• CONCERTOS
  • Programação 2009

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    Sexta, 9 de Janeiro às 23h00
    B FACHADA
    B FACHADA, TRADIÇÃO ORAL CONTEMPORÂNEA, Documentário de Tiago Pereira

    © Vera Marmelo

    © Vera Marmelo

     

    “Num impulso construtivo de análise do processo de tradicionalização, um documentarista do tradicional, Tiago Pereira, convida uma princesa da Pop, B Fachada, à auto-reflexão em torno das noções de autoria e criação. É este o ponto de partida.

    Os dois viajam a um centro da Tradição Oral por excelência com o propósito de cruzar o processo estético urbano do músico com a criação comunitária rural; a troca de repertório e de metodologias com as vozes do campo é bem sucedida e acaba por transcender o projecto inicial. Simultaneamente, uma exploração visual do imaginário citadino do B Fachada constrói o paralelo entre a criação colectiva pelo indivíduo da Tradição rural com a criação individual pelo colectivo da Pop urbana.

    A sobreposição da lírica comunitária com a lírica individual, da variação comunitária com a inovação individual levanta questões de interesse generalizado — Como é possível que romances comunitários cantados ha quinhentos anos possam tão explicitamente relacionar-se com canções de autor de há 5 semanas nos métodos e nos propósitos? Como pode a autoria artesanal urbana ser tão semelhante à variação rural da Tradição Oral?

    Salvemos o Giacometti da triste desculturalização rural e mostremos-lhe o frenético comunitário da urbe” (Texto da autoria de Bernardo Fachada)

     

    Entrada : 6 €

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    bado, 10 de Janeiro às 23h00
    GREEN MACHINE
    THE LIVING DEAD ORCHESTRA 

    Green Machine
    Os Green Machine regressam à ZDB para reavivar os céus da tempestade garage-rockcom que nos encharcaram em Dezembro de 2007, numa noite de tumulto partilhada com os pecadores da margem sul Act-Ups.

    João Pimenta (voz), Bruno Costa (guitarra), Ângelo Sousa (baixo) e Pedro Oliveira (bateria) encontram-se a braços com uma excitação sem nome nem lugar, a alma em fogo ateada pelos fantasmas libertinos. De novo, trazem Green Machine Plays Ghost álbum-bomba para rasgar os ouvidos incautos, detonado há alguns meses pela pirómana Rastilho Records.

     

    The Living Dead Orchestra
    Nem vivos nem mortos, os três Living Dead Orchestra voltam à ZDB numa espécie de transe noise rock apodrecido e esfarrapado, à procura de vingança. Estão aqui os Lobster todos e mais um amigo de longa data numa festa catatónica de teclas, bateria e baixo, banda sonora perfeita para os devaneios zombie de George A. Romero ou Herschell Gordon Lewis.

     

    Entrada : 6 €

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    Sexta, 16 de Janeiro às 23h00
    DAMON & NAOMI
    NOISERV 

    Damon & Naomi
    Os sonhos pop de Damon Krukowski e Naomi Yang fazem parte dos nossos sonhos pop. Dos Galaxie 500, a banda mais especial para toda a uma geração que passou tempo demais sozinha no quarto a ouvir música, ao duo que formaram a partir de 1992, Damon e Naomi movem-se pelas fendas entre as palavras, ao som de um caleidoscópio capaz de desarmar a superfície da matéria sensível. O que acontece no interior da música de Damon & Naomi é o que importa.

    Depois de uma primeira passagem em 2006, Krukowski e Yang regressam à ZDB para apresentar “Within These Walls”, o segundo disco da dupla a sair pela sua própria editora, 20|20|20 (atenção também à Exact Chance, outra editora que criaram para a recuperação de literatura experimental descatalogada – do catálogo fazem parte obras de Fernando Pessoa, Salvador Dalí, Chris Marker, John Cage, etc.). Mais Robert Wyatt que Cocteau Twins, os álbuns recentes com a assinatura Damon & Naomi significam-se sem ênfase, ao encontro do essencial, assentes ainda assim na memória fragmentária do que se viveu – que, quando de tempos a tempos recuperamos os vinis dos Galaxie 500, percebemos que foi muito.

     

    Noiserv
    O jogo poético de Noiserv regressa à ZDB com novo capítulo, One Hundred Miles From Thoughtlessness, edição de autor em co-produção com a netlabel Merzbau. Canções feitas de espaços vazios, a remeter para um Scott Walker feito de mil e um fragmentos espalhados por terrenos por cartografar, a música de David Santos (Noiserv é o seu alter-ego) fala do desassossego, é ela própria um desassossego de voz, guitarra, sintetizadores, xilofones e todo um mundo estranho de sons desformatados.

     

    Entrada : 8 €

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    bado, 17 de Janeiro às 23h00
    TRAUMÁTICO DESMAME
    JOSUÉ, O SALVADOR EM BUSCA DA PERDIÇÃO

    Festa de lançamento de um split DVD que reúne as gravações Alergia às proteínas do leite de vaca, dos Traumático Desmame, e Ao vivo no poço, de Josué, O Salvador em busca da Perdição. Ambas as bandas actuarão ao vivo.

    Traumático Desmame
    Regresso à ZDB do sick-adelismo em modo amok dos Traumático Desmame, trio de João Gama (voz), Filipe Leote (baixo) e João Trovão (bateria). Soberanos do mau gosto fascinante, pesados e lentos como os Swans dos primeiros tempos, os Traumático Desmame são noise-rock esquartejado, trip stoner com efeitos secundários severos, a banda sonora imaginada para quase tudo o que Dario Argento se lembrou de filmar.

    Em palco, o estrépito em câmara lenta de Gama, Leote e Trovão é acompanhado por projecções desirmanadas de génios marginais como Jodorowski, Pasolini e outros achados fílmicos de que quanto menos se falar, melhor. Cada concerto é uma experiência única baseada em improvisação total, representando, nas palavras dos músicos, o princípio, meio e fim de uma vida marcada por problemas de saúde. A apresentação preparada especificamente para o nosso aquário intitula-se “animismo, antropomorfismo e artificialismo irreversíveis”.

     

    Josué, O Salvador em busca da Perdição
    Estreia na ZDB do trio conimbricense Josué, O Salvador em busca da Perdição, visionários do psych beirão.

    Possivelmente oriundos do mesmo planeta que Damião Experiença ou Moondog, convocam tudo o que é estranho e faz barulho para uma celebração stoner, na mesma frequência usada pelos britânicos Hawkwind ou pelos britânicos Black Sabbath. Para abanar a cabeça determinadamente, mas devagar.

     

    Entrada : 6 €

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    Sexta, 23 de Janeiro às 23h00
    ANONIMA NUVOLARI 

    Anónima Nuvolari é constituída por um grupo de músicos italianos residentes em Portugal e provenientes de diferentes experiências musicais, os quais se juntaram com o objectivo comum da recuperação e valorização do património musical italiano na sua vertente mais alegre e dinâmica.

    O conjunto é constituido por cinco músicos (acordeão e voz, guitarra e voz, sax soprano, contrabaixo, percussão). O repertório proposto pela Anónima Nuvolari afunda as suas raizes na música popular e consiste numa viagem através dos últimos 50 anos da canção italiana: tendo como ponto de partida o Maestro napolitano Renato Carosone, passa-se por referências como Fred Buscaglione ou Adriano Celentano, para chegar até autores contemporâneos entre os quais estão Paolo Conte e Vinicio Capossela, mantendo contudo uma continuidade artística baseada numa interpretação cheia de genuinidade e generosidade. (Texto da autoria dos músicos)

     

    Entrada : 6 €

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    bado, 24 de Janeiro às 23h00
    LULA PENA & NORBERTO LOBO 

    A convite da ZDB, Lula Pena e Norberto Lobo encontram-se pela primeira vez em palco para um concerto em conjunto, concretizando os esboços traçados num breve e fortuito encontro na edição de 2008 do Festival Bom, no Barreiro.

    O acaso juntou-os, e juntos descobrem agora as palpitações da forma, estabelecem cadeias de relação, encadeiam experiências na procura da emoção pura. Voz e guitarra que ficam na pele, como se tivesse sido sempre assim, como se não pudesse ser de outro modo.

    © Vera Marmelo

    norberto
    © Vera Marmelo

    Entrada : 10 €

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    Sexta, 30 de Janeiro às 23h00
    The_world_is_sick_so_kiss_me_quick_sessions
    EVANGELISTA
    CHES SMITH 

    © Vera Marmelo

    © Vera Marmelo

     

    Evangelista
    Carla Bozulich apresenta na ZDB a sua banda Evangelista, grupo que fundou a partir de digressões constantes com um núcleo recorrente de músicos que inclui Tara Barnes, Dominic Cramp e Ches Smith. Figura absolutamente iconográfica da cultura marginal norte-americana ao longo das duas últimas décadas, com extenso currículo não apenas na música exploratória mas também nas artes performativas e na literatura outsider, Bozulich regressa a Lisboa com o álbum-catarse “Hello Voyager”, editado em 2008 pela canadiana Constellation (Godspeed You! Black Emperor, The Silver Mt. Zion, etc.). Momento maior de uma discografia complexa, “Hello Voyager” é um disco de estranhas dicotomias, uma crua odisseia emocional por territórios country sufucantes de espaço.

    Não existem travões na música de Carla Bozulich. O modo como desventra a canção americana num espanto de voz e guitarra coloca-a na mais alta das ruínas, algures no cruzamento entre Patti Smith e Jarboe, como alguém que compreende que a música não é nada se não for perigosa. Experimentem, se conseguirem, deter uma mulher que viaja assim.

     

    Ches Smith
    Percussionista norte-americano com presença destacada nas novas músicas subterrâneas, Ches Smith contrabandeia entre o fora e o dentro do ritmo. Ainda que a sua natureza criativa seja amplamente colaborativa (para terem uma ideia, trabalhou nos últimos anos com Jandek, Mr. Bungle, John Tchicai, Xiu Xiu, Fred Frith, Evangelista, entre muitos outros), Ches Smith apresenta-se na ZDB a solo, com o projecto Combs For Brums, uma perfomance em bateria e vibrafone que recusa unir os pontos, abrindo-se para toda uma nova ordem de experiências. Deixem-se ir.

     

    Entrada : 8 €

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    Sexta, 6 de Fevereiro às 23h00
    DJUMBAI JAZZ

    “Maioritariamente constituído por músicos de origem griot, corre-lhes nas veias a música clássica, delicada e contemplativa da cultura milenar e nobre do império mandinga. Galisa é o principal encantador ao tecelar de forma virtuosa melodias de seda na sua kora. A ligação estética, melódica e técnica com tantos outros intérpretes – Toumani Diabaté, Ballaké Sissoko, Djeli Moussa Diawara, Mory Kante – é inevitável. Já na guitarra eléctrica de Sidi, reflecte-se o sol e a areia abrasadora e infinito espaço a céu aberto do deserto do Sahara, trazendo consigo toda a carga emocional dos blues dos nómadas – Tinawiren, Tartit – e do mestre Ali Farka Touré. Maio Coope, cantor e percussionista, vai dando uns safanões ao intimismo instalado, misturando e dançando ritmos frenéticos de gumbe, que o outro percussionista – Cabum – tão bem alimenta. Os elementos não estão sozinhos e há uma agradável interacção com outros músicos.” In Crónicas da Terra

    Maio Coopé voz principal, cabaça
    Sadjo Cassama guitara eléctrica, voz
    José Braima Galissá kora
    Cabum percussão, djembe, voz

     

    Entrada : 6 €

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    bado, 14 de Fevereiro às 23h00
    What_you_save_in_the_lightning_will_last_pure_forever_sessions
    U.S. GIRLS
    COCLEA 

    U.S. Girls
    Um tumulto electroacústico ressoa pelas paredes, invocando tanto o hospício sintetizado dos Suicide como os fantasmas psicadélicos de Brigitte Fontaine. O epicentro do motim situa-se na cabeça acelerada de Megan Remy, rapariga norte-americana escondida por detrás do moniker U.S. Girls.

    Voz, teclados e toda uma parafernália processadora salva de uma condição de desperdício apontam para um vasto cenário experimental, onde a atracção pelo lado escondido da cultura pop (pensem também em Sonic Youth circa “Bad Moon Rising” e Throbbing Gristle circa “The Second Anual Report” lado a lado com versões luciferinas de Bruce Springsteen, Kinks ou Ronettes) é motivo central. “Introducing”, editado há alguns meses pela radiante-até-ao-osso Siltbreeze (Times New Viking, Sic Alps, Alan Licht, Eat Skull, Dead C, etc.), foi das melhores coisas que aconteceu à folk-que-caiu-com-grande estrondo-no-caldeirão-dos-ácidos nos últimos anos – venham confirmar.

     

    Coclea
    Os planetas alinharam-se, Guilherme Gonçalves inseriu as coordenadas e eis a nave Coclea a sobrevoar mais uma vez a ZDB para nova sessão cósmica de guitarras e electrónicas em circunvolução constante. Sob uma camada densa de loops processados em tempo real, a remeter para outros exploradores do arco-íris hipnótico como Sonic Boom ou Kevin Shields, pulsa aqui algum do mais vital psicadelismo contemporâneo a tremular em Portugal – “Beams”, o novo disco, acabado de sair pela Rafflesia Records (Phoebus, CAVEIRA), é disso exemplo maior.

     

    Entrada : 8 €

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    Sexta, 20 de Fevereiro às 23h00
    Secrets_in_the_open_sea_sessions
    RODRIGO AMADO MOTION TRIO

    Agitador incansável do jazz contemporâneo português, o improvisador Rodrigo Amado tem sido uma presença regular na ZDB desde há vários anos, como líder ou fazendo parte de um sem número de diferentes formações. Para esta noite Amado traz-nos o seu recente Motion Trio, onde o saxofonista é acompanhado na criação de novos sons por Miguel Mira em violoncelo e Gabriel Ferrandini na bateria.

    Colaborador de outros compositores em tempo real como Adam Lane, Kent Kessler, Paal Nilssen-Love, Rafael Toral ou Manuel Mota, Rodrigo Amado toca saxofone desde os 17 anos, preferencialmente alto ou barítono. A sua discografia conta com mais de vinte referências, com tendência para aumentar: para 2009 estão para já previstas quatro novas edições: trio com Kent Klesser e Paal Nilssen-Love, quarteto com Taylor Ho Bynum, John Herbert e Gerald Cleaver, novo disco com os cada vez mais recomendáveis Lisbon Improvisation Players e a estreia em disco deste Motion Trio.

    Rodrigo Amado saxofone
    Miguel Mira violoncelo
    Gabriel Ferrandini bateria

     

    Entrada : 6 €

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    bado, 21 de Fevereiro às 23h00
    A NOITE ÀS NOVAS:
    HÜSQVARNA
    O SEM DEDOS
    THE SPRING MOUNTAIN FARMERS 

    Noite às Novas porque a música é nova, sem passado conhecido. Começa a acontecer agora.

