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EXPOSIÇÕES
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Entre 18 de Abril e 2 de Maio de 2009
À Esquerda da Esquerda
Documentos Para a História de uma RevoluçãoGaleria Zé dos Bois. De 4ª a Sábado das 14h às 23h
24 de Abril às 17h – Apresentação do livro ‘A guerra dos cartazes’ de José Gualberto Freitas
27 de Abril das 17h às 20h conferência/debate: ‘Começar a Revolução’
2 de Maio das 14h às 17h conferência/debate: ‘Esquerda e Direita’ hoje: ideologia e prática’
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Entre 18 de Abril e 2 de Maio, a Galeria Zé dos Bois em colaboração com a LembrAbril, apresenta um núcleo documental que percorre organizações politizadas, informais e partidárias, emergentes das movimentações revolucionárias que inauguraram a democracia portuguesa. Esta mostra inédita e diferenciada, por se focar no quadro ideológico da extrema-esquerda, reúne material iconográfico original produzido pelas diferentes forças políticas no momento máximo da sua proliferação. A exposição que pretende contribuir a uma diferenciação ideológica dessas forças sociais mostra, por um lado, jornais, panfletos e cartazes, por outro, fotografias capturadas por José Marques documentando inscrições murais anónimas e ainda, ‘Revolução’, um filme paradigmático realizado em 1975 por Ana Hatherly que reforça, desde um ponto de vista artístico, o sentido de urgência e vontade colectiva de posicionamento político.
Para além do material original apresentado que se constitui como uma resenha incompleta, optou-se pelo recurso a estratégias de revisitação desta imagética que recuperam o seu sentido efémero. Como tal, as paredes da galeria cobrem-se de pinturas que reproduzem cartazes em tamanho ampliado.
Procurou reunir-se um conjunto de objectos, no intuito de melhor definir um discurso em torno de organismos partidários e forças políticas, que hoje confundimos com a intensidade das suas propostas.
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OBRAS em EXPOSIÇÃO:
Os cartazes apresentados ou representados pertenceram às seguintes organizações: AOC; PRP – BR; FEC (m-l); FUR; Grito do Povo; LCI prt; LUAR; MES; MRPP; OCMLP; ORPC ml; PCP ml; PCP R; PUP; UDP; UJECML; JC ml; GAAFs; MPAC; Associação da Amizade Portugal – China; FEML; UMC; O Tempo e o Modo; Spartacus.
Partindo do conjunto de fotografias do livro ‘Paredes em Liberdade’, recolhidas entre Abril e Maio de ’74, nas quais José Marques retrata palavras de ordem, exigências e provocações, inscritas de forma anónima pelas paredes de Lisboa, apresentamos uma edição fac-similada de 18 postais representativos não apenas da publicação, como do clima de liberdade discursiva individual característica desse período.
O filme ‘Revolução’ (1975), simultaneamente objecto artístico e documental, de Ana Hatherly, no qual se fixa o sentido de urgência e da disseminação generalizada do discurso social e político, após o 25 de Abril, e, sobretudo, da sobreposição da expressão popular num momento central da política portuguesa.
Apresenta-se também um Organograma inédito que, partindo de um centro ideológico radicado no comunismo, explicita as filiações e ramificações de grupos informais, organizações e partidos mais à esquerda do PCP.
Se os cartazes originais e as reproduções, feitas propositadamente para a mostra, constituem um núcleo gráfico institucional de diversas organizações políticas, inestimável para a reflexão em torno da evolução político-social decorrente do processo revolucionário de Abril; pretende-se que as fotografias e o filme, bem como os murais, funcionem como um contraponto: permeando uma amplitude discursiva francamente diversificada, onde se reflecte a reivindicação da necessidade absoluta de expressão de cada indivíduo, anónimo, reprimida durante quatro décadas.
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PROGRAMA
Conferências e lançamento do livro ‘A Guerra dos Cartazes’
Integrando ainda esta programação, terá lugar, dia 24, na Galeria Zé dos Bois, o lançamento do livro ‘A Guerra dos Cartazes’, de José Gualberto Freitas, com a presença de Nuno Pacheco.
No dia 27 de Abril haverá uma conferência/debate, intitulada ‘Começar a Revolução’, no qual se abrirá à discussão aspectos concretos da luta contra fascismo em Portugal antes de 1974, com Alberto Martins, José Lamego e José Machado. Moderado pelo jornalista Victor Ferreira.
No dia 2 de Maio, a encerrar a exposição, realiza-se uma conferência/debate que procura destrinçar o sentido actual do posicionamento ideológico na política portuguesa, ‘ Esquerda e Direita: ideologia e prática hoje’, com a participação de José Manuel Lopes Cordeiro, Celso Cruzeiro e José Pacheco Pereira. Moderado pelo jornalista Rui Tavares.
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Exposição coordenada por Natxo Checa e Paulo Queiroz, concebida em conjunto com Francisco Madeira Luís, José Gualberto Freitas e António Alves.
Equipa ZDB Apoio às Artes Visuais: Miguel Ferrão; Inês Castaño | Imagem gráfica: Sílvia Prudêncio | Comunicação: Daniela Ribeiro| Técnica: Cristiano Nunes, Rafael Pereira | Manutenção: Maria Emília Pereira | Montagem: Yuri Cheban, Dragos Ceban, Alexader
Reprodução de cartazes: Calhau!; António Poppe; Luisa Seixas; Eduardo Guerra; Sara Prudêncio; Rado Zrubec; Rui Teixeira; Pedro Marques; Ana Baliza; Ana Manso; Mariana Silva | Mural interior: desenho de António Gomes pintado por Ivo, Eduardo Matos e Rafaela Macedo.
Agradecimentos: Ana Hatherly; António Alves; José Gualberto Freitas; Isabel Alves; José Felgueiras; Maria Lacerda Marques; Paulo Lacerda Marques; Francisco Madeira Luís; João Cancela; Instituto dos Museus e Conservação; Gonçalo Pena; Rigo 23.
