************************
    Segunda 25 de Dezembro às 22h00
    Fucking Christmas desde 2001 Sessions
    THE LEGENDARY TIGERMAN

    © Pedro Polónio

    © Pedro Polónio

     

    5º ano consecutivo de rock e má onda natalícia com Legendary Tiger Man na ZDB
    Proveniente das cinzas da mais mítica banda rock nacional da década de 90, os Tédio Boys, Paulo Furtado tem-se afirmado, ao longo dos anos subsequentes ao terminus do grupo de Coimbra, como uma das figuras mais emblemáticas, visíveis e aclamadas da música portuguesa, através dos Wray Gunn e deste, o seu projecto de «one man band», o alter-ego The Legendary Tiger Man.
    Com quatro álbuns já editados («Fuck Christmas I Got The Blues», de 2003, «Naked Blues», de 2002, «In Cold Blood – A Sangue Frio» em colaboração com o fotógrafo Pedro Medeiros e o mais recente «Masquerade»), Furtado continua aqui a dar continuidade a um evento que já se tornou tradição. Esta actuação do Legendary Tiger Man na Galeria Zé dos Bois foi-lhe entregue, pelo quinto ano consecutivo, na noite de Natal, dia 25 de Dezembro. Furtado, orquestra de um homem só ao bom estilo de Bog Log III (com quem já partilhou palcos além fronteiras), encontrou um Mondego da mente que desagua no Mississipi Delta, rio de mágoa onde Johnny Cash, John Lee Hooker, Robert Johnson e Charlie Feathers um dia beberam. Com a forte crença que os «blues» não conhecem países nem continentes, Furtado ofereceu-se aos que escolheram atender à ZDB para ver um muito especial Pai Natal do rock, sem renas, com um vazio saco de prendas onde cabem todas as suas mágoas e descarga eléctrica.