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    Hüsqvarna
    Oriundos do metacontinente Varna, o quarteto Hüsqvarna fundou a música geovaginologista e foi acusado de admirar os épicos cósmicos de Popol Vuh e os torpes Sleep. A sua música prende-se com o drone, as vibrações dos cristais de muco que constituem a paisagem de Varna, e a construção de epopeias musicais que narrem as suas peregrinações, numa linguagem melódica que plana entre o psicadélico e o litúrgico.

    Tocam pela primeira vez na ZDB, apresentando a peça “Primeiro Registo Mucositográfico captado em Massivunt Föfiniert, o 10º Berço Geovaginológico de Varna. Texto da autoria dos músicos

    Ardo Fitzcarraldo Zilef guitarra & voz
    Frunz Peturz guitarra
    Juhn Truverg bateria
    Richeeirt Mortans batera

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    Mão Sem Dedos
    Mão Sem Dedos é um quarteto de Setúbal ocupado a desmembrar o esqueleto rock com ideias de novos sons, acumulados e espalhados ao longo de várias dimensões conceptualizadas. Quando aceleram, lembram por vezes uma versão actualizada/avariada dos Devo (admitidamente sem tanta focagem na vertente espampanante) ou a algo entre o novo-primitivismo dos Gang Gang Dance e a electrónica mutante dos Black Dice. Quando mais demorados, remetem para o imaginário cinematográfico da ficção cientifica mais existencialista (a boa: Solaris, Alphaville, Blade Runner, THX 1138…). Esta será a primeira actuação pública do grupo – sentimos que vem aí um concerto eu-estive-lá.

    J.S guitarra elétrica, processador de efeitos
    M.F sintetizador, teclas, kazoo, harmónica
    P.S baixo, caixa de ritmos, samples, voz
    Z.V bateria, percussão, pau da chuva, efeitos vocais

     

    The Spring Mountain Farmers
    Duo portuense de guitarra e guitarra, os Spring Mountain Farmers apresentam pela primeira vez em Lisboa a sua pop feita de uma tristeza que se aligeira (até chegar ao sorriso), aqui e ali reminiscente dos britânicos Opal. Desprendidas, assimiladas de vestígios entre o acústico e o eléctrico (eléctrico-electrónico), as composições do grupo abrem-se ao espaço envolvente e prolongam-se nele ao longo da claridade da manhã, ensaiando a desfocagem da recordação.

    Bruno Dias guitarras
    João Maia guitarras

     

    Entrada : 6 €

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    Segunda, 23 de Fevereiro às 23h00
    Carne_Vale_sessions
    FARRA FANFARRA

    A ZDB em festa de Carnaval com as músicas folclóricas da Farra Fanfarra. Do Norte de África à Europa de Leste, da bela Itália à América do Sul, passando pelo Médio Oriente, a Farra Fanfarra abana o globo terrestre até as fronteiras se transformarem numa confusão de ritmos e cores inebriantes.

     

    Entrada : 6 €

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    Quinta, 05 de Março às 23h00
    Feel_the_love_generation_sessions
    ALAN SILVA & BURTON GREENE 

    Dois dos mais geniais insurrectos da história do jazz, Alan Silva (contrabaixo, sintetizadores) e Burton Greene (piano, sintetizadores) exploram há mais de cinquenta anos todo o campo de possibilidades criativas. Figura nucleares do desenvolvimento identitário do free-jazz – leia-se Nova Iorque, anos 60 –, Silva e Greene formaram em 1963 o Free Form Improvisation Ensemble, pioneiro colectivo centrado nas novas ideias de livre improvisação e composição espontânea. Ao longo dessa década definidora, tanto um como outro gravaram em nome próprio álbuns lendários para a ESP-Disk (“Skillfulness”, “The Burton Greene Quartet”), participando também noutras gravações em sessões lideradas por visionários como Sun Ra, Cecil Taylor ou Albert Ayler e actuando regularmente em espaços como o mítico Judson Hall.

    Alan Silva, baixista, pianista, etc., tem vivido em Paris desde os anos 70. Aí juntou a fantástica Celestial Communication Orchestra, um delírio multi-instrumental virado para os céus onde todos os vanguardistas expatriados dos EUA encontraram refúgio (Dave Burrell, Lester Bowie, Gracham Moncur III, Steve Lacy, entre muitos outros), e cujo fogo pode ainda hoje ser escutado nas gravações feitas para a BYG-Actuel (“Lunar Surface” e “Seasons”). Nos últimos anos tem multiplicado a sua cadeia de relações, actuando tanto a solo (o público da ZDB experienciou-o assim em 2005) como num conjunto de diferentes formações.

    Burton Greene, pianista de dedos místicos, experimentador das múltiplas capacidades dos sintetizadores, também vive na Europa há quase quatro décadas. Activo num sem-número de frentes, tem editado recentemente, através da Tzadik de John Zorn, espantosas sessões imbuídas na tradição musical Klezmer, na qual se envolveu a partir da década de 80.

    Testemunhas heterodoxas em permanente descodificação, Alan Silva e Burton Greene são o fulgor criativo de quem soube reajustar a sua existência ao longo do tempo. São pura magia. Nada mais importante que isto vai acontecer em Lisboa nos próximos tempos.

     

    Entrada : 8 €

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    Sexta, 06 de Março às 23h00
    BUNNYRANCH c/ Tó Trips 

    bunnyr


    Noite de excessos na ZDB com a caravana coimbrense de rock inflamável Bunnyranch a espalhar brasas. Com Tó Trips (Dead Combo) a juntar-se excepcionalmente ao grupo na guitarra eléctrica, a banda do ex-Tédio Boys Kaló apresenta pela primeira vez em Lisboa o seu último EP, “Teach Us Lord…”, o mais recente capítulo de uma história de pecado, suor e pensamentos lascivos, sempre entre o Mondego e o Mississipi.

     

    Entrada : 6 €

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    KEVIN BLECHDOM & BARN WAVE
    RITA BRAGA
    MARTÍRIO BATISTA  (Dj set) 

    KEVIN BLECHDOM & BARN WAVE
    Senhora de uma ética muito pessoal, a norte-americana Kevin Blechdom vive de ser diferente, viajando ao ritmo da sua própria fantasia. A solo, enquanto metade dos delirantes Blectum From Blechdom ou colaborando com outros insubordinados como Dat Politics, Chicks On Speed, Kid606 ou Max Tundra, Blechdom alimenta de sorriso malicioso nos lábios uma contínua confrontalidade expansiva no seu relacionamento orgânico com as artes electrónicas. É dr. Jykell e mr. Hyde AO MESMO TEMPO, a TODO o tempo.

    Em vésperas do Dia Internacional da Mulher, Kevin Blechdom apresenta pela primeira vez na ZDB o projecto Barnwave, colaboração high-tech-country / wireless-ragtime com Christopher Fleeger. Soa fora no papel e, acreditem, ainda não viram nada.

     

    RITA BRAGA
    Seguramente uma das mais relevantes criadoras de canções do novo século português, Rita Braga regressa à ZDB num período em que as suas pesquisas sobre os folclores tradicionais assumem inegavelmente uma fortíssima dimensão autoral. Como Samara Lubelski ou Heather Leigh Murray, Rita Braga procura o novo avançando por entre um misterioso cerco etnomusical.

     


    MARTÍRIO BATISTA (Dj set)
    Martírio Baptista é um dos muitos heterónimos criativos de Marta Von Calhau (da dupla Calhau! que forma com Alves Von Calhau), aqui convocado para uma perfomance gira-disquista feita de invocações e celebrações várias.

     

    Entrada : 8 €

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    Quinta, 12 de Março às 23h00
    FABULOUS DIAMONDS
    TROPA MACACA 

    Fabulous Diamonds
    Estreia em Portugal do duo australiano Fabulous Diamonds, em data única na ZDB. Oportunidade irrepetível para experienciar no momento certo a maior aventura a acontecer presentemente no campo das músicas avançadas.

    Entendendo-se num patamar de pesquisa universal, o ruído psicadélico dos Fabulous Diamonds aprofunda a névoa ritualista dos Gang Gang Dance potenciando cruzamentos hipnóticos reminiscentes da electrónica depurada dos Liquid Liquid e do dub opaco dos Public Image Ltd. Como se as trips marroquinas de William Burroughs se metamorfoseassem emaranhadas no minimalismo narcótico dos Velvet Underground, a procura dos Fabulous Diamonds ultrapassa as margens da imprevisibilidade. Eles são o depois autêntico do depois-punk, e, como se ouve no primeiro álbum do duo, editado recentemente pela editora norte-americana Siltbreeze (Dead C, Times New Viking, Alan Licht, Charalambides, etc.), a imaginação é o todo da experiência.

     

    Tropa Macaca
    Desconstruído a partir de uma confluência de electrónicas camufladas, guitarras eléctricas e vocalizações processadas, o duo nortenho Tropa Macaca (Joana da Conceição e André Abel, este também dos Aquaparque) edifica camadas justapostas de ruído seminal nunca antes ouvidas em lugar algum. Depois de lançamentos em editoras como a Qbico e Ruby Red (“Fiteiras Suadas” e “Marfim” respectivamente, ambos discaços), os Tropa Macaca apresentam desta vez fragmentos do seu último álbum, a sair brevemente pela norte-americana Siltbreeze.

     

    Entrada : 8 €

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    Sexta, 13 de Março às 23h00
    MATT ELLIOTT
    MICHEL HENRITZI & KUMIKO KARINO 

    Matt Elliott
    Na linha da frente da experimentação britânica desde a década de 90, primeiro com os Flying Saucer Attack e posteriormente sob a designação The Third Eye Foundation, Matt Elliott tem vindo ao longo dos últimos anos a aprofundar o seu relacionamento com a estrutura convencional da canção, desarranjando-a o suficiente para criar um corpo de trabalho único e inimitável.

    As canções avariadas de Matt Elliott falam connosco, ou contra nós. “Howling Songs”, o seu último álbum, editado há poucos meses pela insuspeita Acuarela e fundamento para este regresso ao palco da ZDB, é provavelmente o seu registo mais introspectivo – amor e ódio em camadas de som sobrepostas (por vezes sente-se um sombreado de Robert Wyatt ou mesmo Peter Hammill) à beira de um vulcão activo, palavras cruas em erupção incontida numa catarse redentora.

     

    Michel Henritzi & Kumiko Karino
    Estreia do improvisador francês Michel Henritzi na ZDB. Em colaboração com o artista visual japonês Kumiko Karino, que irá delinear em tempo real um conjunto de projecções do seu trabalho fotográfico, Henritzi apresentar-se-á em guitarra eléctrica, instrumento através do qual explora há quase três décadas as ligações primitivas entre o blues e a folk – uma busca sensorial fora do tempo que o aproxima de outros verdadeiros originais como Loren Mazzacane Connors ou Tetuzi Akiyama, este último seu cúmplice regular.

     

    Entrada : 8 €

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    Sexta, 20 de Março às 23h00
    THE BUG feat. FLOWDAN
    ESCRAVOS DE ZONK 

    É com muita pena que anunciamos o cancelamento da actuação de THE BUG feat. FLOWDAN. Pedimos muitas desculpas por este incómodo. Quaisquer questões que tenham quanto a este assunto, por favor enviem para [email protected].

    The Bug feat. Flowan
    The Bug faz a música mais importante de hoje. Dancehall, grime, hip-hop, noise, dubstep – os insectos são o grupo mais diversificado existente no planeta. Entre o viver a cidade e o viver na cidade, o londrino Kevin Martin (The Bug é o seu alter-ego) representa uma ideia de som urbano exacto – beats multiculturais metralhados sem hesitações, sem medo, sem tempo a perder.

    “London Zoo” (Ninja Tune), editado no final do ano passado, é o mais recente mistério acontecido desta história (que é também uma história de como Londres fez sua a música jamaicana que lhe chegou). Uma raiva – política mas sobretudo social, sobretudo concreta – densa, envolvente, trespassa as suas doze faixas, mas não desagua no ódio. A mensagem de The Bug é de triunfo, de auto-confiança. Pensem nisto: quantas vezes não dão a ouvir aquela que é de facto a música do nosso tempo?

     

    Entrada : 12 €

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    Sábado, 21 de Março às 23h00
    SHELLEY HIRSCH
    DUO JER & MARTA MENDES 

    Shelley Hirsch
    Artista total, com extenso currículo tanto na música como nas artes performativas, a nova-iorquina Shelley Hirsch tem vindo desde os 1970’s a criar um corpo de trabalho absolutamente singular. As suas peças, no fundo plataformas multimédia de expressão em tempo real, situam-se no centro de um campo de possibilidades infinitas, para além de formas e géneros classificáveis.

    Um pouco como Laurie Anderson, Hirsh é essencialmente uma experimentadora das suas imensas capacidades vocais associadas a uma ideia narrativa, e é expectável que seja esse o elemento basilar da sua actuação na ZDB. Como podemos ouvir em “O Little Town of East New York”, o seu último álbum, inserido na série Radical Jewish Culture da editora Tzadik (fundada e gerida por John Zorn), estamos perante uma criadora de situações onde a instabilidade – composicional, emocional – é o elemento fundamental de uma consciência altamente perceptiva que tudo muda e tudo reinventa.

    Um dia depois do concerto, a 22 de Março, Shelley Hirsh realiza na ZDB um workshop de técnicas vocais intitulado “Locating Your 1000 voices”:

    LOCATING YOUR 1000 VOICES – Workshop de Técnicas Vocais
    22 de Março, Domingo das 13h00 às 19h00

    Os formandos serão convidados a explorar um leque alargado de técnicas vocais, criando narrativas com linguagem real ou imaginada, trabalhando para aceder a um fluxo de consciência através do desbolqueio da imaginação e do corpo ( que é o maior gravador e armazém de memória ).

    Concepção e orientação: Shelley Hirsch

    Destinatários: O workshop dirige-se a cantores, actores, escritores, músicos, bailarinos, e a todos o que querem gerar ideias / observar o mundo experimentando perspectivas diferentes através da observação, audição, e localização do som dentro e fora do corpo.

    mero máximo de participantes: 15

    Para se inscrever, envie um email para [email protected]

     

    Duo Jer & Marta Mendes
    Fundado em 1990 e desde sempre coordenado por José Eduardo Rocha, o Ensemble JER (“Os Plásticos de Lisboa”) é como nenhum outro: interpreta reportórios para instrumentos de plástico (geralmente entre a música clássica e contemporânea). A apresentação na ZDB, sob a designação Duo JER, intitula-se “Cantos de Amor” e inclui peças de Steve Reich, Bela Bartok, Erik Satie e do próprio José Eduardo Rocha. Marta Mendes é a convidada especial desde concerto plástico de reciclagem eterna.