Material gentilmente cedido por: Centro de Estudos Operários – Memória Laboral; Letra Livre; CEMES- Centro de Estudos Multidisciplinares Ernesto de Sousa.
Uma parceria ZDB e LembrAbril.
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Exterior: Mural – À esquerda da Esquerda A propósito da exposição de documentos e murais sobre o 25 de Abril – À esquerda da esquerda, patente na Galeria Zé dos Bois em Abril 2009 – e reconhecendo o papel fundamental do mural no âmbito da comunicação político-partidária, foi proposto a António Alves (que participou da concepção e execução de diversos murais partidários) que escolhesse uma composição do seu arquivo para ser refeita na parede lateral exterior do edifício da ZDB, na linha dos grandes murais populares e maoístas.
Entrada: Mural desenhado por António Gomes, baseado em ‘MFA: Sentinela do Povo’ de Abel Manta
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1º Andar
Sala 1 Fora a NATO, Janeiro de 1975 – UJEC (m-l)
Sala 2
1- Comício, 1975 – UJEC (m-l)
2- A classe operária, 1975 – CMLP, OCMLP, ORPCML
3- O Socialismo, Julho 1974 – LUAR
4- MPAC (bandeira)
5- Comício, Janeiro 1975
6- 1974 – LUAR
Sala 3
1- Viva o 1º de Outubro, 1975 – Associação da Amizade Portugal – China
2- Mandato Popular, 1975 – MRPP
3- Morte ao Revisionismo, Maio 1975 – MRPP
4- Comício Barreiro, 1975 – MRPP
5- Luta Popular, 1975 – MRPP
6- 1º de Maio Vermelho, 1976 – MRPP
7- Viva o 1º de Outubro – Associação da Amizade Portugal –China
8- Comité Revolucionário, Agosto 1975- Comité Revolucionário dos estudantes de Direito
Pórtico – Estudo para Cartaz ‘Comício – 5º aniversário da fundação do MRPP’ – MRPPSala 4
1- Mural, reprodução de original: Manifestação entroncamento, Outubro 1975 – SUV
2- Heil Brezhnev – PCP (m-l)
3- VII Congresso, Janeiro 1977 – PCP (m.l)
4- Os países querem a independência – OCMLP
5- Mural, reprodução de original: 2ª Conferência nacional, 1975 – RPAC
Sala 5
1- 1º Maio – PRP
2- Unidos contra o inimigo comum – OCMLP
3- O Povo quer a Paz! O Povo Vencerá!
4- Não à Guerra – Núcleos ‘ o Comunista’
5- Agostinho Neto, Dezembro 1974 – MPLA
6- Mural, reprodução de original: Comício, Fevereiro 1975 – MPAC
7- Abstenção ou Voto Nulo, 1975 – PRP-BR
8- Mural, reprodução de original: ‘Uma só Nação …’ – PRP-BR
9- 1º Maio de Unidade e Luta PRP-BR
10- Criar poder popular, 1975 – LUAR
Sala 6
1- Comício, Outubro 1975 – OCMLP
2- Viva o partido reconstruído – OCMLP
3- Mural, reprodução de original: Não aos despedimentos 1975 – CARP (m.l)
4- Grande Comício, Outubro 1974 – O grito do povo
5- A internacional, 1975 – O Grito do Povo
6- Não se pode combater os fascistas, Agosto 1975 – O Grito do Povo
ESCADAS: Comício – 5º aniversário da fundação do MRPP, 1975 – MRPP
2º Andar
Sala 1
1- Mural, reprodução de original: Congresso de unificação, 1978 – LCI-PRT
2- MES, Dezembro 1974 – MES
3- Comício Campo Pequeno, Agosto 1975 – FUR
4- Ruim por ruim…, 1975 – Movimento Anarquista
5- Carlos Marighella – MSP, LUAR, MES
Sala 2
1- 1º Maio, Abril 1977 – PCP(R)
2- Fogo – Revista democrática e Popular de Arquitectura, Artes e Ofícios
3- Catarina Eufémia – Sindicato Textil, Grupo de Operários, Comissões de Trabalhadores, Gaaf’s Sto Tirso e Trofa
4- Mural, reprodução de original: Partido de Unidade Popular, 1975 – PUP
5- Congresso nacional de juventude, Novembro de 1974 – FREP
6- Manifestação operária e popular – Secretariado Nacional (provisório) das Comissões de Trabalhadores
7- Mural, reprodução de original: AOC 1976 – A.O.C.
8- Lutamos pelo contrato-tipo, 1975 – Federação dos Sindicatos dos Operários das Industrias Químicas de Portugal
9- Greve dos Pescadores de Sardinha, 1974
10- Comício Campo Pequeno, Abril de 1977 – PCP (R)
11- A classe operária, Janeiro 1976 – PCP (R)
Sala 3
1- Apoia o tempo e o modo, 1976
2- Spartacus, Dezembro 1974 – OCMLP
3- Vota UDP , 1976 – UDP
4- Grande Comício, Abril 1975, FEC (m-l)
5- Mural, reprodução de original: Pela Unidade do povo, 1974 – ORPCML
6- Comício para estudantes e intelectuais progressistas – FEC (m-l)
7- Condições justas de trabalho, Abril de 1976 – UDP
Sala 4 –‘Revolução’, 1975 Ana Hatherly
Glossário de siglas de Organizações e Movimentos
texto de José Manuel Lopes Cordeiro
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AAP-C- Associação da Amizade Portugal–China
No período imediatamente posterior ao 25 de Abril algumas das principais organizações marxistas-leninistas então existentes criaram associações de amizade com a República Popular da China. A AAP-C, promovida pelo MRPP, foi fundada em 16 Maio 1974.
