Real Estate | Pega Monstro

Mais do que herdeiros do indie-rock americano (dos anos 80, 90, ou do primeiro decénio deste século), os Real Estate são anglófilos de primeira água. Distorção reduzida ao mínimo, guitarras limpas, embalo sem trepidação, cantigas que segredam. E muitas piscadelas de olho aos The Smiths, Field Mice, Prefab Sprout, The Go-Betweens, Stone Roses

Não é de agora esta convergência cantada em inglês. Basta pensar nos Vampire Weekend ou nos Arcade Fire, ou, se quisermos recuar mais de dez anos, nos Modest Mouse. O défice, diga-se, é claramente americano. Ou seja, o rock and roll assentou e civilizou-se. E se o resultado nalguns casos não é memorável, noutros, como acontece na música dos Real Estate, é fantástico.

Passaram dois anos desde o primeiro e homónimo álbum, e a banda de Martin e  Matthew Mondanile (Ducktails) continua a aperfeiçoar uma pop contemplativa, construída sobre os mistérios banais do quotidiano. O peso das guitarras tímidas (como ensinou o indie britânico) ouve-se bem e tem a muito respeitável companhia dos Beach Boys, Byrds e REM. Sem grandes ornamentos ou desvarios. As vozes (são três os vocalistas), as letras, os acordes surgem transparentes e, por isso, cedem, com um sorriso, o lugar ao ouvinte. Dito de outro modo e parafraseando o título de um livro: o dia-a-dia dos Real Estate podia ser o nosso. JM

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