    Formação: José Eduardo Rocha melódicas e clarinas Hohner e Thomann, KillerKlave, voz, violino Chicco; Vasco Lourenço órgãos Antonelli e Bontempi, KillerKlave, clavinova e piano. Participação especial Marta Mendes

     

    Entrada : 8 €

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    bado, 28 de Março às 23h00
    The Ruby Suns

    Originários do mesmo caleidoscópio que reflectiu a luz vibrante dos Beach Boys e dos United States Of America, os neozelandeses Ruby Suns estreiam na ZDB a sua pop psicadélica feita de raios multiculturais a espraiarem-se pelas ondas de som do pacífico sul.

    “Sea Lion”, o segundo álbum da banda, editado o ano passado pela lendária Sub Pop, sintetiza de forma genial a ideia global que enlaça estas composições (Ryan McPhun, fundador da banda, natural da Califórnia, também viveu no Quénia e na Tailândia e isso nota-se). Da soma de experiências e mundos, os Ruby Suns acrescentam sucessivamente anexos de formas e dimensões variáveis à canção perfeita – uma construção sem fim (os Animal Collective também a fazem) para ficar na história da música popular.

     

    Entrada : 10 €

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    Sexta, 03 de Abril às 23h00
    FLU
    LUÍS LOPES & GABRIEL FERRANDINI

    Flu
    Os FLU têm uma linguagem poderosa e meticulosamente preversa. O ambiente suspenso e tenso evolue para um caos explosivo como se de um ritual apocalíptico se tratasse. A energia contida numa penumbra crescente, estática ou generadora exerce um efeito hipnótico e tende à massificação de tonalidades excessivas e extasiantes. O “noise”, o Jazz ou mesmo o Rock são heranças que não desprezam mas os FLU procuram a expressão de uma música guerreira onde as conquistas ou derrotas não se invocam em harmonia mas sim em relatividade.

    Neste concerto apresentam-se ao vivo com o convidado João Castro Pinto, artista sonoro cujo trabalho, desenvolvido ao longo da última década, oscila entre o experimentalismo electrónico / electroacústico, a soundscape composition e o noise. Texto da autoria dos músicos

     

    Luís Lopes & Gabriel Ferrandin9
    O guitarrista Luís Lopes (Humanization Jazz Quartet, LopesLaneFoni, colaborador de Sei Miguel e Joe Giardullo, entre tantos outros ), associa-se a Gabriel Ferrandini (baterista de Red Trio, colaborador de Rodrigo Amado e de tantas, tantas formações ad hoc a trabalhar o Free) para um duo eclético de improvisação e imprevisibilidade totais sem preconceitos nem requisitos formais preconcebidos.

     

    Entrada : 6 €

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    bado, 04 de Abril às 23h00
    Abertura de portas das residências de Artes Visuais

    Ana Teresa Antunes, António Poppe, Catarina Dias, Eduardo Matos, Gabriel Abrantes, Gonçalo Pena, Hugo Canoilas, Jirka Krotrla, Lígia Afonso, Calhau!, Radoslav Zrubec, Sara & André e Tiago Batista ocuparam as salas de exposição da Galeria Zé dos Bois para mais uma Residência de Artes Visuais ZDB.

    Nos próximos dias 4 e 5 de Abril de 2009, haverá uma abertura de portas ao público. A noite de sábado será de festa, com performance de Calhau!, recital de poesia da responsabilidade de António Poppe, canções de Gabriel Abrantes e a folia de Bandido$.

     

    Entrada : Gratuita

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    bado, 11 de Abril às 23h00
    zdb_goes_rap_sessions
    CAPICUA goes Preemo
    Martataca
    + Convidados: Supremo G, Deau, Jêpê & Seada
    Dj’s D-one & Sir (

    O hip hop regressa à ZDB com pronúncia do Norte!

    Capicua e M7, acompanhadas por dj D-One, são duas das mais activas mc’s da cena hip hop nacional. Membros de Syzygy, banda de hip hop feminino do Porto que prepara actualmente o seu primeiro album de originais, têm repartido o seu tempo por alguns exercícios individuais ou em colaboração com outros artistas. A disponibilização gratuita, através da net, de ep’s e mixtapes criou um crescente burburinho em torno de Capicua e M7, exigindo a estreia da dupla em Lisboa!

    No início de 2008, Capicua e D-One associaram-se a Auge para o projecto Mau Feitio, do qual resultou um EP homónimo. Seguiu-se “Capicua goes Preemo”, mixtape temática dedicada ao mítico produtor nova-iorquino responsável, em conjunto com Pete Rock e outros, pela definição do som clássico do boom-bap NYC. Apostando num registo diversificado, apesar de essencialmente centrado em punchlines, Capicua “cospe rimas” por cima de beats lendários como “Skills” ou “You Know My Steez” (dos Gang Starr) ou “Mc’s act like they don’t know” (KRS-One), evidenciando a sua versatilidade estílistica e o cuidado na construção lírica – cujo difícil equilíbrio é explicado em “Estilista” – ao longo dos oito temas de “Capicua goes Preemo”.

    Já a mixtape “Martataca” de M7 revela os skills de uma MC eclética – com beats tão diversos que vão desde “Paparazzi” de Xzibit a “Beautiful” de Damian Marley, passando por “Break ya neck” de Busta Rhymes -, com língua afiada e flow veloz. Rap real e frontal, que não deixará ninguém indiferente!A abrir as hostilidades, quatro MC’s acompanham Dj Sir: o veterano Supremo G e três das novas promessas nortenhas: Deau, Seada e Jêpê. Cada um com o seu próprio estilo, conjuntamente procurarão demonstrar porque o hip hop do Porto não está, de modo algum, morto!

    Texto da autoria de Pedro Quintela

     

    Entrada : 6 €

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    Sexta, 17 de Abril às 23h00
    Concerto de Inauguração da Exposição “À Esquerda da Esquerda”
    JP Simões

    A propósito da inauguração da exposição de artes visuais “À esquerda da esquerda”, JP Simões apresenta em concerto de entrada livre “Boato”, o seu novo disco. Gravado ao vivo o ano passado no Jardim de Inverno do Teatro São Luiz, em Lisboa, “Boato” olha para trás com a cabeça posta no que há-de vir – entre temas dos últimos dez anos de canções estão doze composições nunca antes gravadas. JP chama-lhe “um trabalho de transição entre tudo o que produzi até 2008 e qualquer coisa absolutamente diferente que anseio em fazer para breve, ou para quando calhar, considerando que ainda não faço ideia do que seja”.

     

    Entrada : Gratuita

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    bado, 18 de Abril às 23h00
    PETER WALKER
    OLD JERUSALEM

    Peter Walker
    O guitarrista norte-americano Peter Walker é uma das maiores histórias por contar dos 1960’s. “Rainy Day Raga” (1967) e “Second Poem to Karmela” (1969), os dois álbuns que lançou nessa década através da mítica Vanguard, abanaram o mundo pela forma como fundiram a tradição folk americana com as ragas indianas de Ravi Shankar ou Ali Akbar Khan. Tecnicamente irrepreensível, Walker soa como nenhum outro (antes ou depois), desenhando nas cordas de nylon um infinito desdobramento de soluções – dedos feitos asas num universo mitológico. Nada surpreendentemente, Ben Chasny (Six Organs Of Admittance) refere-o frequentemente como a sua maior influência, à frente de John Fahey e Robbie Basho.

    Com o fim dos anos 60 e o eclipse da geração LSD Peter Walker desapareceu gradualmente de cena. Pouco ou nada se soube durante quase quatro décadas até que em 2007 Joshua Rosenthal da Tompkins Square Records organizou o álbum-tributo “A Raga for Peter Walker”, com a participação de Thurston Moore (Sonic Youth), Jack Rose, James Blackshaw, Robbie Basho-Junghans, entre outros. Na sequência do apoio de toda uma nova geração de entusiastas da guitarra, Walker regressou o ano passado ao estúdio, gravando (também para a Tompkins Square Records) o transcendental “Echo of my Soul”, onde é notório o seu crescente interesse pela guitarra flamenca. Já este ano editou “Lost Tapes 1970”, disco que reúne um conjunto de antigas gravações inflamadas e que justifica a actual digressão europeia – uma trip mágica que a ZDB recebe em estado de graça.

     

    Old Jerusalem
    Francisco Silva é Old Jerusalem. É economista de profissão. “Two Birds Blessing” o novo disco.
    É raro encontrar um artista português que chega ao quarto album e que consegue olhar para o seu passado discográfico com sentimento de missão cumprida. “April” de 2003, “Twice the Humbling Sun” de 2005 e “The Temple Bell” de 2007, afirmam-no como um dos melhores letristas e compositores portugueses deste novo século. As suas melodias são de uma naturalidade e fragilidade inquietantes. É música que sentimos e respiramos como se ele estivesse a cantar só para nós no nosso refúgio de eleição, dando vontade não só de nos apropriarmos das suas músicas e encontrarmos nelas a panaceia para as amarguras da vida, como também de regojizarmos com os sentimentos de amor e esperança que emanam das suas canções. As referências a Bill Callahan, Will Oldham ou Bon Iver assentam de forma elogiosa a “Two Birds Blessing”.

    Texto da autoria da Bor Land

     

    Entrada : 8 €

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    Quarta, 22 de Abril às 22h00
    theUSAISAMONSTER
    LOBSTER

    theUSAISAMONSTER
    A ZDB apresenta em completa estreia nacional a música-acção dos norte-americanos USAISAMONSTER. Tom Hohmann (bateria, teclados e voz),Colin Langenus (guitarra e voz), Max Katz (teclados) e Peter Schuette (teclados) pioneiros de uma espécie mutante de noise primitivo, atacam os palcos europeus uma última vez, anunciada que está o fim da banda para daqui a uns meses. Quem não participar agora não participa nunca mais.

    Entre o hardcore dos Fugazi e a americana ácida de Captain Beefheart, passando a alta velocidade pela muralha de ruído dos Lightning Bolt (como estes, também editam pela Load), os USAISAMOSNTER celebram o lado místico da cultura nativo-americana – principal fonte de inspiração do duo – através de impetuosos ataques polirítmicos virados para o céu.

     

    Lobster
    Expoentes máximos do noise-rock português, os Lobster regressam à ZDB com o seu poder de fogo apontado a novas canções (o sucessor do álbum-petardo “Sexually Transmitted Electricity” já está pensado e deve rebentar por aí nos próximos meses). Guilherme Canhão (guitarra) e Ricardo Martins (bateria) são garantia de uma imensa festa crustácea que dá choque, comunalmente regada de ideias e acções rápidas. Os Black Flag e os Minor Threat faziam-nas antes deles, os Lightning Bolt também as fazem agora, mas acreditem, ninguém rocka exactamente assim.

     

    Entrada : 8 €

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    bado, 25 de Abril às 23h00
    ALAN LICHT & AKI ONDA 

    Figuras absolutamente fundamentais da música exploratória actual, o norte-americano Alan Licht e o japonês Aki Onda iniciam na ZDB a sua primeira digressão europeia conjunta.

    Interessados sobretudo no potencial transformador do instrumento-objecto, Licht e Onda têm vindo desde há vários anos a desenvolver excepcionais plataformas de estudo em diferentes meios e formatos. A viagem diarística “Cassete Memories” (magnífica experiência de reconstrução e redefinição de sons concretos gravados em cassete, apresentada na ZDB em 2007) e a montagem audio-visual “Cinemage” são talvez os projectos mais aplaudidos de Onda. Licht, também bastante envolvido em diferentes processos de manipulação de fita magnética, tem-se sobretudo distinguido através das suas explorações minimalistas na guitarra eléctrica (é colaborador regular de Loren Connors, por exemplo).

    “Everydays”, álbum editado pela Family Vineyard o ano passado e razão maior para esta série de concertos, marca a primeira colaboração em disco entre Licht e Onda, apesar dos seus caminhos criativos já se cruzarem há vários anos (designadamente no já referido “Cinemage” de Onda, frequentemente musicado em tempo real por Licht). “Everydays” aprofunda campos de reflexão que há muito ocupam os dois músicos – ideias de recomeços cíclicos onde ondas de um noise monolítico e uma sound-collage oscilante confluem num desconcerto electrónico em permanente arritmia, para experienciar com o corpo todo.

     

    Entrada : 8 €

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    Quinta, 30 de Abril às 23h00
    THE HATEFUL
    THE RIPPERS

    The Hateful
    Noite rock na ZDB com a nova banda de Vítor Torpedo (Tédio Boys, Parkinsons, Blood Safari, etc.) e Samuel Palitos (Censurados). Os The Hateful começam onde os Clash deixaram e vão por aí fora a espalhar electricidade punk num ataque continuado desviante de todos os caminhos formais. Estão prontos?

    The Rippers
    Banda de Castelo Branco (também as há), os Rippers vão ao fundo do baú recuperar o rockabilly do Tennesse. Em palco, território armadilhado de bons, maus e vilões, aproximam-se no espírito punk à festa debochada dos Cramps.

     

    Entrada : 6 €

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    Sexta, 01 de Maio às 23h00
    KID CONGO POWERS

    © Pedro Polónio

    © Pedro Polónio

     

    Rei do lado errado do rock, o guitarrista e vocalista norte-americano Kid Congo Powers percorre há mais de três décadas os menos recomendáveis antros da música marginal, lá algures onde o punk encontra as raízes sujas dos blues. Regressa à má vida das noites ZDB três anos depois de um concerto lendário, novamente com a sua banda Kid Congo and the Pink Monkey Birds.

    Kid Congo começou a sua carreira numa encruzilhada entre os lendários Cramps e os não menos lendários Gun Club, com quais gravou e tocou extensivamente (nos discos e nos concertos que realmente importaram) até meados dos anos 80, altura em que, depois de uma estadia desenfreada em Londres, se juntou em Berlim aos Bad Seeds de Nick Cave (podem vê-lo a actuar no final das “Asas de Desejo” de Wim Wenders). Com estes gravou, entre outros, os seminais “Tender Prey” e “The Good Son” e participou em algumas das digressões mais tumultuosas que este mundo já viu. Nos últimos anos tem vindo a manter uma série de diferentes projectos pessoais, simultaneamente colaborando com músicos como Mark Eitzel, Michael Gira, etc.

    Com a guitarra eléctrica assente em acordes de recusa e confrontação, King Congo é um dos últimos libertinos do rock. Enquanto houver estrada para andar, contem com ele por entre a poeira que não assenta.

     

    Entrada : 10 €

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    bado, 02 de Maio às 23h00
    GREY DATURAS
    CAVEIRA 

    Grey Daturas
    Cabecilhas do mais tenso e perfurante pós-metal australiano, os Grey Daturas apresentam na ZDB “Path of Niners”, o seu mais recente álbum. Entre o doom abstracto de uns Nadja ou uns Sunn O)) e o noise-rock dos Dead C, os Grey Daturas (Robert Mayson na guitarra, Bonnie Mercer no baixo e Robert MacManus na bateria) escondem-se do sol envolvendo-se num drone pesadíssimo, quasi-cerimonial, de uma ferocidade compressora como se no mundo inteiro não houvesse espaço para mais nada e o céu se afundasse nestes sons.