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AOC / AOC – FND- Aliança Operário-Camponesa / AOC – Frente Nacional Democrática
Em Maio de 1974 surgiu o jornal A Voz do Trabalhador: jornal dos operários, dos camponeses, de todos os explorados de Portugal, que defendia a orientação política do Partido Comunista de Portugal (marxista-leninista), dirigido por Heduíno Gomes (“Vilar”). No II Encontro Nacional de A Voz do Trabalhador, realizado a 17 de Novembro de 1974, foi decidido criar a Aliança Operário-Camponesa (AOC), como partido político para participar nas eleições para a Assembleia Constituinte, passando A Voz do Trabalhador a constituir o seu órgão central. O seu símbolo era o martelo e a espiga, cruzados, em dourado, encimados por uma estrela vermelha. A evolução da situação política a nível nacional e internacional e a consequente necessidade de actualizar o programa político da AOC levou a que, no seu I Congresso, realizado no Porto em 15 de Fevereiro de 1976, fossem aprovadas novas bases programáticas, assim como uma alteração no nome do partido. Deste modo, passou a denominar-se AOC – Frente Nacional Democrática e, posteriormente, Frente Nacional Democrática – AOC [FND (AOC)], a fim de salientar o seu objectivo político principal, que era o de forjar a unidade nacional, unindo “as diferentes camadas populares e personalidades patrióticas (…) contra os seus inimigos externos e internos, particularmente o social-imperialismo russo e seus lacaios”. No I Congresso foi também decidido adoptar como novo símbolo o Castelo de Guimarães encimado por uma estrela vermelha, simbolizando o primeiro o começo da nacionalidade portuguesa, e a segunda o “carácter universal da luta do povo português, parte integrante da luta dos povos, países e nações oprimidas contra a ameaça das superpotências”. Foi ainda decidido publicar um novo órgão central, denominado A Padeira d’Aljubarrota. Em Março de 1975, a AOC viu a sua actividade política suspensa até à data das eleições para a Assembleia Constituinte, às quais não pôde concorrer – sendo nesse período proibida de desenvolver propaganda pública, incluindo a realização de comícios –, sob a falsa acusação de uma “sua possível participação ou influência nas manobras contra-revolucionárias que deram origem à contra-revolução de 11 de Março” (Decreto nº 137-E/75, de 17 de Março). As únicas eleições em que participou foram as Legislativas de 1976, tendo obtido 15.778 votos (0,3%). Em 1979 requereu alteração da denominação, sigla e símbolo, adoptando, respectivamente, os de Partido Trabalhista e de PT.
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CARP (M-L)-Comité de Apoio à Reconstrução do Partido (marxista-leninista)
Fundado em Itália, em 1973, em resultado de uma cisão no Comité Marxista-Leninista de Portugal (O Bolchevista), teve uma expressão muitíssimo reduzida em Portugal até ao 25 de Abril de 1974. Inicialmente publicava o jornal Longa Marcha. Em Julho de 1974, após ter registado a adesão de vários ex-presos políticos, como Francisco Martins Rodrigues, assim como de elementos vindos de outras organizações, funde-se com um pequeno grupo que editava o jornal Luta Comunista (resultante de uma cisão d’O Comunista em 1972), mantendo a sua denominação mas mudando o nome do seu órgão central para Luta Comunista. O novo CARP (m-l) será uma das três organizações que em 16 de Dezembro de 1974 irão criar a União Democrática Popular (UDP). Em Abril de 1975 cessará a sua actividade, em virtude de se ter fundido com aquelas mesmas organizações – os Comités Comunistas Revolucionários (marxistas-leninistas) [(CCR (m-l)] e a Unidade Revolucionária Marxista-Leninista (URML) – dando origem à Organização para a Reconstrução do Partido Comunista (marxista-leninista) [ORPC (m-l)].
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CMLP-Comité Marxista-Leninista Português
Fundado em 1964, por Francisco Martins Rodrigues (1927-2008) e outros militantes comunistas que tinham rompido com o PCP, em virtude de discordarem do alinhamento da direcção daquele partido com as teses do PCUS, contra as do PC da China, no debate que então estava a decorrer no seio do movimento comunista internacional. O CMLP procurou sistematizar as divergências que o separavam do PCP através da publicação, no seu órgão central Revolução Popular, de um conjunto de artigos teóricos que sintetizavam os aspectos essenciais da sua estratégia e táctica, os quais, até ao 25 de Abril, constituíram o principal capital teórico da corrente marxista-leninista. Em Agosto de 1970, no denominado V Congresso, transformou-se no Partido Comunista de Portugal (marxista-leninista) [PCP (m-l)], o qual, no entanto, veio a sofrer uma divisão em Março de 1974, tendo os dois grupos daí resultantes disputado a denominação e a sigla da organização. Em Abril de 1975, um desses grupos negou a validade do V Congresso e, em conformidade, voltou a denominar-se CMLP.
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CNSPP-Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos
Constituída nos finais de 1969, aproveitando as promessas caetanistas de “abertura política” assim como a possibilidade proporcionada pelo artigo 199.º do Código Civil, que previa a existência de “comissões constituídas para realizar qualquer plano de socorro ou beneficência”, tinha como objectivos: “1. Chamar a atenção do Governo e do País para os graves problemas ligados à situação dos presos políticos em Portugal, focando, com base em factos incontroversos, as flagrantes e repetidas injustiças cometidas à sombra da legislação aplicável aos presos políticos; 2. Proclamar a necessidade de se por cobro a essa situação, por forma a tornar realidade as medidas de protecção dos indivíduos e a libertação dos presos políticos, fazendo apelo aos sentimentos de solidariedade e a responsabilidade de todos os cidadãos; 3. Auxiliar por todas as formas legais os presos e as suas famílias, de modo que sejam minorados, através duma acção solidária, os sofrimentos morais e materiais causados por uma legislação injusta e agravada por um tratamento desumano”.
