• CONCERTOS
  • 13 de Abril 2013

    Sightings | Pedro Sousa

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    Sightings

    Passados mais de dez anos, ainda hoje é quase inevitável traçar um perfil dos Sightings sem de algum modo os levar até a um suposto ‘fim do rock’. Ou ao princípio deste mesmo, se tivermos em conta como recolhem aquilo que a sua concepção primordial tem de mais essencial. Nascidos em Nova Iorque, foram durante algum tempo alvo de atenção sobranceira por arrasto de alguns dos luminários que em 2003/04 clamaram para si toda uma reinvenção estética na cidade de todas as mutações. Afastados esses focos, poderiam figurar apenas enquanto uma nota-de-rodapé de respeito de tempos mais excitantes – será que o eram mesmo? – mas a verdade é que o trio de Mark Morgan, Richard Hoffman e John Lockie contínua a pontapear esse eterno quase-cadáver que é o rock para o acordar, com a mesma premência de sempre. E a ser a melhor banda a fazê-lo desde então. A carregar o género por aqueles lugares incertos e perigosos como o fizeram vagabundos notáveis, e injustamente esquecidos, como os Cows ou os US Maple.

    Partindo de uma espécie de falso primitivismo ao abrigo da lógica do ‘vale tudo menos o lava-loiça’, a banda foi continuamente instigando a sua própria música a pequenas revoluções internas capazes de albergar mundos de música, sempre assente na formação clássica de voz, guitarra, baixo e bateria. Uma transversalidade que, sem descurar o uso do ruído como arma de arremesso absoluta, convocava para si a precisão rítmica dos Can, o groove esquivo de Nova Iorque nos tempos da No Wave e do Post Punk ou até os detritos mais estrepitosos de alguma electrónica abrasiva. Ora deambulando por longos temas de maximalismo sensorial, ora por canções incisivas agarradas ao nervo, todas estas coordenadas se iam contorcendo para a posteridade em álbuns como ‘Arrived in GoldEnd Times’ ou ‘City of Straw’, que foram sendo espalhados por algumas das editoras mais ilustres do subterrâneo norte-americano – Load, Fusetron ou Our Mouth.

    Ao vivo, toda esta combustão é levada para patamares de uma tareia/massagem inescapável, de efeito físico e anímico totalizante. Cenário natural para que toda esta parede de som ganhe os necessários contornos viscerais que fazem a urgência desta música, sem apelar a qualquer postura de confronto vazia ou ao tour de force autista do noise mais ensimesmado. É rock, e se lhes perguntássemos, provavelmente diriam que são apenas isso mesmo. Quem o poderá contestar? BS

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    After more than ten years, today it is almost inevitable to draw a precise profile of Sightings without somehow link them to a supposed “end of the rock.”  Born in New York, for some time Sightings have been the subject of attention by capturing some of the bright minds that in 2003/04 claimed for themselves an entire aesthetic reinvention. When these fires faded away, Sightings could only appear as a note-for-footer as opposed to most exciting times. But the truth is that the trio of Mark Morgan, Richard Hoffman and John Lockie continues to kick this almost eternal corpse which is rock’n’roll to wake up with the same urgency as ever. And it’s the best band able to do it. Loading the genre in uncertain and dangerous places as did remarkable and unjustly forgotten bands, like Cows or U.S. Maple.
    Starting with a sort of fake primitivism under the logic of “anything goes under the sink” in his early days, the band has constantly drove his own music to small inner revolutions, accommodating new musical worlds, always based on classical formation, voice + guitar + bass + drums. It’s a transversality that, without neglecting the use of noise as the principal weapon, summons the accurate rhythmic of the most abstract Can, the slinky groove of their hometown during the days of No Wave and Post Punk or even some debris’s from abrasive electronic.
    Now, rambling among themes of sensory maximalism, incisive songs clinging to the nerve, all these coordinates are squirming towards posterity in albums like ‘Arrived in Gold’, ‘End Times or City of Straw’, spread by some of the most distinguished publishers of the American underground – Load, or Fusetron Our Mouth. Live, all this combustion is taken to heights of a inevitable beating/ massage, with a physical and psychic totalizing effect. The natural setting for this whole wall of sound gains the necessary visceral contours that makes this music an urgency, without appealing to any empty confrontation. It’s rock, and if you ask them,they would say they are probably just that. Who can protest?

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    + Info: Site | Dais RecrodsLoad RecordsEntrevista | SoundcloudVídeoVídeo
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    Pedro Sousa

    + Info: Soundcloud.

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    Entrada: €8 | Bilhetes disponíveis em venda antecipada nas lojas Flur e Matéria Prima e no nº49 da ZDB (4ª a sábado; 22h às 00h) | [email protected]