    Caveira
    “Querem saber quem são os CAVEIRA? Os CAVEIRA são groove metálico, são rock de dança, são música para o corpo bailar entre os amplificadores e o riffs. Desde 2003 que, por onde passam, deixam rastos de electricidade, combustão e improviso. (…) Os CAVEIRA são hard-rock partido. São Blue Cheer, Black Sabbath, Melvins, são Sonic Youth, são Keiji Haino, são free-jazz. Os CAVEIRA dão-nos silêncio, ruído, distorção, ritmo e melodias que brilham escondidas. Dão-nos música bonita. Com desbunda na cabeça e nos ouvidos. São, à falta de melhor termo, música portuguesa, mas podiam viver nos Estados Unidos. E têm um tema chamado “Fui a Sacavém” onde a bateria suga os outros instrumentos e o chão treme.” Texto da autoria de José Marmeleira

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    Sexta, 08 de Maio às 23h00
    WHITE HILLS

    Macumbeiros do excesso, os nova-iorquinos White Hills professam um psicadelismo stoner reminiscente do freakout total de bandas como os Hawkwind, Quicksilver Messenger Service, 13th Floor Elevators ou Can (fase Malcolm Mooney). Algures a partir do espaço sideral, o grupo – a mais recente aposta da sempre atenta Thrill Jockey –, desenha ritmos pesados, monocórdicos, detonadores de uma imensa explosão sensorial de efeitos e ruídos hipnóticos que se propaga em ziguezague muito para além do arco-íris. Quando o devaneio assenta, ficamos com uma única certeza: nenhuma outra banda contemporânea desobstrui desta forma as portas da percepção.

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    bado, 09 de Maio às 23h00
    Ciclo Kenneth Anger:
    KENNETH ANGER & TECHNICOLOR SKULL
    MÉCANOSPHÈRE & MARK STEWART 

    Kenneth Anger & Technicolor Skull
    No âmbito do Ciclo Kenneth Anger, evento pluridisciplinar que a Galeria Zé dos Bois apresentará entre 04 de Maio e 01 de Agosto, a ZDB Müzique preparou um conjunto de propostas transgressoras que, tal como o iconográfico Anger, anjo esotérico do bizarro mais recôndito, entram na noite pelo lado onde há menos gente.

    Sistema mágico de luz, imagem e som, Technicolor Skull é uma celebração ritualista intensamente psicadélica, a última trip da cultura pop na forma de uma performance onde a lenda marginal Kenneth Anger, em theremin, e Brian Butler, em guitarra eléctrica, criam sons / jogos poético-hipnóticos para fragmentos fílmicos da genial obra de Anger.

    Um dos ícones absolutos do cinema underground, lado a lado com outros visionários como Stan Brakhage, Ken Jacobs ou Andy Warhol, Kenneth Anger, mago-cineasta do hermético, é responsável por filmes-experiências como “Scorpio Rising”, “Lucifer Rising”, “Invocation Of My Demon Brother” ou “Fireworks”. Ilógico e provocador, Anger deita pus. Ninguém desflorou como ele os padrões de arte do nosso tempo.

     

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    Sexta, 15 de Maio às 23h00
    Ciclo Kenneth Anger:
    LITTLE ANNIE & LARSEN 

    No âmbito do Ciclo Kenneth Anger, evento pluridisciplinar que a Galeria Zé dos Bois apresentará entre 04 de Maio e 01 de Agosto, a ZDB Müzique preparou um conjunto de propostas transgressoras que, tal como o iconográfico Anger, anjo esotérico do bizarro mais recôndito, entram na noite pelo lado onde há menos gente.

    Banda-fetiche de Michael Gira, que os edita através da sua Young God Records, os italianos Larsen apresentam na ZDB “La Fever Lit”, álbum-enigma gravado nas escadarias helicoidais no interior da cúpula do Mole Antonelliana de Turim (por baixo, através das luzes que baloiçavam, adivinhava-se a audiência).

    Como uma nuvem negra que guarda o instinto da noite, a música dos Larsen desenvolve no escuro terrífico uma narrativa muito própria. Os contornos cinematográficos das composições (lentas, delicadas, trabalhadas numa contenção obsessiva) sugerem uma substância imagética (que poderia muito bem ser “Fireworks”, primeiro trabalho de Kenneth Anger) carnal, de sono e insónia, à medida da norte-americana Little Annie, agente provocadora que se junta aos Larsen nesta digressão depois de também ter assombrado várias das faixas de “La Fever Lit”. Performer multimédia, salteadora pop desde os tempos da no wave nova-iorquina e colaboradora regular dos Nurse With Wound, Coil e Current 93, Little Annie completa o mistério que são os Larsen. Por uma noite, vamos poder aproximarmo-nos.

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    bado, 16 de Maio às 23h
    N’DARA SUMANO
    STAG HARE

    N’Dara Sumano
    Regresso das noites griot à ZDB com N’ Dara Sumano, aqui a apresentar em primeira-mão o seu disco de estreia acompanhada por um quinteto de músicos guineenses. Voz activa de uma cultura pré-moderna ligada à memória oral, N’Dara Sumano canta a resistência africana à aculturação. Natural da Guiné-Bissau, começou a experimentar com as melodias seculares da tradição mandinga no Bailado Nacional da sua terra natal, continuando já em Lisboa a maravilhar em festas de amigos. É agora altura de o segredo se espalhar um pouco.

    Stag Hare
    Para invocar a noite quente da canção guineense na ZDB, ergue-se Stag Hare, natural de Salt Lake City, no Utah.

    No activo desde 2007, ano de lançamento de ‘Ashpen’, Stag Hare – que compõe, toca, grava e edita sozinho – desdobra-se em inúmeras mãos que manobram percussão, samples, sintetizador, guitarra e harmónica. Apesar de nomear como influências a paisagem e a natureza, reconhece-se na sua música um elogio às identidades new age que saboreamos em Vangelis e Popol Vuh, deslumbando toda uma geração que se rendeu a ‘Beaches & Canyons’ dos Black Dice e à gincana naturalista de Panda Bear ou Teeth Mountain. Um músico que entrega o êxtase emaranhado em ritmos dignos do Burundi, ao longo de melodias nunca incólumes de uma dilatação e dissolução das suas texturas.

    O seu último registo, ‘Black Medicine Music’, é a depuração de tudo isto numa massa grandiosa e cheia de luz, que com certeza deixará os ouvidos bem abertos para a voz de N’dara Sumano.

    Entrada: 6 €

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    Sexta, 22 de Maio às 23h
    Canto_para_que_me_devolvas_o_enxoval_sessions
    DJUMBAI JAZZ & KIMI DJABATÉ 

    Maioritariamente constituído por músicos de origem griot, corre-lhes nas veias a música clássica, delicada e contemplativa da cultura milenar e nobre do império mandinga. Galisa é o principal encantador ao tecelar de forma virtuosa melodias de seda na sua kora. A ligação estética, melódica e técnica com tantos outros intérpretes – Toumani Diabaté, Ballaké Sissoko, Djeli Moussa Diawara, Mory Kante – é inevitável. Já na guitarra eléctrica de Sidi, reflecte-se o sol e a areia abrasadora e infinito espaço a céu aberto do deserto do Sahara, trazendo consigo toda a carga emocional dos blues dos nómadas – Tinawiren, Tartit – e do mestre Ali Farka Touré. Maio Coope, cantor e percussionista, vai dando uns safanões ao intimismo instalado, misturando e dançando ritmos frenéticos de gumbe, que o outro percussionista – Cabum – tão bem alimenta. Os elementos não estão sozinhos e há uma agradável interacção com outros músicos – o irmão de Galisa, também Galisa (apelido familiar) inevitavelmente em Kora e Kimi Djabate (convidado especial). Este último, balafonista, salta, liberta largos sorrisos que se reflectem em toda a assistência, imprimindo um ritmo avassalador em “Ye Ke Ke”, próprio da highlife ganesa.

     

    Entrada: 6 €

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    bado, 23 de Maio às 23h
    Depois_adicionas-me_no_facebook?_sessions
    MIKADO LAB

    Projecto liderado pelo multi-instrumentista e experimentalista de referência Mar co Franco em colaboração com Ana Araújo ePedro Gonçalves , Mikado Lab estabelece melódicas coordenadas de exploração livre entre o jazz, a electrónica e a pop mais curiosa.

    Regressam ao palco da ZDB para apresentar as novas canções já gravadas e prestes a editar.

     

    Entrada: 6 €

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    Sexta, 29 de Maio às 23h
    Querida_vais_comprar_a_la_redoute?_sessions
    JOHN MAUS
    WAVVES
    YOUTHLESS 

    John Maus
    Como a poesia de Ângelo de Lima ou o jogo representativo de Klaus Kinski, a música de John Maus reflecte a pulsão atemporal da verdade individual. Desestruturante, inacabada, ferida no seu estado de inocência, a pop de John Maus é, no que à canção diz respeito, um dos maiores mistérios da criação contemporânea. Maus é único, como tendem a ser os génios.

    Antigo teclista do Haunted Grafitti de Ariel Pink e membro ocasional dos Animal Collective, Maus gravou nos últimos anos dois discos a solo (“Songs” e “Love Is Real”, edições Upset The Rhythm) despidos de tudo menos de si próprio. Encharcados numa aflição/euforia existencial como não ouvíamos na pop – nesta pop – desde aquele momento em que tudo parou e os Beat Happening fizeram perfeito sentido, são álbuns onde os sons sintetizados do teclado e a voz embriagada de reverb remetem para a fase berlinense de David Bowie, para os Joy Division, para os Eyeless in Gaza, para as trips quasi-gospel dos Spacemen 3. Em palco – o que acontece pela primeira vez em Portugal – John Maus avança convulsivamente por entre o fazer e desfazer do pasmo atormentado, refazendo-se sobre si próprio, ali, à nossa frente.

     

    Wavves
    Quando a música que você ouve se assemelha a melodias doo-wop trituradas por uma betoneira, isso é Wavves. Alter-ego para o norte-americano Nathan Williams, Wavves soa à mais entusiasmante pop-feita-ruído desde os tempos narcóticos dos Jesus & Mary Chain – surf, punk, lo-fi, melodias r&b, feedback e ray-bans de imitação numa urgência embrulhada em canções simplesmente irresistíveis, a remeterem para aquele misterioso universo paralelo de onde as Shangri-las não regressaram depois de uma trip que correu mal.

     

    Youthless
    Youthless são Sebastiano Ferranti e Alex Klimovitsky. São norte-americanos em Lisboa. São vozes humanas arrancadas às fantasias de um vocoder, e ousam ser também baixo, sintetizador, e bateria processada. O preceito de simplicidade em número contorce-se no trabalho dos Youthless, que ao vivo trabalham freneticamente para que as partes estilhacem o todo.

    São sem dúvida um aperitivo com sabor a DFA e no-wave caramelizada que deixa ouvidos e o corpo em rebuliço, prontos a receber Wavves.

    Entrada: 10 €

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    bado, 30 de Maio às 23h
    BRUNO PARRINHA & PAULO CURADO & MIGUEL MIRA 

    Três das figuras mais destacadas da cena improvisada portuguesa, Paulo Curado, Bruno Parrinha e Miguel Mira juntam-se num trio de música aberta, de estrutura informalista, criando situações de leitura rítmica onde o jazz é o idioma comum.

    Paulo Curado saxofones soprano e alto
    Bruno Parrinhas clarinete e saxofone tenor
    Miguel Mira violoncelo

     

    Entrada: 6 €

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    Quinta, 04 de Junho às 23h00
    Ciclo Kenneth Anger:
    BABY DEE

    No âmbito do Ciclo Kenneth Anger, evento pluridisciplinar que a Galeria Zé dos Bois apresentará entre 04 de Maio e 01 de Agosto, a ZDB Müzique preparou um conjunto de propostas transgressoras que, à imagem do iconográfico Anger, anjo esotérico do bizarro mais recôndito, entram na noite queimando as pontes atrás de si. A convite de David Tibet, poeta e músico fundador dos Current 93, Baby Dee participou na colectânea de homenagem a Kenneth Anger, “Brother Focus: For the Inaugurator of the Pleasure Dome”, a editar brevemente.


    Personagem sem paralelo no imaginário transgender nova-iorquino, Baby Dee abre a canção contemporânea a todo um novo espectro de possibilidades. Pós-cabaret, pós-circence, próxima de um registo crooner quebradiço, a música de Baby Dee grita a sua presença numa despojada e suspirada bipolaridade de amor e raiva. A tensão sexual que pulsa nas suas composições, que pulsa afinal em tudo o que cria ou interpreta, aproxima-a determinantemente – ainda que ambiguamente – do universo de Kenneth Anger, sobretudo de filmes como “Fireworks” (1947), com a emblemática cena do pénis que explode.

    Baby Dee traz à ZDB “Safe Inside The Day” (edição Drag City, 2008), o seu último álbum, que apresentará em trio (juntam-se-lhe John Contreras em violoncelo e Alex Nilson na bateria; além de cantar, Baby Dee tocará também o piano). Ouvindo-o, percebe-se não apenas a influência que lhe chega dos seminais Current 93 (com quem tem actuado ao vivo nas últimas digressões da banda) mas também a influência que Baby Dee tem em Antony (com quem colabora regularmente), outro performer que encontrou na mais preciosa extravagância – no sentido warholiano da palavra – toda a coerência de que precisa.

    Baby Dee voz, harpa e piano
    Alex Nielson bateria
    John Contreras violoncelo

     

    Entrada : 8 €

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    Sexta, 05 de Junho às 23h00
    Ando_muito_preocupado_com_o_destino_do_povo_tibetano_sessions
    CACIQUE 97

    A ZDB abre as portas para uma noite Afrobeat, a propósito do lançamento do disco de estreia do colectivo Cacique ’97.

    Milton Gulli (voz e guitarras), Marcos Alves (bateria), Marisa Gulli (percussão e voz), Tiago Romão (percussão), João Gomes (teclados), Francisco Rebelo (baixo), João Cabrita (sax tenor e barítono), Zé Lencastre (sax alto), Vinícius Guimarães (trombone) e Zé Raminhos (trompete), todos eles provenientes de bandas cujo repertório é conhecedor da música africana – Cool Hipnoise, Spaceboys, Tcheka, entre outros.

    Culminando uma fermentação intensa, moldam a herança de Tony Allen e Fela Kuti com mãos e vozes portuguesas e moçambicanas. Criam uma malha rítmica que prende e hipnotiza, melodias de sopros e guitarra movidas a suor, e cantam, num desprendimento festivo, sobre aquilo que o afrobeat canta – a comida da alma.