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CRED-Comité Revolucionário de Estudantes de Direito
Constituído, em 1975, na Faculdade de Direito da Universidade Clássica de Lisboa, substituiu durante um curto período de tempo a AAFDL – Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa. Era dirigido pela FEML – Federação dos Estudantes Marxistas-Leninistas, ligada ao MRPP, onde pontificavam Alexandrino de Sousa (1954-1975) e J. M. Durão Barroso.
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CT-Comissões de Trabalhadores
Organizações de trabalhadores que surgiram após o 25 de Abril de uma forma mais ou menos espontânea por todo o país, como forma de organização de trabalhadores nomeadamente dentro de empresas, à margem dos sindicatos. Estas estruturas vão-se progressivamente organizando e hierarquizado desde o nível local ao nível nacional, tendo sido constituído, em Julho de 1975, um Secretariado Nacional(Provisório) das Comissões de Trabalhadores.
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FEC (M-L) Frente Eleitoral de Comunistas (Marxistas-Leninistas)
Organização política criada pela OCMLP – Organização Comunista Marxista Leninista Portuguesa – em Dezembro de 1974, com vista à participação nas eleições para a Assembleia Constituinte, agrupando simpatizantes e militantes legais daquela Organização, uma vez que a mesma permanecia numa semi-clandestinidade. Realizou o seu I Congresso em 19 de Janeiro de 1975, na Nazaré – que a RTP se recusou a transmitir, apesar das reclamações então apresentadas –, onde foi aprovado o seu programa, que visava unir todos os que se dispunham “a participar numa acção política ao serviço da luta pela instauração do regime de democracia popular”. A utilização do seu símbolo – uma estrela de cinco pontas, tendo no seu interior a foice e o martelo –, foi proibida em Março de 1975, devido a uma reclamação do PCP, obstáculo que foi removido pela sua substituição por duas estrelas envolvendo cada uma a foice e o martelo. Já durante a campanha eleitoral, foi proibida de utilizar a rádio e a TV durante cinco dias, acusada de “fazer uma campanha destrutiva, de ataque a personalidades e criar situações de revolta nas populações”. Nas únicas eleições em que participou, para a Assembleia Constituinte, obteve 33.185 votos (0,58%). No seu II Congresso realizado em 25 de Outubro de 1976, adoptou a denominação e a sigla da Organização que a tinha promovido, OCMLP.
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FEML- Federação de Estudantes Marxistas-Leninistas
Fundada em 1971, como “a organização própria e autónoma dos estudantes comunistas-maoistas portugueses, ligada por uma aliança militante à vanguarda em reorganização da classe operária, o MRPP“, desenvolveu uma intensa actividade de agitação e propaganda no movimento estudantil de Lisboa, influenciando as correntes associativas “Estar na Luta” e “Ousar Lutar, Ousar Vencer”. Na tarde de 12 de Outubro de1972, durante um meeting contra a repressão, organizado no então Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras, em Lisboa, o estudante de Direito e seu militante, José António Ribeiro dos Santos (1946-1972), foi assassinado com dois tiros de pistola disparados à queima-roupa por um agente da PIDE que se tinha infiltrado na reunião, o qual feriu também o estudante José Lamego, igualmente militante da FEML. A seguir ao 25 de Abril, desempenhou um papel activo na Faculdade de Direito de Lisboa, onde contava com o maior número de militantes, entre os quais J. M. Durão Barroso. A 9 de Outubro de 1975, o seu dirigente Alexandrino de Sousa (1954-1975) foi assassinado num confronto com militantes da UDP. Publicou o jornal Guarda Vermelha.
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FUR-Frente de Unidade Revolucionária
Fundada a 2 de Setembro de 1975, após a saída do PCP da Frente Unida Popular (FUP), a qual tinha sido constituída numa reunião realizada a 25 de Agosto no Centro de Sociologia Militar, integrando o PCP – que, pouco depois, a abandonou –, a FSP, o MDP/CDE, a LCI, a LUAR, o MES, o PRP/BR, a Organização 1º de Maio (efemeramente), assim como duas correntes do MFA, a dos oficiais chamados “revolucionários” e os denominados “progressistas”. O seu objectivo era o de imprimir uma direcção unificada ao processo revolucionário então em curso, que permitisse o seu avanço. Desempenhou um papel activo nas movimentações político-militares que antecederam o 25 de Novembro, tendo-se extinguido imediatamente a seguir ao fracassado golpe.
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O GRITO DO POVO
Jornal comunista que começou a ser editado no Porto em Dezembro de 1971, passando a órgão da Organização Comunista Marxista-Leninista Portuguesa (OCMLP) a partir do nº 10, de Março de 1973. Com a integração de grande parte dos militantes da OCMLP no Partido Comunista Português (Reconstruído), em Abril de 1976, encerrou-se a sua 1ª série, voltando a editar-se após a reconstituição da OCMLP, em Outubro daquele ano. A sua publicação terminou em Maio de 1987, com o nº 71 da 3ª série, após a dissolução da OCMLP ocorrida no mês anterior.
