• CONCERTOS
  • 24 de Setembro 2011

    Tigrala

    Foto de Vera Marmelo

    Concerto de última hora: os nossos amigos Tigrala mudam-se de A Barraca para a ZDB

    A música portuguesa pode agradecer a Deus, ao universo, ao criador, ao acaso pela existência de Norberto Lobo. Poucos, nas últimas décadas, têm sabido fazer o mesmo por ela. Ele alimenta-a, leva-a pela mão, enche-lhe os veios. É como um grande e generoso companheiro. Pousem os ouvidos nas oferendas deixadas em “Mudar de Bina” ou “Pata Lenta”. Canções reinventadas com a voz da guitarra, portuguesa, americana. Whatever.

    Agora imaginem Norberto Lobo a tocar tambura, submerso na música que faz em tempo real com os outros. E os outros são Guilherme Canhão, de guitarra acústica ao colo, e Ian Carlo Mendoza com o vibrafone e a percussão. Um trio? Uma banda?

    Chamemos-lhe música em conjunto. Que dança, que tropeça alegre em diferentes continentes musicais (Ásia, o jazz, a folk, Europa, uma rua em Lisboa ou em Jacarta). Que é a ao mesmo tempo visceral e delicada. Alegre e melancólica. Minimal e expansiva. Nestes termos, até podíamos falar de fusão, mas os Tigrala não confundem géneros ou estilos, criam-nos. Como o fizeram (ou fazem) os Amps for Christ, Robert Wyatt, Pharoah Sanders, Animal Collective ou Zeca Afonso.

    Celebrá-la em concerto ou em disco próximo é uma bênção. Para a música portuguesa e para quem, justamente, a ouve. JM

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