     

    Entrada : 6 €

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    bado, 06 de Junho às 23h00
    E_que_tal_um_curso_de_geologia?_sessions
    MATTHEW GOODHEART & WOODS
    WOODS 

    Matthew Goodheart
    Explorando os caminhos sinuosos entre a composição e a livre improvisação, o (principalmente) pianista
    Matthew Goodheart tem-se rapidamente afirmado como uma das vozes mais originais da música erudita/contemporânea de estirpe norte-americana.

    Inventivo, muito para além de uma abordagem meramente executante (a propósito, procurem ouvir a sua interpretação de “Atlantis”, composição original de Morton Feldman) e tecnicamente irrepreensível, Goodheart apresentará na ZDB um solo em piano, actuando ainda com o quinteto português Woods.

     

    Woods
    Ensemble electroacústico formado por Bruno Parrinha (clarinete), Miguel Mira (violino), João Pedro Viegas (clarinete), João Parrinha (percussão) e João Camões (viola), Woods combina composições originais com improvisação de grupo. Utilizando o jazz como matriz discursiva, o quinteto desenvolve em palco uma admirável relação de micro-sons que se desenvolve gradualmente entre o espaço e a acústica, numa procura concreta que lembra por vezes os estudos de timbre do improvisador inglês John Butcher.

     

    Entrada : 6 €

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    Quinta, 18 de Junho às 23h00
    INTERLÚNIO 

    Recém formado combo nacional liderado por Ricardo Freitas, colaborador de Rodrigo Amado e Paulo Curado, entre muitos outros, Interlúnio projecta uma construção do jazz de texturas aveludadas.

    As composições formam-se num constante desdobramento das harmonias dos instrumentos de sopro, reflexos da melodia em propostas de fuga. O baixo e percussão são ferramentas de expansão e coesão, trabalhando para uma música que pulsa com brevidade anódina e cuja verdade se encontra na minúcia.

    Gonçalo Lopes clarinetes baixo e soprano
    Johannes Krieger trompete
    Eduardo Lála trombone
    Ricardo Freitas guitarrra baixo
    Raimund Engelhardt tabla, percussão

     

    Entrada : 6 €

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    Sexta, 19 de Junho às 23h00
    Hand_grenade_from_the_belly_of_my_instrument
    GATE (Michael Morley/DEAD C)
    TIGRALA (Norberto Lobo & Guilherme Canhão & Ian Carlo Mendoza)

    Gate
    Michael Morley personifica GATE, o seu projecto a solo para onde transporta as funções de guitarrista e vocalista dos The Dead C, banda expoente do rock minimal. A sua música resulta da repetição tortuosa de melodias de guitarra extremamente distorcida, e do entoar de uma voz também distorcida e balbuciante. No todo, GATE funciona como música que tortura a percepção, comportando-se como objecto sonoro de linguagem próxima do noise , no qual se edifica uma liturgia massacrante e desorientadora.

     

    Tigrala
    Recém formada colectivo, de três elementos – Norberto Lobo, Guilherme Canhão e Ian Carlo Mendoza – fulcrais intérpretes da nova geração de músicos nacionais apresenta-se na ZDB. Tigrala reúne a nata da música de Lisboa: Norberto Lobo, virtuoso guitarrista cuja música tem Lisboa de joelhos e meio-mundo dentro, autor do celebrado “Mudar de Bina”; Guilherme Canhão, guitarrista do duo de rock epiléptico Lobster; Ian Carlo Mendoza excelso percussionista mexicano. Juntos, desviando-se dos universos previsíveis e compondo os irrepreensíveis, debruçam-se num formato acústico, de uma sensibilidade épica. Com guitarra, tambura e percussão variada, desenvolvem pequenos haiku/poemas melódicos, colocados em crescendos de uma intensidade plácida. Soam a uma Lisboa iluminada.

     

    Entrada : 8 €

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    bado, 20 de Junho às 23h00
    JON IRABAGON & HERNÂNI FAUSTINO & GABRIEL FERRANDINI

    Jon Irabagon, foi o vencedor em 2008 do evento anual produzido pelo Thelonious Monk International Jazz Competition. Toca regularmente em diversas formações como líder e sideman, assumindo uma postura abrangente, do mais puro straight aheadjazz ao lado de nomes como: Dave Liebman, Wynton Marsalis, Jason Moran, Frank Wess e Joe Lovano; ou em projectos dedicados à improvisação com Ken Vandermark, Mike Pride, RIDD Quartet, ou à destruição do bebop pelos (terroristas) Mostly Other People do the Killing.

    Para esta apresentação única em Portugal, o saxofonista vai apresentar-se com uma secção rítmica constituída pelo contrabaixista Hernâni Faustino e o baterista Gabriel Ferrandini.

    Texto dos músicos

     

    Entrada : 6 €

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    Quinta, 25 de Junho às 23h00
    TIGUANA BIBLES 

     

    © João Nogueira

    © João Nogueira

     

    O que acontece quando as peças desgovernadas de várias – e oleadas – locomotivas rock como Bunnyranch, Tédio Boys e Parkinsons chocam de frente com uma voz de veludo como a de Tracy Vandal? A resposta é simples, mas nem por isso menos surpreendente: nasce, à mesa de «uma espelunca» regada a cerveja, um grupo chamado Tiguana Bibles, que agora se estreia com um EP de canções que parecem existir desde sempre, ou pelo menos desde que Nancy Sinatra, Jane Birkin e demais deusas do desfrute tornaram aceitável – e desejável! – que a luxúria e demais pecadilhos encarnassem em voz de mulher. Em tempos companheira de Alex Kapranos, agora líder dos Franz Ferdinand, na defunta banda Karelia, Tracy Vandal é a «voz açucarada» a que Victor Torpedo (guitarra), Carlos «Kaló» Mendes (bateria) e Pedro Serra (contrabaixo) se referem quando recordam o «parto» dos Tiguana Bibles. Desde os primeiros ensaios ao final das gravações, os quatro músicos, que no mapa-mundo se assinalam entre Coimbra e Londres, encontraram «o som mais fixe» que já haviam criado juntos. Tendo em conta que todos os cavalheiros são, por direito próprio, membros da fervilhante e histórica cena de Coimbra, tendo partilhado palco e estúdio amiúde, esta era a conclusão mais encorajadora a que podiam ter chegado. Os Tiguana Bibles, insistem estas figuras de proa do rock português, não são um super-grupo mas antes uma simples reunião de velhos amigos. Das inspiradas, dizemos nós: poucos serão os convívios a descambar em canções imperdíveis como Lost Words (lânguido hino de libertação amorosa, também disponível em versão mais viçosa, na «reprise» que encerra o disco) ou Child of the Moon, um delicioso rockabilly de trato fácil.

    (texto dos músicos)

    Tracy Vandal (Karelia, Giant Paw, Lincoln)  voz
    Victor Torpedo (Tédio Boys, Parkinsons, Blood Safari)  guitarra
    Kaló (Tédio Boys, Bunnyranch)  bateria
    Pedro Serra (Ruby Ann & The Boppin’Boozers)  contrabaixo
    Paul Hofner (Gretschen Hofner)  guitarra

     

    Entrada : 6 €

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    bado, 27 de Junho às 23h00
    BLACK BOMBAIM
    ALTO!
    SUN FLARE 

    Black Bombaim
    Chegados de Barcelos na tourvan mais hard-rock do país, Ricardo (guitarra), Tojo, (baixo) Senra (bateria) e Tiago J (convidado; theremin) são pupilos do stoner. Partilhando palcos com White Hills ou Brant Bjork, entusiastas de Acid Mothers Temple e Earthless, a música de Black Bombaim desenvolve-se, despojada, em sintonia com a megafauna do rock dos anos 1970. Riffs ao centro, pedais de efeitos efervescentes, baixo em deleite Big Muff e uma bateria provedora de headbanging violento prometem incendiar o Aquário.

     

    Alto!
    Anda normal fundada por pessoas normais que frequentam sítios normais que por sua vez são frequentados por outras pessoas normais. Ouvimos música normal que é descoberta, consumida e deitada fora por uma míriade de pessoas normais. Comprámos instrumentos normais que são fabricados por firmas normais que vendem instrumentos a pessoas normais. Somos todos surdos.

    (texto dos músicos)

     

    Entrada : 6 €

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    Quinta, 02 de Julho às 23h
    JACKIE-O MOTHERFUCKER
    DRAGGIN AN OX THROUGH WATER 

    Jackie-O Motherfucker
    Regresso do colectivo freeform Jackie-O Motherfucker à ZDB, quase quatro anos depois de uma primeira e memorável actuação no contexto do festival Where’s The Love (na altura com os italianos My Cat Is Na Alien na formação).

    Com álbum novo acabado de sair (“Ballads Of The Revolution”, edição Fire Museum), o ensemble coordenado por Tom Greenwood epitomiza a ideia “always different, always the same”. Associando uma ideia de livre-improvisação assente nas estruturas da cultura folclórica anglo-saxónica, os Jackie-O desenvolvem uma busca identitária profundamente enraizada numa ideia americana de todo o tipo de movimentos de vanguarda do último século (da música minimal à arte abstracta, da literatura subversiva ao cinema experimental). Uma permanente procura instintiva de quem se é e para onde se vai, documentada em discos (“The Magik Fire Music”, “Fig.5”, etc.) e, bem mais importante, em momentos – o concerto de quinta-feira, suspeitamos, poderá muito bem ser um deles.

     

    Entrada: 8€

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    bado, 04 de Julho a partir das 19h
    MUSEU NACIONAL DE HISTÓRIA NATURAL (AO AR LIVRE):
    KONONO Nº1
    GUINÉ ALL STARS
    POCAHAUNTED
    SUN ARAW 

    © Vera Marmelo

    © Vera Marmelo

     

    Konono nº1
    Ponto mais alto da primeira noite de festejos do 15º aniversário da ZDB, a actuação dos Konono nº 1 marca a estreia deste projecto da República Democrática do Congo em Lisboa.

    Fundado há vinte e cinco anos por Mawangu Mingiedi, Konono nº 1 destaca-se no universo da música tradicional electrificada africana pelo uso de três likembes electrónicos (deste lado do mediterrâneo chamamos-lhes pianos de polegar) e percussão diversa maioritariamente construídos e amplificados a partir de velhas peças de automóveis e outros apetrechos similares resgatados do ferro-velho e posteriormente modificados. Com este sistema de som – que não é menos que um milagre – e as vozes de Waku Menga e Pauline Mbuka os Konono nº1 reinventam a música tradicional da etnia Bazombo (território congolense situado na fronteira com Angola, de onde Mingiedi é original), ligando engenhosamente à corrente o irresistível hipnotismo polirítmico que a caracteriza. Apesar de editarem deste 1978, apenas em 2005, com o precioso “Congotronics”, lançado pela Crammed Discs, chegaram ao grande público ocidental. Já demasiado tempo se perdeu. É essencial partilhar da força criativa que guia esta gente.

    Mawangu Mingiedi likembé
    Mbuta Makonda likembé
    Mawangu Makuntima likembé
    Waku Menga voz
    Antoine Ndombele likembé baixo
    Ndofusu Mbiyavanga percussão
    Vincent Visi percussão
    Pauline Nsiala Mbuka voz

     

    Guiné All Stars
    Guiné All Stars reúne pela primeira vez um conjunto de músicos guineenses que a ZDB tem apresentado com alguma regularidade ao longo dos últimos anos nos mais diversos contextos de inovação perante uma tradição cultural pré-moderna.

    Guineenses lisboetas, representantes por direito próprio de uma das diásporas africanas musicalmente mais ricas, Kimi Djabaté, Maio Coopé, N’ Dará Sumano, Braima Galissá, Sadjo, Gelajo Sane e Renato trazem a magia gumbé e griot ao Museu Nacional de História Natural.

    Kimi Djabaté voz, balafon e guitarra acústica
    Maio Coopé voz, cabaça, m’bira e percussões)
    N’Dara Sumano voz
    Braima Galissá kora
    Sadjo guitarra eléctrica
    Gelajo Sane percussão
    Renato baixo eléctrico

     

    © Vera Marmelo 

    © Vera Marmelo

     


    Pocahaunted
    Sedeada em LA, a NOT NOT FUN Records representa, em conjunto com as editoras Siltbreeze, Ecstatic Peace e VHF, um dos mais estimulantes catálogos deste final de década. Em torno de Britt Brown – gestor do selo – gravita um núcleo de projectos domésticos, com destaque para Robedoor, Pocahaunted, Magic Lantern e Sun Araw. Só nos últimos três anos, a NNF – iniciais pelas quais é carinhosamente conhecida – reuniu discos imprescindíveis de artistas impolutos como Thurston moore, Christina Carter, Ducktails, Teeth Mountain, Wet Hair ou os “nossos” Loosers. Agora, pela primeira vez na Europa, Pocahaunted e Sun Araw, duas das mais importantes bandas da NNF, mostram-se ao vivo.

    Renovando desde 2006 o referencial místico e holístico do imaginário nativo-americano, os Pocahaunted efabularam-se em disco (obrigatório ouvir “Island Diamonds”, “Peyote Road” e o mais recente “Passage”) como projecto de drone maciço, com a intuição rítmica do dub e de um funk movido 16 rpm. Amanda Brown e Diva Dompe (também no baixo) entoam cânticos estáticos, acompanhadas pela guitarra de Britt Brown, o órgão de Cameron Stallones e a bateria de Mark Gengras. O sexteto eleva o registo melódico para um universo que desde há décadas estilhaça ovos cósmicos, dilatando consciências, enquanto a secção rítmica engancha o corpo, direcionando-o para um experiência ritual, atulhada de groove, fumo e abandono de meia-pálpebra.

    Amanda Brown voz
    Diva Dompe baixo e voz
    Britt Brown guitarra
    Cameron Stallones órgão
    Mark Gengras bateria

     

    Sun Araw
    Sun Araw, alias de Cameron Stallones (guitarrista dos Magic Lantern e colaborador pontual de Pocahaunted) faz-se acompanhar ao vivo por William Giacchi no órgão. Crème de la crème da Not Not Fun Records, Sun Araw depressa constituiu um corpo de trabalho fascinante e coeso.