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LCI- Liga Comunista Internacionalista
Fundada em Dezembro de 1973 numa Conferência organizada em S. Bernardino (Peniche) pelos Grupos de Acção Comunista (GACs), de tendência trotskista e que tinham sido criados no ano anterior, solicita de imediato a sua adesão à IV Internacional, que a reconhece como a sua organização simpatizante em Portugal. Assistiram à Conferência dois delegados da IV Internacional, Michael Löwy, filósofo brasileiro radicado em França, e Paco Robs, então responsável dos contactos da LCR francesa com o Estado Espanhol, tendo sido eleitos para o seu Comité Central, entre outros, João Cabral Fernandes por Lisboa, e Francisco Sardo pelo Porto. Durante o “Verão Quente” de 1975, foi uma das organizações que integraram a FUR (Frente de Unidade Revolucionária), tendo também lançado os SUV – Soldados Unidos Vencerão –, nos quais desempenham papel de destaque, entre outros, Ferreira Fernandes e Manuel Resende. Nas eleições de 1976 para a Presidência da República apresentou, juntamente com o Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PRT), um candidato próprio, que acabou por desistir, vindo a apoiar o candidato do PCP, Octávio Pato (1925-1999). Em 1978 fundiu-se com o PRT formando o Partido Socialista Revolucionário (PSR) e criando um novo jornal, o Combate Operário, que substituiu o Luta Proletária. Nas eleições para a Assembleia Constituinte de 1975, a que concorreu apenas em cinco círculos eleitorais, obteve 10.835 votos (0,19%). Nas eleições para a Assembleia da República, em 1976, conseguiu 16.269 votos (0,30%), e nas de 1979, já como PSR, 36.978 votos (0,62%), tendo aumentado para 60.496 votos (1,00%) nas eleições intercalares de 1979.
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LUAR-Liga de Unidade e Acção Revolucionária
Fundada em Paris por Hermínio da Palma Inácio, a 19 de Junho de 1967, após o bem sucedido assalto à sucursal do Banco de Portugal na Figueira da Foz, ocorrida a 17 de Maio desse ano, e por aquele dirigido. Virada essencialmente para a acção directa e sem grandes preocupações teóricas – só em Junho de 1973 publicou no exterior o primeiro número do jornal Fronteira –, procurava fragilizar o regime fascista através de iniciativas espectaculares que, embora constituíssem uma demonstração de coragem individual, não deixavam de apresentar um carácter aventureiro, que a LUAR pagou caro, com a prisão dos seus militantes e a destruição da sua estrutura organizativa, como sucedeu por diversas vezes. Em Agosto de 1968, numa outra operação que envolvia mais de cinquenta pessoas, Palma Inácio entrou no país com um grupo armado, com o objectivo de ocupar temporariamente a Covilhã, mas foi acidentalmente detido em Moncorvo e a operação ficou sem efeito. Evadido da cadeia da PIDE no Porto, em 1969, Palma Inácio projectou em 1972 uma nova acção que envolvia o rapto de altas individualidades do regime, as quais seriam trocadas por presos políticos. A operação falhou, sendo Palma Inácio preso em Novembro de 1973 e a organização completamente desarticulada. No exterior, a resposta da LUAR à prisão do seu dirigente, que só foi libertado na sequência do 25 de Abril, foi a ocupação temporária do Consulado de Portugal em Roterdão, o qual já em 1971 tinha sido alvo de uma acção da organização, na qual conseguiu obter passaportes, bilhetes de identidade, licenças militares, carimbos e outra documentação destinada a facilitar a actividade antifascista. Nos primeiros anos após o 25 de Abril, a LUAR integrou a corrente da extrema-esquerda, nunca tendo participado em qualquer acto eleitoral. Com a cisão de grande parte dos seus militantes, em torno de Fernando Pereira Marques, ficou muito debilitada, acabando por se extinguir com a consolidação do novo regime, tendo Palma Inácio, assim como Pereira Marques, aderido ao Partido Socialista.
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MÊS-Movimento de Esquerda Socialista
Fundado em Maio de 1974, as suas origens remontam ao período da campanha eleitoral de 1969, quando um grupo de militantes do catolicismo progressista, intelectuais de diversos sectores e quadros do associativismo estudantil abandonaram a CDE, passando a actuar organizadamente, embora sem qualquer denominação partidária. No seu I Congresso, em Dezembro de 1974, a aprovação de uma linha radical levou ao abandono de um conjunto de militantes, entre os quais Jorge Sampaio, que vieram pouco depois a formar o grupo “Intervenção Socialista”, também conhecido por GIS. Foi uma das principais forças políticas animadoras da FUR, tendo tido uma participação expressiva entre os oficiais milicianos que prestavam serviço militar no período do denominado “Verão Quente” de 1975, os quais influenciaram algumas das posições políticas do Movimento das Forças Armadas (MFA). Concorreu às eleições para a Assembleia Constituinte, em 1975, e para a Assembleia da República, em 1976, tendo obtido, respectivamente, 58.248 votos (1,02%), e 31.332 votos (0,57%), nunca elegendo qualquer deputado. Nas eleições intercalares de Dezembro de 1979 apelou ao voto no PS ou na APU. Logo após o seu IV Congresso, realizado a 8 de Julho de 1979, iniciou um processo de autocrítica das posições políticas assumidas durante o período revolucionário, vindo a dissolver-se em 7 de Novembro de 1981, num jantar/festa realizado no pavilhão sobrevivente da Exposição do Mundo Português, em Lisboa. Alguns dos seus quadros viriam a ingressar, posteriormente, no PS, entre os quais Jorge Sampaio, Eduardo Ferro Rodrigues, Augusto Mateus e Alberto Martins. Entre as suas publicações, contam-se os jornais Esquerda Socialista, Poder Popular e Acção Sindical em 1974, Informação Militante em 1975 e A Luta Continua em 1976
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MPAC -Movimento Popular Anti-Colonial
Fundado em Janeiro de 1973, a partir dos Comités de Luta Anti-Colonial (CLACs), criados pelo MRPP no início de 1971, o que permitiu uma clara distinção com os outros CLACs, ligados ao PCP (m-l) e a outras organizações da mesma área ideológica. Até aos finais de 1972, os CLACs publicaram cinco números do seu jornal central, o qual, com a fundação do MPAC, passou a denominar-se O Anti-Colonialista.
