-
CONCERTOS
-
12 de Abril 2013
Sun Araw | Diva | Matthewdavid
.Sun Araw
No ano em que se completam cinco anos após a estreia discográfica de Cameron Stallones enquanto entidade Sun Araw, é inevitável destacar a quantidade de lançamentos. Quantidade expressiva, de facto, mas provavelmente mais importante que isso, de diversidade. Cinco anos que representam o desenvolvimento de uma sonoridade multifacetada, sempre aberta a novas indagações e nunca idêntica a experiências suas passadas. Para trás, permanecem também colaborações férteis com os Eternal Tapestry e o mui celebrado encontro com os históricos The Congos – um dos grandes discos do finado 2012.
.
No viveiro mestiço que é a música de Sun Araw, a sua dimensão espiritual remonta às explorações jazzísticas de Don Cherry e Edward Larry Gordon, complementados pelos ensinamentos do dub e do rock psicadélico inscrito na década de 70. Composições esfíngicas, cujas melodias serpeantes se complementam com o eco narcótico em direcção ao infinito. E o groove constante, claro, elemento mais-que-essencial à ideia de viagem presente no escapismo sonoro. Neste caso, de temperamento solar e não solarengo.
.
Depois existe toda a plasticidade pop que Stallones domina, isto é, o modo como acança formas, imprime cores e crava texturas. Uma moldagem apenas equiparável ao savoir faire de contemporâneos como Black Dice ou Excepter. Perfazendo o valor, aquela crença quase cega que com eles, o objecto musical é um estranho bicho selvagem..
This year Cameron Stallones accomplished five years of activity, after the debut album as Sun Araw and it’s inevitable not to look at the number of releases. It’s an important number but most important is the their variance. These five years represent the development of a prismatic sonority, always open to new researches and never equal to past experiences. Looking backwards, we keep in memory valuable collaborations with Eternal Tapestry and the celebrated encounter with historical The Congos, with one of the best albums of 2012.
Inside the hybrid vivarium which is Sun Araw’s music, the spiritual dimension comes from jazz explorations of Don Cherry and Edward Larry Gordon, integrated with teachings from dub and 70’s psychedelic rock. Puzzling compositions, of which winding melodies integrates with a narcotic echo towards the direction of infinite. And the constant groove, more than an essential element to the idea of traveling in this sonic escapism. In this case, it’s solar-tempered and not sunny. Then there is all the pop plasticity which Stallones dominates, or rather the way to create shapes, to imprint colours or compose textures. An impression comparable only to the savoir faire of contemporary Black Dice o Excepter. To establish a definitive value, there is the almost blind belief that their music is just a weird wild animal..
.
+ info: Site | Soundcloud | Crítica | Entrevista | Vídeo | Vídeo
.Matthewdavid
Sem aparatos de maior, Matthewdavid tem vindo a consolidar nome na electrónica de vistas largas. A blogosfera mais atenta há muito que percebeu o potencial deste jovem produtor norte-americano, que lançou fortes cartadas em casas como a Stones Throw e Brainfeeder (do mago Flying Lotus) ou ainda na plataforma dublab. Uma visão holística do diálogo electro-acústico não distante daquela cultivada pelos Lucky Dragons que sabe igualmente tomar corpo ora no hip hop mais atmosférico, ora na pop de perfil retro-futurista.
.
Fluidez seja talvez a expressão-chave para definir o que se escuta no seu trabalho. O ritmo surge no centro de tudo e guia-se por essa característica aquosa de percorrer inclusive géneros menos expectáveis como a disco. Uma figura suis generis, felizmente de difícil descrição, que reúne tudo aquilo (ou quase tudo) que um melómano pode sonhar. Ser cool sem ceder a modas é assunto sério. NA.
Without any great equipments, Matthewdavid stabilized his name in wider electronic scene. The blogosphere is certainly more careful to understand the potentiality of this young American producer, who published strong records with labels like Stones Throw and Brainfeesder (of the magician Flying Lotus) or also with the dublab platform. A holistic approach of the electro-acoustic dialogue, not far from the view of Lucky Dragons, who knows equally how to create an atmospheric hip-hop, or a retro-futuristic pop.
Fluidity is maybe the key word to express his work. Rhythm emerges as the heart of everything and it’s characterized by taking unexpected musical directions, such disco music. Fortunately it’s a complicated artist to describe, but he contains everything (or kind of) a music lover would listen to. Being cool without surrender to the trends is a very serious thing.
.+ info: Soundcloud | Brainfeeder | Brainfeeder | Entrevista
.Diva
Poucos deverão lembrar-se dos BlackBlack, nem sequer a questão será relevante. Contudo, é uma referência interessante para perceber de onde veio e para vai Diva Dompé. Da noise-pop dos primeiros tempos até ao maravilhoso vórtex electro de agora, fica a breve passagem pelas Pocahaunted, facção seminal da melhor colheita da editora Not Not Fun.
.
A solo parece ter aplicado estas e outras experiências à sua abordagem actual. Contos oníricos entrelaçados a paisagens desconcertantes que Terry Gilliam certamente não desdenharia. A convivência permanente entre o bizarro e o adorável desemboca, estética e idealmente, nas canções criadas por Diva.
.
Pairando num tempo dúbio e recorrendo aos triunfos da baixa fidelidade, o mais recente ‘Moon Moods’ respira dessa névoa enigmática, adensada pelos mantras dos sintetizadores. Paisagens espaciais onde os planetas se assemelham a bolas de espelho e as estrelas brilham certamente com maior intensidade. NA
.Only few can remember of BlackBlack and the question is not even relevant. However, it’s an interesting reference to understand where Diva Dompè came from and where she’s headed. From the noise-pop of the first days to the wonderful electro-vortex of nowadays, and having experienced Pocahaunted, seminal faction among the label Not Not Fun’s.
Dreamy stories combine with bewildering landscapes that Terry Gilliam wouldn’t certainly dislike. The stable coexistence between bizarre and beautiful penetrates, aesthetically and ideally in the songs created by Diva. Her most recent album ‘Moon Moods’ breaths through this ambiguous fog, solidified by the mantra of synthesizers. Special landscapes where planets look like mirrored balls and stars certainly shine more intensely..
.+ info: Site | Stream disco | Vídeos | Vídeo | Vídeo
. -