    Ouvindo a magistral “Horse Steppin” (de “Beach Head”) conseguimos descobrir o manifesto: uma elegia ao kraut, ao rock amoniacal dos Spacemen 3 e uma essência tropical que de imediato põe em prática um universo melódico e rítmico de uma fresca música de Verão. É música de um onirismo febril – não menos pedrado – esta que encontramos nos arpejos de guitarra que gargarejam delay e no drone adocicado com que o orgão nos deixa encandeados. Às nossas praias chega agora o precioso búzio “Heavy Deeds” (LP, NNF)

    Cameron Stallones voz e guitarra
    Mark Gengras orgão

     

    Entrada: €10 em venda antecipada; €12 no dia do evento

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    bado, 11 de Julho às 23h
    Should_we_put_drums_on_this_one?_sessions
    Orquestra VGO

    A música produzida pela Orquestra da Geometria Variável resulta do jogo do material acústico versus o electrónico, numa contínua busca de pequenos detalhes e significados – o som rompe do silêncio para nele voltar a megulhar…

    Com esta organização formal do caos, tenta-se aplicar novos conceitos de indeterminação e composição instantânea, através da erupção assimetricamente alternada de momentos de som e silêncio (ausência de som identificável) com predominância para estes últimos, ­seja pela emissão de sons de características subliminares e psico-acústicas, seja pela completa ausência de sons, permitindo assim aos músicos recuperar o seu ritmo natural de respiração e sentido aleatório de pulsação, bem como escutar toda a espécie de acontecimentos sonoros que estejam a ocorrer nesse preciso momento no espaço envolvente, ou então “simplesmente” escutar o que outro músico tenha começado, entretanto, a fazer, sem a preocupação de responder imediatamente e assim encher de forma inútil o espaço sonoro.

    Texto da autoria dos músicos

     

    Entrada : 6€

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    Sexta, 17 de Julho às 23h
    OPEN SPEECH TRIO

    Solos, duos & trios: formato em sequência aberta, expondo narrativas num pluralismo de enunciados e alternância de contrastes. Tensões e densidades manifestadas em l inha s distorcidas, cruzadas, sobrepostas em “ clusters “de harmónicos e espessuras politímbricas. Processadores de efeitos e recursos electro-acústicos, radicalizam intenções, esboçam intimismos em depuradas partículas de vibração acústica. Actuação com criação espontânea, que se expõe tão real como efémera no seu indeterminismo – a improvisação no discurso aberto. Importa prodigalizar o risco partilhado. Com o público. Recursos e técnicas múltiplas incitam ao desafio, digitam provocações. O discurso vivo e inquiridor, liberta-se mutante; brota rasgado, directo, levanta questões, amotina e agita como deve o artista.

    (Texto da autoria dos músicos)

    Carlos Bechegas | flautas e electrónica
    Rui Faustino | bateria e percussão
    Ulrich Mitzlaff | violoncelo e electrónica

     

    Entrada: 5€

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    bado, 18 de Julho às 23h
    TELEPATHE
    AQUAPARQUE 

    © Vera Marmelo

    © Vera Marmelo

     

    Telepathe
    Frenesi pop, ligado e atento a tudo o que acontece, o duo nova-iorquino Telepathe de Mellisa Livaudais e Busy Gangnes redesenha de forma inclassificável o puzzle da canção contemporânea, acrescentando-lhe diversas peças que não aparecem na capa.

    Sob uma imensa festa caleidoscópica – podíamos compará-las aos Animal Collective, mas Bananarama em ácidos talvez faça mais sentido –, a música das Telephate esconde fora de campo uma melancolia muito própria, ambíguo vestígio de ideias que vão além dos dois lados da margem. Apresentam na ZDB “Dance Mother”, o primeiro álbum, editado há já uns meses mas a propósito do qual aplausos ainda soam, produzido por David Sitek (dos TV on the Radio), fã de primeira hora.

    aquparque

    © Vera Marmelo

    Aquaparque
    Duo de teclados, percussão e voz constituído por André Abel (dos cada vez mais essenciais Tropa Macaca) e Pedro Magina (anteriormente nos Dance Damage, por onde Abel também andou) os Aquaparque rodam os botões do dub mais reverberante e actualizam o esqueleto estético da no-wave nova-iorquina (principalmente Suicide, mas também os Material do início ou os DNA de Arto Lindsay) incorporando essas referências numa espiral de som absurdamente NOVO, como pouquíssimas vezes se ouviu por cá depois das independanças dos GNR e das libertinagens pop dos Pop Dell’ Arte. Na bagagem trazem o essencial “É Isso Aí“.

     

    Entrada: 8€

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    De 20 a 24 de Julho na ZDB: AADK
    AADK
    Aktuelle Architektur der Kultur
    Abraham Hurtado, Jochen Arbeit, Vania Rovisco

    A Galeria Zé dos Bois acolhe Abraham Hurtado, Vania Rovisco e Jochen Arbeit, para a apresentação alargada de várias acções da AADK. AADK- Aktuelle Architektur der Kultur – é uma plataforma em constante mutação de trabalhos criados e projectados por um grupo de artistas que partilha a mesma visão através de uma estrutura que suporta as suas próprias necessidades mas que também mantém relações com outros criadores.

    Ao longo de dois dias de programação (23 e 24 de Julho- 5ª e 6ª), AADK vai apresentar na ZDB várias acções entre concertos, performances e instalações. O público terá ainda oportunidade de assistir ao processo de criação a decorrer na Galeria nos três dias antecedentes às apresentações finais (20, 21e 22).

    Usando o olho vertebrado como correspondência figurativa Aktuelle Architektur der Kultur representa a visão; Backdoor é a córnea transparente; Bridge on a Wall a retina sensível na parte de trás do olho; Force Quit a íris ajustável e Stupid Green a lente de foco cristalina.

    BRIDGE ON A WALL é uma colaboração entre Abraham Hurtado e Vania Rovisco. Dois criadores na área das artes performativas com diferentes noções de estética que colocam questões próprias e improvisam em tempo real – o corpo enquanto instalação: a sua ocupação no espaço e no tempo. Desde 2008, têm apresentado diversos trabalhos na Galeria Tristesse Deluxe em Berlim.

    Para a ZDB Abraham e Vania convidaram vários colaboradores entre os quais: Alexandre Azinheira, Sónia Baptista, Marlene Freitas, Joao Gridfonte, Kotomi Nishiwaki, Pedro Pires, Mariana Tengner Barros, Marcus Rovisco

    STUPID GREEN
    É um projecto interdisciplinar, internacional, com base em Berlim, que começou em 2006 criando uma plataforma para transportar processos de criação, fazendo colidir música e performance. Tem apresentado diversos trabalhos pela Alemanha, Portugal e Bélgica.

    Na ZDB será apresentada a colaboração entre Jochen Arbeit, Vania Rovisco e Margarida Mestre num trabalho que aborda o acto da falha e do colapso.

    A noite de quinta termina com a surpreendente colaboração em Stupid Green dos músicos Jochen Arbeit, David Maranha e Franceso Dillon

     

    FORCE QUIT é uma plataforma através da qual projectos pontuais são apresentados. Aberta a membros da AADK e a qualquer artista com necessidade de uma associação, é uma espécie de estrutura que suporta trabalhos independentes.

    Na ZDB, FORCE QUIT será Soundscapes 3, um projecto de Jochen Arbeit com Kazike- construtor de sintetizadores analógicos modulares ORANGOTANGO – VOLTAGE CONTROLLED SOUND-.

    Soundscapes 3 parte da tarefa e desafio de criar um fórum aberto para que artistas sonoros partilhem os resultados da sua pesquisa num espaço público.

    Na ZDB promove-se um encontro entre dois sistemas distintos de criação sonora. Os resultados serão imprevisíveis, únicos e efémeros.

     

    BACK DOOR começou em Janeiro de 2009, movido pelo desejo de trazer para galerias atmosferas ligadas a estereótipos da vida nocturna (Djs, Vjs). Trata-se de uma festa/ instalação, que transforma o espaço e altera o ambiente, usando dispositivos e acções activadas pelos foliões. Convidados: Darling James & Falling Doubts, Dj Arruinado, Dj Erre

    PROGRAMA
    2ª, 3ª e 4ª: 20, 21, e 22 de Julho. Das 20h às 23h Processo criativo Bridge on a Wall Live Installation

    Vanessa Rato é convidada a acompanhar o processo criativo.

    Quinta 23
    20h: BRIDGE ON A WALL Abraham Hurtado, Vania Rovisco e: Alexandre Azinheira, Sónia Baptista, Cláudio da Silva , Joao Gridfonte, Kotomi Nishiwaki, Pedro Pires, Mariana Tengner Barros, Marcus Rovisco
    22h: STUPID GREEN Jochen Arbeit, Vania Rovisco e Margarida Mestre
    23h: STUPID GREEN Jochen Arbeit, David Maranha e Franceso Dillon

    Sexta 24
    22h: FORCE QUIT. Jochen Arbeit e Kazike
    23h: BACK DOOR Com Darling James & Falling Doubts, Dj Arruinado, Dj Erre

    JOCHEN ARBEIT
    Em 1980 em Berlim fez parte do movimento musical ” Geniale Dilettanen” que teve raízes no punk-rock e Dada. Em 1992 tornou-se membro do influente grupo “Die Haut” com quem tocou pela Europa e outros locais.

    Participou em discos e concertos tendo colaborado com inúmeros músicos como: Nick Cave, Debbie Harry, Kim Gordon, Arto Lyndsay, Lydia Lunch, Jeffrey Lee Pierce, Kid Congo Powers,Alan Vega, Anita Lane, Mick Harvey, Blixa Bargeld. Com Alexander Hacke fundou o grupo Berlinense de estilo country “Jever Mountain Boys”.

    Nos anos noventa foi dono do mediático clube “EX und POP”, e desde então tem participado em grupos como “Martin Dean” (onde foi vocalista), e “Richard Ruin”, com o pintor Martin Eder, com quem tem apresentado trabalhos em Berlim e Nova York.

    É membro do grupo”Einstürzende Neubauten”

    Abraham Hurtado
    É graduado em Artes performativas e realizou vários workshops em dança contemporânea com Lloyd Newson / DV8 Physical Theater, Jordi Cortés Molina, David Zambrano, Nigel Charnock e Meg Stuart. Enquanto intérprete tem colaborado desde 1996 com diferentes companhias e criadores como La Fura dels Baus, Jordi Cortés Molina, Sol Picó, Nigel Charnock, Francisco Camacho, Carlota Lagido e Meg Stuart / Damaged Goods em diversos projectos. É criador de várias peças como ‘Bipolar’ (2007) apresentada no Festival Intimate Strangers; e ‘I WAS THERE’ peça de grupo para o Mercat dels Flors, Barcelona e Festival Temps D’Images, Portugal; sendo as suas obras mais recentes: ‘Die KÔrper Ohne Uns’ (O Corpo sem nós -2009) e ‘The Postponed Project’ (2009).

    VANIA ROVISCO
    Concluiu o curso de intérpretes do Fórum Dança em Lisboa, em 2000.

    Em 2001 foi estudante convidada do Centre Chorégraphique National de Montpellier, orientado por Mathilde Monnier. Nesse mesmo ano começou a colaborar com Meg Stuart/Damaged Goods, para a criação de ALIBI, depois em “Visitors Only“, REPLACEMENT“ e “It´s Not Funny“. Também colaborou em projectos de improvisação como ‘Revisited’ e Impressions’. Co-criou com Sam Louwyck a peça “A Song from Down Under”. Dirigiu movimento de peças de teatro como “Peça Alter Nativa” de António Simão e A MÃE de Gonçalo Amorim.

    Com Hans Demulenare colaborou em ‘No Titles but Layers’. Tem colaborado em diversas performances e participado em filmes como ‘Dédale’ (Pierre Coullibeuf 2009)

    Entradas

    Programa Quinta, Sexta e Processo Criativo: 12€
    Programa Quinta: 8€ | Programa Sexta: 8€

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    bado, 05 de Setembro às 23h00
    NITE JEWEL
    O UIVO

    © Manuel Malzbender

    © Manuel Malzbender

     

    Nite Jewel
    Nite Jewel, moniker de Ramona Gonzalez, apresenta-se em estreia absoluta em Portugal. Natural da Costa Oeste norte-americana, residente em L.A. (centro criativo para uma data de músicos incríveis, amigos e colaboradores de Gonzalez – Ariel Pink e a sua Haunted Graffiti, Geneva Jacuzzi, Julia Holter, entre outros), a música de Nite Jewel vive de teclados e sintetizadores analógicos, caixas de ritmos vintage, vozes femininas sumidas, enevoadas por reverb e uma produção orgulhosamente lo-fi por contingência.

    A edição de ‘Good Evening’ via Human Ear Music e do 12” ‘What Did He Say’ através da Italians Do It Better faz com que a sua música seja recorrentemente associada a nomes como Glass Candy e Chromatics. No entanto, para além de algumas semelhanças, sobretudo em faixas mais minimais, as composições de Ramona Gonzalez estão mais próximas do surrealismo de Ariel Pink ou John Maus.

    Pop aventureira, única e original, evocativa de uma L.A. sombria, tensa e nocturna. Na sua genealogia, está inscrita a idade do ouro do disco, hit-singles perdidos de há duas décadas (Lisa Lisa & Cult Jam e Debbie Deb são referências assumidas), R&B dos 90, Roxy Music, Arthur Russel, Ariel Pink et al.

    A maquilhagem está a desbotar, o êxtase desvaneceu e a noite entrou na sua fase descendente. Nas colunas ecoa uma voz lânguida; música de dança para quem já não quer, ou não pode, dançar. Sérgio Hydalgo

    Formação:
    Ramona Gonzalez voz e teclados
    Emily Kuntz teclados
    Corey Lee Granet guitarra e teclados

     

    O Uivo
    Paralelamente ao percurso que tem desenvolvido por entre os campos abertos do rock / não-rock hipnótico nos Gala Drop e a solo sob o moniker Coclea, Guilherme Gonçalves começou recentemente um novo projecto de electrónicas psicadélicas a que chamou O Uivo (‘Howl’, de Allen Ginsberg, poema-paradigma da geração Beat norte-americana, foi a inspiração que cintilou por entre as latas de lixo e a soberana luz da mente), e que apresenta agora pela primeira vez ao vivo.

    Misturando em tempo real sintetizadores, órgãos e caixas de ritmos, Guilherme Gonçalves experimenta com O Uivo uma mutação ritualista entre o (novo) techno de Detroit – Omar S é uma referência omnipresente – e os drones sol-a-reflectir-no-mar de Spectrum / J Spaceman. O Uivo é música para dançar sempre, inteiramente, com o corpo e com a cabeça, cortesia de um dos melhores espíritos da sua geração. Manuel Poças

     

    Entrada : 8€

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    bado, 26 de Setembro às 23h00
    SPACE COLLECTIVE 3 


    Primeira apresentação pública do Space Collective 3, expansão em trio do Space Program de Rafael Toral. Projecto de formação variável que propõe um estudo aprofundado sobre a performance em instrumentos electrónicos segundo os princípios orientadores do jazz – entendido enquanto linguagem instantânea subjacente a um conjunto específico de técnicas e valores estéticos –, o Space Program tem vindo desde 2004 a desenvolver um novo – e sublinhe-se a tinta grossa a palavra novo – ciclo de abordagens e práticas na área das novas electrónicas.