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MRPP ⁄ PCTP – MRPP- Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado / Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses – Movimento
Reorganizativo do Partido do Proletariado
As origens do MRPP remontam a Fevereiro de 1968 quando, no rescaldo de uma manifestação estudantil contra a Guerra do Vietname realizada defronte da Embaixada dos EUA em Lisboa, foi constituída a EDE – Esquerda Democrática Estudantil, que actuava no meio estudantil universitário da capital. Em 18 de Setembro de 1970 a EDE transformou-se no Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP), numa reunião em que participaram Arnaldo Matos, João Machado, Fernando Rosas e Vidaúl Froes Ferreira, tendo o primeiro sido eleito secretário-geral. Antes do 25 de Abril o MRPP desenvolveu uma intensa actividade de agitação e propaganda no movimento estudantil da capital e junto do operariado das cinturas industriais de Lisboa, embora a sua base de apoio fosse predominantemente estudantil, e apenas na região de Lisboa exercesse alguma influência em certos sectores do operariado. Após o 25 de Abril, e particularmente durante o denominado “Verão Quente”, manteve e reforçou a sua actividade de propaganda, ficando-se-lhe a dever alguns dos mais célebres murais então surgidos nas paredes de Lisboa, onde o amarelo e o vermelho constituíam as cores dominantes. Devido às posições anti-colonialistas que o MRPP manteve após o 25 de Abril, exigindo o fim imediato da guerra colonial e apelando para que “nem mais um só soldado” fosse mobilizado para as colónias – chegando a impedir o embarque de uma unidade militar para África –, José Luís Saldanha Sanches, então director-interino do seu órgão central, Luta Popular, foi preso a 7 de Junho de 1974 e encarcerado no Forte de Elvas. Em Março de 1975, o MRPP viu a sua actividade política suspensa até à data das eleições para a Assembleia Constituinte – às quais não pôde concorrer, sendo nesse período proibido de desenvolver propaganda pública, incluindo a realização de comícios –, sob a falsa acusação de uma “sua possível participação ou influência nas manobras contra-revolucionárias que deram origem à contra-revolução de 11 de Março” (Decreto nº 137-E/75, de 17 de Março). Em 28 de Maio de 1975 as sedes do MRPP da região de Lisboa foram ocupadas pelo Comando Operacional do Continente (COPCON) e presos 432 dos seus militantes, incluindo o secretário-geral Arnaldo Matos, e Fernando Rosas, Danilo Matos e Carlos Santos, membros do Comité Lenine (designação do Comité Central), os quais foram encarcerados em Caxias, Tires e Pinheiro da Cruz. Em Setembro de 1975, Arnaldo Matos lançou o “Apelo à esquerda” – a fim de os militantes do MRPP combaterem a “linha negra” existente no seu seio –, o qual, pouco depois, levou à saída de J. L. Saldanha Sanches e Maria José Morgado. Considerando o PCP um partido social-fascista e agente do social-imperialismo, o MRPP procurou combater as posições políticas deste partido, nomeadamente no campo sindical, tendo conseguido nessa época, através de uma política de alianças com outras forças políticas entre as quais o PS, conquistar à Intersindical as direcções de alguns sindicatos. O MRPP opôs-se ao 25 de Novembro, considerando-o uma “aventura social-fascista”, e durante o estado de sítio publicou o Luta Popular, que então era diário. Em 26 de Dezembro de 1976 o MRPP transformou-se em Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses (PCTP), passando a utilizar a sigla PCTP/MRPP. Entretanto, após a sua demissão em 25 de Maio de 1979, Arnaldo Matos foi substituído no cargo de secretário-geral, sendo o mesmo ocupado actualmente pelo operário electricista e sindicalista no Metropolitano de Lisboa, Luís Franco, embora a sua personalidade mais conhecida seja o advogado António Garcia Pereira, candidato do PCTP/MRPP à Presidência da República em 2001 e em 2006, assim como a outros cargos públicos. Com excepção das eleições para a Assembleia Constituinte, o PCTP/MRPP participou em todos os actos eleitorais para a Assembleia da República desde então realizados, sem nunca eleger qualquer deputado. Até ao início dos anos 80 obteve os seguintes resultados: 1976: 36.200 votos (0,66%), intercalar de 1979: 53.268 votos (0,89%), 1980: 35.409 votos (0,59%), e 1983: 20.995 votos (0,37%).
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OCMLP- Organização Comunista Marxista-Leninista Portuguesa
Constituída nos finais de 1972, como resultado da integração do grupo organizado no exterior em torno do jornal O Comunista (fundado em Paris em 1968) na organização que, no interior do país, publicava o jornal O Grito do Povo (fundada no Porto nos finais de 1969). A OCMLP foi a principal força política que organizou e dirigiu a manifestação popular de boicote ao congresso que o CDS tentou realizar no Palácio de Cristal do Porto em 25 de Janeiro de 1975, assim como as grandes manifestações de 8 de Março, no Porto e em S. João da Madeira, pelo direito ao trabalho. As transformações políticas decorrentes dos acontecimentos do 11 de Março de 1975, provocando uma alteração da correlação de forças e o consequente aumento da influência do PCP no aparelho de Estado, incluindo no sector das Forças Armadas, levaram a OCMLP a alterar progressivamente a sua linha política, passando a colocar a tónica principal na defesa da democracia e da independência nacional. Em Agosto de 1975 a OCMLP aceitou integrar, juntamente com a ORPC (m-l) e o CMLP uma Comissão Organizadora para a Reconstrução do Partido Comunista, iniciando-se a partir de então um processo de discussão com vista à concretização daquele objectivo. A agudização da situação política registada durante aquele período, colocando o país numa situação de pré-guerra civil – contra a qual a OCMLP desenvolveu uma intensa campanha –, agravou as divergências políticas e ideológicas que já então se manifestavam entre a OCMLP e as outras duas organizações, nomeadamente quanto ao perigo representado pelo social-imperialismo – que a OCMLP considerava ser o mais perigoso – , as quais acabaram por se manifestar insanáveis. A clarificação da linha da OCMLP no sentido de combater o que considerava constituir a ameaça do social-fascismo e do social-imperialismo, em consonância com a orientação que o Partido Comunista da China então defendia, e a posição de condenar o 25 de Novembro como um golpe perpetrado pelo PCP e seus aliados – e no qual a UDP chegou a colaborar, tendo alguns dos seus destacados militantes passado a noite de 25 de Novembro a erguer trincheiras para defender as posições dos militares sublevados –, levou as outras duas organizações a apresentarem, a 1 de Dezembro de 1975, um ultimato à OCMLP que defendia a realização imediata do Congresso de reconstrução do partido, relegando para um momento posterior a definição da linha política e ideológica que este deveria adoptar. Esta situação levou à realização da II Conferência Nacional da OCMLP que, na sua 2ª Sessão deliberou reiniciar as conversações com o PCP (R) – entretanto constituído, em 28 de Dezembro de 1975 –, as quais acabaram por conduzir à integração de grande parte dos seus militantes naquele partido, em Abril de 1976. Os militantes que recusaram a integração irão, na sua maioria, reorganizar a OCMLP em Outubro de 1976, a qual se manteve em actividade até Abril de 1987, quando se dissolveu, numa Conferência Consultiva então realizada. A fim de participar nas eleições para a Assembleia Constituinte, a OCMLP lançou a Frente Eleitoral de Comunistas (marxistasleninistas) [FEC (m-l)], tendo obtido 33.185 votos (0,58%). Já como OCMLP, concorreu às eleições para a Assembleia da República em 1979, 1980 e 1983, tendo obtido, respectivamente, os seguintes resultados: 3.433 votos (0,06%), 3.913 votos (0,06%), e 6.113 votos (0,11%), os quais traduziam claramente a debilidade que a OCMLP conheceu após a integração da maioria dos seus militantes no PCP (R) em 1976, situação da qual nunca chegou verdadeiramente a recompor-se.
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ORPC (M-L)- Organização para a Reconstrução do Partido Comunista (marxista-leninista)
Fundada em Maio de 1975, em resultado da unificação do CARP (m-l), URML e CCR (m-l) veio a extinguir-se em Dezembro de 1975, após a fusão com o CMLP, no congresso que deu origem ao PCP (R). Editou o jornal Causa Operária e teve como órgão teórico a revista Revolução Proletária.
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PCP (M-L)- Partido Comunista de Portugal (marxista-leninista)
Fundado em Paris, num Congresso realizado em Agosto de 1970, com base na transformação do CMLP, que considerava ter cumprido o seu papel de reunião das condições necessárias à reconstituição do Partido Cmunista, o PCP (m-l) desenvolveu nesta época a sua principal actividade essencialmente no seio do movimento estudantil – através da União dos Estudantes Comunistas (marxistas-leninistas) [UEC (m-l)] – e, no exterior, junto da emigração, através da publicação do jornal O Salto, do trabalho em associações de emigrantes como a Liga Portuguesa do Ensino e Cultura Popular e o Movimento dos Trabalhadores Portugueses Emigrados, que promoveu os I Jogos Florais Portugueses na Emigração em Junho de 1973. Divergências políticas e organizativas entre vários membros do comité central, quer entre os que se encontravam no exterior [entre os quais Heduíno dos Santos Gomes (“Vilar”)], quer entre alguns destes e o elemento que se encontrava no interior [António Francisco da Fonseca Janeiro (“Mendes”)], manifestadas ao longo dos anos de 1972 e 1973, desembocaram numa aguda crise interna que levou à realização precipitada em Paris de uma Conferência, em Março de 1974, convocada por “Vilar” e sem participação de representantes do interior, da qual resultou a expulsão dos restantes membros do comité central. A reacção destes desencadeou uma crise generalizada, com reflexos nas várias organizações que o PCP (m-l) influenciava, com ataques de parte a parte e a edição de comunicados e publicações em que se denunciavam mutuamente. O 25 de Abril permitiu a vinda para Portugal da grande maioria da organização do exterior, incluindo os dirigentes de ambas as facções, sendo o PCP (m-l) dirigido por “Vilar” o que permanecerá no panorama político português, acabando o outro por se dissolver em Abril de 1975, negando a validade do Congresso de 1970 e voltando a denominar-se CMLP, ao mesmo tempo que se inseria num movimento pela reconstrução do partido com outras organizações congéneres. A seguir ao 25 de Abril o PCP (m-l) dirigido por
“Vilar” rapidamente se diferenciou das outras organizações marxistas-leninistas ao considerar o social-fascismo e o social-imperialismo como os inimigos principais, o que o levou a adoptar uma orientação que visava aliar-se a todas as forças políticas que combatessem a influência dos seus representantes em Portugal. O PCP (m-l) foi a única organização marxista-leninista a ser reconhecida pelo Partido Comunista da China como “partido irmão”, desde 1975, tendo os seus dirigentes visitado a R. P. da China por diversas vezes. Em 1979 criou o Partido Trabalhista, tendo-se dissolvido em Março do ano seguinte, no VIII Congresso, então realizado. Um pequeno grupo de militantes que recusavam o “Projecto Trabalhista” constituiu então a Organização Pró-Partido dos Trabalhadores de Portugal, a qual teve contudo uma existência efémera, o mesmo se verificando com o referido Partido Trabalhista, cuja actividade cessou praticamente à nascença.