    Acompanhado por Ruben Costa (dos One Might Add, entre outros, em electrónicas) e Afonso Simões (dos Gala Drop, entre outros, na bateria), cúmplices em moldes anteriores do Space Program, Toral expande em palco – a fisicalidade de tudo isto é de enorme significância – um processo composicional que se situa em termos artísticos, técnicos e culturais num patamar diferente de todos os outros. Nada disto aconteceu antes. MP

    Formação:
    Rafael Toral electrónica
    Afonso Simões bateria
    Ruben da Costa electrónica

     

    Entrada : 5€

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    Quinta, 01 de Outubro às 23h
    FUCK BUTTONS
    NINJAS!

    © Vera Marmelo

    © Vera Marmelo

     

    Fuck Buttons
    Gloriosa experiência imersiva, assim se pode descrever um concerto de Fuck Buttons. Exploradores das propriedades físicas do som, Andrew Hung & Benjamin John Power constroem, textura sob textura, uma enorme, perfeita e arrebatadora muralha sonora.

    Formados em Bristol no fim de 2004, o duo britânico assina pelo celebrado selo ATP records (Deerhoof, JOMF, Bardo Pond, Fursaxa, et al) e grava dois discos – ‘Street Horssing’ e o novíssimo ‘Tarot Sport’. O som da banda tem vindo a desenvolver-se a partir de uma estrutura muito aberta, niilista e abrasiva, introduzindo de registo para registo, uma maior riqueza tímbrica, harmónica e textural, com cada vez maior preponderância do ritmo, a qual se deve a Andrew Weatherall, responsável pela produção do último disco.

    No Aquário, os dois músicos estarão frente-a-frente, diante dum sem número de sintetizadores, teclados e demais brinquedos de criança – coleccionados ao longo dos últimos 3 anos – para nos oferecer E-U-F-O-R-I-A. “It’s about the love”, juram. SH

    © Vera Marmelo 

    © Vera Marmelo

     


    Ninjas!
    Entre a subjectividade da cultura sónica imagética / cinematográfica dos 80’s e a confrontação visceral de celebrações cerimoniais cabalísticas induzidas por coma de LSD fora do prazo, Ninjas! – Projecto a solo de Bruno Silva – navega furtivamente num universo de paralelismos suspensos em espirais meditativas de delicada esquizofrenia. BM

    Entrada : €10 em venda antecipada; €12 no dia do evento

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    Domingo, 11 de Outubro às 17h no Terraço da ZDB
    SOFT CIRCLE

    © Artur Almeida

    © Artur Almeida

     

    Full Bloom” é o título do álbum de estreia do projecto Soft Circle, editado em 2007. A imagem de exuberância radiante a que este título alude no florescimento vigoroso estará próxima do sentimento que nos assalta quando ouvimos a música que o seu autor, Hisham Akira Bharoocha, produz. Um estado de intoxicação inebriante que partilha tonalidades emocionais com certos estados de transe, ou com uma luminosidade psicadélica de libertação espiritual. Soft Circle começou como projecto a solo, integrando actualmente a colaboração de Ben Vida (Town and Country/Bird Show). Propulsionado pelo fascínio pela repetição, pelos ritmos cíclicos, assenta numa metodologia que passa pela gravação ao vivo de loops, enriquecidos e consolidados por vagas vocais e electrónicas e pela forte presença das batidas de percussão.

    Praticante de meditação, Bharoocha pretende que a sua música incorpore a sensação de plenitude associada a esta prática. Assim, nas suas performances ao vivo podemos verificar um encontro explosivo entre corpo e espírito. À medida que Bharoocha se entrega ao tribalismo rítmico e à construção de texturas ambientais, embarcamos com ele numa viagem onde o interior e exterior se vão fundindo numa presença que é simultaneamente expansiva na sua energia absorvente e contagiante, mas também isolacionista na medida em que nos leva até um lugar onde nos alheamos de tudo o que está à volta. Somos convidados a penetrar a superfície da forma repetitiva e assim mergulhar no universo enigmático das nuances, do infinito inscrito no infinitesimal. Partimos em direcção a lugares partilhados por rituais que atravessam a história da humanidade, sublinham a complexidade da natureza humana, espelhada numa relação indecifrável com a produção e percepção musical.

    Com ascendência do Japão e de Myanmar, Hisham Bharoocha cresceu entre o Oriente e o Ocidente, entre Tóquio, o Canadá e os Estados Unidos, para onde foi estudar fotografia. Talvez daqui resulte um certo carácter panmusical para o qual contribuem influências de punk, metal, folk, hip-hop, reggae, noise e música experimental. Vestígios de todos estes estilos emergem à superfície da sua música.

    Na Rhode Island School of Design e na cena musical de Brooklyn, encontrou um terreno fértil para colaborações musicais tendo estado ligado à fundação de grupos como os Lightning Bolt ou os Black Dice (onde deixou como marca a fluidez aquosa que podemos testemunhar em discos como “Beaches and Canyons”).

    Integra o projecto de discopunk Pixeltan e foi director musical do lendário concerto 77 BOADRUM, uma composição musical para os japoneses Boredoms que envolveu 77 bateristas em 2007, bem como da 88 BOADRUM em 2008, com 88 bateristas a tocarem com os Boredoms em Los Angeles e com os Gang Gang Dance em Nova Iorque, no mesmo dia.

    Realizou tournées com os Lichens e Grizzly Bear, mas o Tonic em Nova Iorque será o lugar onde mais facilmente podemos encontrar Bharoocha a tocar.

    Enquanto artista visual, dedica-se à fotografia, desenho, colagens e realização de murais. Na sua obra visual são manifestos os paralelismos com o seu trabalho musical, nomeadamente o brilho psicadélico, a saturação e os padrões rítmicos estonteantes.

     

    Entrada livre

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    Sexta, 30 de Outubro às 23h00
    CAVE
    HÄSQVARNA 

    © Sara Rafael

    © Sara Rafael

     

    Cave
    Navegadores da liquidez amniótica do ventre do Krautrock, os Cave são um colectivo colorido de Chicago apaixonado pelo padrão sonoro da repetibilidade psicadélica. As composições começam do zero. Tudo é construído em camadas que se desenvolvem lentamente, num fluir orgânico de musicalidade intrínseca às partes que a compõem – os riffs minimalistas de guitarra, a insinuação da linha de baixo, o bulício da bateria, o oportunismo das teclas – entre o improviso sóbrio e o paradigma da estrutura estética praticada.

    Ao vivo, a modorra inicial transforma-se descaradamente num frémito esquizofrénico contagiante, capaz de insculpir no espírito mais insípido a vontade de gozar a confluência de energias geradas pelas suas actuações em palco. BM

     

    © JPA 

    © JPA

     


    Häsqvarna
    Amantes dos épicos cósmicos de Popol Vuh e do torpor de Sleep, os lisboetas Häsqvarna regressam ao Aquário, depois de integrarem a “Noite às Novas” em Fevereiro último. Reformulados num duo (guitarras eléctricas e vozes), a banda prepara-se para editar, em regime de autor, os álbuns ‘Monserad Arboretum’ e ‘Massivunt Föfiniert’, duas peças integrantes de um conjunto que inclui fotografia e ilustração. SH

     

    Entrada : €6

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    Terça, 3 de Novembro às 22h00
    Morte_aos_feios_sessions
    ZU
    R- 

    © Nuno Martins

    © Nuno Martins

     

    Zu
    Quando Weasel Walter começou os seus Flying Luttenbachers, os cruzamentos entre o rock – e o punk hardcore no particular – e o free jazz eram pouquíssimos, se é que não eram nenhuns. Estabelecendo formações várias com dezenas de músicos, os Walter foi destruindo barreiras e procurando sinergias de conhecimento, para obter aglutinações suficientes de modo a obter novos modos de expressão musical.

    Os Zu, trio italiano, terão sido dos primeiros cidadãos inspirados pela obra de Walter (e de tantos outros, mas a linha é mais directa por aí) ao ponto de fazer algo com essa herança. Durante anos fizeram (na volta ainda fazem) o circuito squatter punk, a tocar em tudo quanto é pardieiro com cães, pulgas e tinto de pacote. Da sua costela hc/sxe herdaram o músculo, o ruído, a energia e a estrilhagem. Com as bases jazzísticas, herdaram a sofisticação e pureza de comunicação. Ou seja, a pica dos Black Flag, e o INCÊNDIO de Albert Ayler, com muito suor e rebentamentos metafísicos em convivência.

    Depos de ‘Igneo’, o seu segundo álbum – que foi o primeiro momento discográfico que circulou um pouco mais fora do seu pequeno circuito à época do início da década presente -, contavam já com colaborações de luminários do jazz moderno contemporâneo, com Ken Vandermark, Fred Lonberg-Holm ou Jeb Bishop. Discos foram também editados, nos anos que passaram entretanto, com gente tão diversa quanto o freaky erudito do Eugene Chadbourne, como com o géniozinho das electrónicas Nobukazu Takemura, para nem falar de numerosas colaborações ao vivo com uma panóplia extremamente variada, esteticamente, de músicos.

    O seu mais recente registo, ‘Carboniferous’ (2009, Ipecac) com a participação de Mike Patton (Fantômas, Mr. Bungle, Faith No More, et al) e King Buzzo (Melvins, Fantômas), é mais um atestado da ordem cataclísmica da vertiginosa bateria de Jacopo Battaglia na bateria, do imenso pulsar destrutivo de Massimo Pupillo em baixo eléctrico, e da berraria virtuosa do sax alto e barítono de Luca T. Mai. Segunda visita a Portugal, depois do motim que criaram no seu concerto na ZDB em 2004.

     

    R-
    Projecto a solo do frenético Ricardo Martins (Lobster, Adorno, Suchi Rukara, etc.), a dar espaço à sua bateria para se espraiar nas mais diversas direcções, em camadas sucessivas de loops criados a partir de utilizações pouco convencionais do instrumento, erigindo peças a apelar ao ambientalismo mais enviesado.

     

    Entrada : €10

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    bado, 7 de Novembro às 23h00
    MARK McGUIRE (EMERALDS)
    STELLAR OM SOURCE (NL)
    STEVE HAUSCHILDT (EMERALDS)

    Mark McGuire
    Estreia nacional de Mark McGuire e Steve Hauschildt, núcleo central do trio cósmico Emeralds. Com a banda mãe em hibernação, McGuire e Hauschildt encontram-se a viver na Europa, editando um sem número de discos a solo, todos incríveis. Em conjunto com Daniel Lopatin (Oneohtrix Point Never), James Ferraro e Spencer Clark, vão abrindo a porta para um novo, ainda indefinível. Ao lado de James Ferraro e Oneohtrix Point Never

     

    Stellar Om Source
    Veículo cósmico imaginado pela artista holandesa Christelle Gualdi, Stellar Om Source percorre tecla a tecla o caminho das estrelas de acordo com as coordenadas delineadas por exploradores minimalistas como La Monte Young, Tony Conrad ou Terry Riley. Ondas sintetizadas de expressão total espraiam-se em drones ritualistas de procura incessante, mostrando-nos que por detrás do espelho mágico estão toda a experiência sensível – vida jorrante em vida, ou a matéria de que são feitos os sonhos.

     

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    Quinta, 12 de Novembro às 22h00
    PRAZERES_sessions
    GROUPER
    TINY VIPERS
    NORBERTO LOBO
    INCA ORE 

    © Vera Marmelo

    © Vera Marmelo

     

    Numa noite que se quer de Prazeres, a ZDBMÜZIQUE reune, numa só sessão, um conjunto de artistas cujo universo se liga, de forma transversal, pela sua criatividade, discurso e capacidade de acrescentar ao que já existe.

    Grouper
    Respirando contra o ar, as canções – chamemos-lhes assim – da artista norte-americana Liz Harris traduzem um monólogo fantasmagórico que atravessa a esfera do noise lo-fi até ao subconsciente psicadélico. Edificadas a partir dos pedaços que faltam, exercem uma fascinação indeterminada, não reconhecível – os fragmentos de voz, guitarra e loops remetem para recolecções distantes que a memória é incapaz de organizar, desencadeando-se numa lentidão pessoal e necessária, símbolo de uma coerência profunda.

    Tiny Vipers
    Estreia absoluta de Tiny Vipers, moniker de Jesy Fortino, em solo luso. Na bagagem traz “Life on Earth” (Sub Pop records), disco que a coloca no panteão das mais talentosas compositoras norte-americanas da geração 00. As suas canções, despidas de tudo o que não fundamental, desarmantes na sua aparente simplicidade, lembram as neuras cifradas de Nico embrulhadas na austeridade sofrida de Mount Eerie.

    Envolta num tecido de ausências, Grouper – moniker de Liz Harris – concretiza sons electroacústicos que se poderiam descrever como a sombra do arco-íris pop dos Animal Collective (grupo com o qual andou em digressão recentemente), próximos na tentativa de criar um espaço próprio da singularidade estética dos filmes de Michael Snow (do cinema a partir de dentro) ou da pintura habitada de Helena Almeida. MP


    Norberto Lobo
    Com apenas uma guitarra, invariavelmente acústica, Norberto Lobo é hoje um dos maiores músicos nacionais. O seu recente “Pata Lenta”, concentra em pouco mais de trinta minutos, dez imaculadas can es – sempre instrumentais – de uma maturidade rara, num todo profundamente português. Traz Carlos Paredes no coração. Mas a música de Lobo apropria-se de outros elementos: as melodias e as harmonias tanto evocam a nossa música popular, como sugerem anos e anos a ouvir e tocar música brasileira. O dedilhado recorda-nos os ensinamentos popularizados por John Fahey e toda a Escola Takoma. Apesar da curta carreira, Norberto Lobo já partilhou palcos com incontornáveis como Devendra Banhart, Larkin Grimm ou Lhasa.

     

    © Vera Marmelo 

    © Vera Marmelo

     


    Inca Ore
    Inca Ore (Eva Saelens) é um dos casos em que a música que faz é uma extensão de si. Funciona como um canal de libertação, difusão e partilha. De sensações emanadas por uma violência intrínseca à feminilidade de experiências e estados de espírito pessoais.

    A música torna-se um veículo, um meio que propõe uma abordagem comprometida e cúmplice entre criador e ouvinte. Alternando a candura da sua voz com a rudeza do instrumental, e cruzando o folk com o noise, as composições atingem um primitivismo intrinsecamente ligado à noção de ritual e transe. É nesse limbo que a música de Eva se situa – entre o forte e o fraco, o bom e o mau, o feminino e o masculino.

    Colaboradora de bandas como Yellow Swans e JOMF, Inca Ore é já uma referência plena no universo musical experimental da costa oeste norte-americana. No seu espólio discográfico contam-se inúmeros cd-r’s, splits em conjunto com Axolotl e Grouper e álbums em editoras como Acuarela, 5 Rue Christine ou Not Not Fun. O seu novo disco “Silver Sea Surfer School” será editado brevemente pela Not Not Fun records. BM

     

    Entrada : €12

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    Sexta, 13 de Novembro às 22h00
    UM – FESTIVAL INTERNACIONAL PARA INTERMÉDIA EXPERIMENTAL:
    BASS CLEF  & GABRIEL FERRANDINI  & INFINITE LIVEZ & DJ SNIFF  & TEAM BRICK  & KATAPULTO  & ALFREDO CARAJILLO & WHIT

    Integrado na programação musical do Um : Festival Internacional de Intermedia Experimental, apresentamos, em co-produção com os promotores musicais QuJunktions (UK), a estreia do QuWack em Portugal.

    A proposição da britânica QuJunktions define uma contínua performance de um conjunto de intérpretes que, sem ensaio prévio, se repartem por dois palcos/sistemas de som, frente a frente, com o público no centro.

    Bass Clef é uma das figuras centrais das pistas de dança que emergiu da cena dubstep britânico, recorrendo ao vivo a trombone e percussão. Trabalha com Lee Perry, Buraka Som Sistema e Benga. Gabriel Ferrandini é um baterista livre (all-channel), ávido explorador musical, aberto a colaborações com grupos de power electronics, emsembles de Jazz, bem como a convulsões a solo. Infinite Livez é um programador de Gameboy, artista de banda desenhada, amante de peluches que coloca hip hop vacilante na Big Dada, toca com especialistas de electro jazz e faz edições-próprias de freestyle noise por pura diversão. DJ Sniff é um desenvolto músico natural dos Países-Baixos, que, via Estados Unidos e Japão, cruza géneros trabalhando com gira-discos. Team Brick toca tudo quanto pode, compõe para orquestras, é catártico e tremendamente épico. Trabalha no Beak, o mais recente projecto de Geoff Barrow (Portishead). Katapulto mudou-se de Bristol para a Polónia, deixando referências de batidas pop, partidas e quebradas, esgueirarem-se em colagens electrónicas. Alfredo Carajilo é uma saxofonista energico e um improvisador electrónico que divide a cena Jazz lisboeta na sua vertente artística e musical.

    QuWack inspira-se na rave, Merzbow, cartoon audio collages, pod crashes, aristocratas rejeitados, low end hip hop theory, Top Of The Pops, obsoleta tecnologia de rua, People Like Us e Tomorrow’s World.

    Texto da autoria dos curadores 

     

    Entrada : €8

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    Sexta, 20 de Novembro às 23h00
    Dai-me_uma_ confiança_que_Te_possua,_enfim._sessions
    MATTEAH BAIM
    DOMINGO NO QUARTO 

    © José Eduardo Real

    © José Eduardo Real

     

    Matteah Baim
    Matteah Baim apresenta-se num universo de musicalidade esparsa, trasladada por cenários de fusão entre a atmosfera seráfica e xamanística do neo-folk dos anos 60; em texturas e sensações que apelam à união das suas fontes de inspiração (a melodia reverencial de Nico e o misticismo conceptual de Jim Morrison), a abordagem fragmentada de trovadorismo contemplativo e imagético vai pontuando as canções; marca-as com pequenas imagens sobrepostas, num palimpsesto de referências recicladas que contribuem para a complexidade das mesmas e, nesse torpor visual e estilo indefinido, adensam a condição paliativa dominante nas composições.

    Primeiro em palco com Devendra, depois metade de Metallic Falcons (com Sierra Casady – CocoRosie) e, por último, a solo, o processo de imersão na música é espontâneo e natural. Os dois álbuns editados – “Death of the Sun” e “Laughing Boy” -, em que participam Devendra, Jana Hunter, Rob Lowe (Lichens), Hisham Bharoocha (Soft Circle), etc., são disso prova enquanto elementos orgânicos da extensão criativa de Matteah. BM

     

    Domingo no Quarto
    O eixo Telheiras-Berlim dá cartas com a chegada de Domingo no Quarto, revisitação lusa de sambas clássicos (Cartola, Martinha da Vila, Pixinguinha) por Mariana Ricardo (vocalista do combo München, ex-Pinhead Society) e Manuel Dordio (Jesus the Misundertood, Minta). Pensem na sensibilidade pop de Young Marble Giants ou nos salsas ao lado de Marc Ribot, filtrados por uma noite de excessos no morro. SH

     

    Entrada : €8

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    Sexta, 27 de Novembro às 23h00
    IF LUCY FELL  & JEMIMA STEHLI 

    © Olhos a Zumbir

    © Olhos a Zumbir

     

    If Lucy fell actuam na ZDB, tendo como pano de fundo um vídeo de Jemina Stehli – com quem têm trabalhado em projectos de video e fotografia no último ano – que, em tempo real, trabalha o próprio concerto. Coincide com o lançamento do EP que respeita a uma performance preparada pela banda e Stehli na Galeria Artra em Milão.

    “Ouvi uma das primeiras performances de If lucy fell, em Vila Franca, no início de 2005. Na altura estava a trabalhar em Lisboa, numa série de fotografias de performances e, apesar de não estar a pensar colaborar com eles, a energia impressionou-me bastante. Gravei algumas imagens com o telemóvel e, no ano seguinte, comecei a pensar se poderia fazer alguma coisa com a música.

    Muito embora já tivesse colaborado com artistas visuais, o trabalho com músicos, e, no caso específico, o som de If lucy fell, obrigou-me a repensar o meu nível de envolvimento e proximidade. Em projectos de fotografia anteriores, como Wearing shoes chosen by the curator 1999, Strip 1999/2000 e Photo Performance 2005, chamei outros críticos, escritores e artistas para o estúdio e em Table and Chair 1997/1998 (baseado em esculturas de Allen Jones ), bem como em After Helmut Newtons Here They Come 1999, tornei-me um objecto despido no trabalho de outros. Estava interessada em deslocar-me detrás da minha câmara e gravar o trabalho de outros artistas; o primeiro foi um video curto em que Dan Graham mostrava, a mim e a um amigo, uma peça sua no Heart Pavilion de Philadelphia.

    Em 2006, quando os If lucy fell vieram tocar a Londres, ficaram em minha casa. Mostrei-lhes os meus últimos videos e disse-lhes que tinha uma ideia para um trabalho com eles, que envolvia uma prestação ao vivo. Em Julho de 2008 filmamos Perspex 2008 na galeria Antra; enquanto filmava a actuação da banda, no interior da galeria, gritava ao Lewis Amar como deveria deslocar uma enorme placa de acrílico que reflectia o céu. A banda, impressionada pela forma como as minhas indicações afectavam o seu ritmo e tom, decidiu que a minha voz seria uma adição, tão estranha quanto interessante. Posteriormente os If lucy fell voltaram a gravar alguns trechos em estúdio, de forma a parecesse uma peça musical e não a banda sonora de um video. O EP resultante será lançado durante a performance na ZDB.

    Entretanto, fortalecido o diálogo entre nós, foi-me pedido que fizesse uma fotografia da banda. Sugeri, em alternativa, um video onde estivesse em palco, durante toda actuação, filmando, de perto, o processo de trabalho. Pretendia fazer algo mais directamente relacionado com o efeito produzido pela música e a experiência da sua actuação. A primeira destas performances If lucy fell 10/4/09 foi gravada no Santiago Alquimista e mostrada, recentemente, na Galeria Miguel Nabinho” Jemima Stehli

    Para o novo trabalho, a acontecer na ZDB, Jemina e os If lucy fell procurarão desenvolver uma peça nova que esteja mais directamente entrosada na gravação da performance. Todos os videos são capturados ao vivo e, neste caso particular, haverá uma projecção, a partir da câmara, de forma que tanto a actuação da banda, quanto o ponto de vista de Jemina, sejam vistos em simultâneo.

    Não haverá outra gravação deste evento que não o filme de Stehli.

     

    Entrada : €8

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    Segunda, 30 de Novembro às 22h00
    Tenho_o_dylan_numa_tosta_e_o_young_no_ucal_sessions
    VETIVER
    FRUIT BATS 

    © Vera Marmelo

    © Vera Marmelo

     

    Vetiver
    A folk desarmada, fora do tempo, do escritor de canções Andy Cabic regressa ao aquário da ZDB. Através dos Vetiver, colectivo de formação flutuante que começou em 2004, Cabic tem desenvolvido um corpo de trabalho absorto no imenso mistério americano, próximo em espírito do surrealismo bucólico de Ed Askew ou Vashti Bunyan e paralelo a outros novos folclóricos como Feathers ou Devendra Banhart (ele próprio um membro irregular da banda). O álbum mais recente, “Tight Knit” (primeira edição pela mítica Sub Pop), acentua a música dos Vetiver como música de/em viagem, pela estrada fora, a sentir a terra debaixo dos pés. MP

     

    Entrada : €10

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    Sexta, 4 de Dezembro às 23h00
    Astros_que_me_tombam_do_regaço!_sessions
    TIAGO SOUSA 

    tiago sousa
    © Vera Marmelo
    Tiago Sousa, compositor, multinstrumentista e gestor de talentos na entretanto extinta netlabel Merzbau, tem no seu terceiro álbum “Insónia” um passo de gigante. Passo esse que tem a medida da telepatia apurada entre o piano, guitarras e órgãos de Tiago e a percussão de João Correia.

    Parte do método que acompanha Tiago Sousa transparece na sua barba. Sem desvios ou estilizações que provoquem muito alarido, a barba cresce e, a seu tempo, alcança o tamanho certo. Independentemente do trabalho que possa ter exigido (e deve ter sido muito), Insónia soa ao disco que esperava Tiago Sousa muito mais do que a um álbum esforçado. Depois de aperfeiçoadas ao longo dos últimos e intensos anos, a segurança nas deambulações pelo piano (a luz) e a capacidade de arrancar testemunhos sombrios aos órgãos (o breu) desaguam na lagoa comum de Insónia, tal como uns meses de paciência contribuem para uma barba convicta da sua ciência.

    Entre a Noite e o Crepúsculo, o relógio de Insónia permanece entre as 4h e as 7h da manhã.É esse o período de vigília mais propício a confissões e à camaradagem de quem resiste ao sono relatando episódios passados (o piano da faixa “Insónia” parece interromper um bloqueio de anos). Tiago Sousa conta o conto, e João Correia acrescenta o ponto.

    As liberdades e explorações perpetuadas em Insónia asseguram o lugar de Tiago Sousa entre os nomes de maior relevo da música experimental nacional (e desbastam caminho pelo panorama europeu). Mais importante que isso Insónia faz da sua posição marginal uma qualidade palpável. Miguel Arsénio

     

    Tiago Sousa Piano acústico
    João Correia Bateria
    Ricardo Ribeiro Clarinete
    Baltazar Molina Percussão

    + Info: Myspace|Vídeo|Vídeo

    Entrada : €6

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    Quarta, 16 de Dezembro às 22h00
    You_come_at_the_queen,_you_best_not_miss_sessions
    SCOUT NIBLETT 

    Figura mágica, em igual medida assombrada e assombrante, Scout Niblett regressa a Portugal depois dos concertos memorávies de há um ano. A música, uma espécie de blues bipolar, aqui trágica, ali gloriosa, assusta pela austeridade e arrebata pela franqueza avassaladora. Centradas na anatomia psicológica, as composições de Scout Niblett nascem do incontrolável, lá bem no fundo, sem lugar no seu tempo. Errantes solitários com a urgência no corpo como Bonnie ‘Prince’ Billy (que colabora em “This Fool Can Die Now”), Jandek, Cat Power ou Jason Molina assemelham-se a fragmentos do mesmo molde dissonante. Uns e outros cantam canções perigosas, de pontas invulgarmente pontiagudas que podem magoar. Não são essas que valem a pena?

     

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    Sexta, 18 de Dezembro às 23h00
    A_complexidade_reside_na_desconstrução_sessions
    MIKADO LAB 

    Combo liderado pelo experimentalista Marco Franco, onde a improvisação é componente fundamental. Segundo o próprio, épico, delicado, sónico, frenético, poético, diurno e nocturno são algumas das coordenadas que, apesar de aparentemente contraditórias, caracterizam a música do trio. Depois da estreia com ‘Baligo’, o trio regressam para nos apresentar o novíssimo ‘Coração Pneumático’.

    Marco Franco Bateria
    Ana Araújo Teclados
    Pedro Gonçalves Baixo eléctrico

     

    Entrada : €6

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    bado, 19 de Dezembro às 23h00
    Bem-aventurados_os_duros_de_ouvido_sessions
    WAVVES
    TEENGIRL FANTASY 

    Wavves
    Depois da falsa partida em Maio passado, a sensação out-pop norte-americana Wavves regressa à programação da ZDB. Nathan Williams traz a Lisboa a mais entusiasmante pop-feita-ruído desde os tempos narcóticos dos Jesus & Mary Chain – surf, óculos ray-bans de imitação, atitude não-me-ralo, doo-wop triturado por uma betoneira noise e punk desenraizado numa urgência embrulhada em canções irresistíveis, a remeterem para aquele misterioso universo paralelo de onde as Shangri-las não regressaram depois de uma trip que não correu tão bem. MP

    Nota: Infelizmente, o baterista Zach Hills partiu a mão e não vai poder participar na digressão europeia de Wavves.

     

    Entrada : €10

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    Sexta, 25 de Dezembro às 23h00
    Thin_line_between_heaven_and_here_sessions
    THE LEGENDARY TIGERMAN 

    © Pedro Polónio

    © Pedro Polónio

     

    Proveniente das cinzas da mais mítica banda rock nacional da década de 90, os Tédio Boys, Paulo Furtado tem-se afirmado, ao longo dos anos subsequentes ao terminus do grupo de Coimbra, como uma das figuras mais emblemáticas, visíveis e aclamadas da música portuguesa, através dos Wray Gunn e deste, o seu projecto de «one man band», o alter-ego The Legendary Tiger Man.

    Em «Femina», o seu mais recente disco, Furtado grava duetos não tradicionais, sempre com mulheres – de Asia Argento a Maria de Medeiros, passando por Peaches.

    Fuck Christmas I Got The Blues», de 2003, «Naked Blues», de 2002, «In Cold Blood – A Sangue Frio» em colaboração com o fotógrafo Pedro Medeiros e o mais recente «Masquerade»), Furtado continua aqui a dar.

    Esta actuação do Legendary Tiger Man na Galeria Zé dos Bois ser-lhe-á entregue, pelo oitavo ano consecutivo, na noite de Natal, dia 25 de Dezembro, dando continuidade a um evento que já se tornou tradição.

    Furtado, orquestra de um homem só ao bom estilo de Bog Log III (com quem já partilhou palcos além fronteiras), encontrou um Mondego da mente que desagua no Mississipi Delta, rio de mágoa onde Johnny Cash, John Lee Hooker, Robert Johnson e Charlie Feathers um dia beberam.

    Com a forte crença que os «blues» não conhecem países nem continentes, Furtado oferece-se aos que escolherem atender à ZDB para ver um muito especial Pai Natal do rock, sem renas, com um vazio saco de prendas onde cabem todas as suas mágoas e descarga eléctrica.

     

    Entrada: €10