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PCP (R) ⁄ PC (R)- Partido Comunista Português (Reconstruído) / Partido Comunista (Reconstruído)
Fundado no denominado Congresso de Reconstrução do Partido, realizado em 28 de Dezembro de 1975, a partir da fusão da ORPC (m-l) e do CMLP. Em Abril do ano seguinte integraram-se nas suas fileiras grande parte dos militantes da OCMLP. Naquele Congresso, José Caiado, um operário de Alhos Vedros, foi eleito 1º Secretário do Comité Central, sendo também eleitos para o Secretariado, Francisco Martins Rodrigues, António Carriço e Frederico de Carvalho. Todo o processo que levou à constituição do PCP (R) foi fortemente influenciado por Diógenes Arruda (“Vinhas”) (1914-1979), um dirigente histórico do Partido Comunista do Brasil, exilado em Paris, mas que no início de 1976 se instalará em Lisboa, passando a participar nas reuniões do Comité Central. Será ele o responsável pelo lançamento, a partir de Abril desse ano, do “processo de revolucionarização e proletarização”, que resultará na promoção a 1º Secretário de José Martins, um operário electricista, e que conduzirá ao afastamento de Francisco Martins Rodrigues, e outros militantes, de postos de Direcção. Será também por influência de Arruda que o PCP (R) passará a alinhar definitivamente com as posições políticas do Partido do Trabalho da Albânia (PTA), contra as do Partido Comunista da China, tendo uma delegação do PTA participado num comício realizado em 18 de Abril de 1977, na Praça de Touros do Campo Pequeno, por ocasião do seu II Congresso, o qual consagrará também a linha do “25 de Abril do Povo” e Eduardo Pires como novo líder. A partir de 1977 o PCP (R) começará a registar sucessivos abandonos e deserções de militantes e, na sequência do seu III Congresso, realizado em Março de 1979, conhecerá uma das suas maiores cisões, na sequência da expulsão de quatro dirigentes sob a acusação de “fraccionismo” e “direitismo”. Com estes, solidarizar-se-ão António Carriço e João Carlos Espada (então director da Voz do Povo), que também abandonarão o PCP (R), sendo acompanhados por algumas centenas de militantes, incluindo quase todo o sector estudantil e a maioria dos redactores da Voz do Povo, fundando então uma efémera organização denominada “Unidade Comunista”. O III Congresso adoptará também a nova denominação de Partido Comunista (Reconstruído) [PC (R)], passando José Alves a exercer o cargo de 1º Secretário, embora Eduardo Pires conservasse a sua influência. No seu IV Congresso, em Março de 1983, será a vez de Francisco Martins Rodrigues (1927-2008) abandonar o PC (R), que classificou como “centrista”, constituindo no ano seguinte a Organização Comunista “Política Operária” com os militantes que o acompanharam. A debilidade do PC (R) é então evidente, traduzida pelos resultados eleitorais da UDP nas eleições legislativas de 1983, nas quais participou coligada com um partido trotskista, o Partido Socialista Revolucionário, embora no seu V Congresso, de 1986, o PC(R) tivesse reafirmado o apoio ao Partido do Trabalho da Albânia. O VI Congresso, em Junho de 1992, no qual a Albânia, assim como o stalinismo, serão criticados, aprovará a sua dissolução e transformação na associação política “Comunistas pela Democracia e Progresso” (CDP) – dirigida por Luís Fazenda –, a qual terá no entanto uma vida efémera, integrando-se na UDP em 1995. O PC (R) concorreu a dois actos eleitorais para a Assembleia da República, em 1985 e 1987, tendo obtido, respectivamente, 12.749 votos (0,22%), e 18.544 votos (0,33%).
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PRP – BR- Partido Revolucionário do Proletariado – Brigadas Revolucionárias
Fundado em Setembro de 1973, num congresso convocado pelas Brigadas Revolucionárias (BR), as quais tinham surgido dois anos antes na sequência de uma cisão registada na Frente Patriótica de Libertação Nacional (FPLN), sedeada em Argel, as quais passaram então a constituir o seu braço armado. A destruição da base secreta da NATO no Pinhal do Arneiro (Fonte da Telha, Setúbal) em 7 de Novembro de 1971, marcou o início de uma série de acções armadas e de propaganda contra o regime fascista que as BR desencadearam até ao 25 de Abril. Durante esse período, realizaram algumas acções bem sucedidas, provocando sabotagens e destruições em instalações militares e em organismos oficiais, para além de assaltos a instalações bancárias com o objectivo de conseguirem fundos para financiamento da sua actividade. Recorreram também a acções de propaganda através do rebentamento de petardos, como a que acompanhou uma largada, no Rossio e em Alcântara, de dois porcos simbolicamente vestidos de almirante, a fim de denunciarem a eleição presidencial do Almirante Américo Tomás (1894-1987), em Julho de 1972. Após o 25 de Abril o PRP passou a desenvolver uma actividade política, suspendendo as acções armadas, embora tivesse recusado participar nas eleições para a Assembleia Constituinte em 1975 – que classificava de burguesas –, contrapondo o slogan “A arma é o voto do povo”. Os seus principais dirigentes, Carlos Antunes e Isabel do Carmo, exerceram uma influência considerável nalguns militares do Comando Operacional do Continente (COPCON), como Otelo Saraiva de Carvalho, e nas propostas que este então apresentou, sintetizadas no denominado “Documento do COPCON”. Em Setembro de 1975 integrou a Frente de Unidade Revolucionária (FUR), juntamente com outros partidos de extrema-esquerda, tendo também dinamizado a organização dos Soldados Unidos Vencerão (SUV). Após a campanha eleitoral de 1976 para a Presidência da República – na qual apoiou a candidatura de Otelo Saraiva de Carvalho –, sofreu uma cisão que veio a dar origem à Organização Unitária de Trabalhadores (OUT), acabando o PRP por se extinguir.
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PRT- Partido Revolucionário dos Trabalhadores
Fundado em 31 de Janeiro de 1975, de orientação trotskista (minoria da IV Internacional), veio a fundir-se com a Liga Comunista Internacionalista (LCI) em 1978, dando origem ao Partido Socialista Revolucionário (PSR). Participou nas eleições para a Assembleia da República de 1976, tendo obtido 5.171 votos (0,09%). Publicou o jornal Combate Socialista.
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PUP- Partido de Unidade Popular
Em Julho de 1974 surgiu o jornal A Verdade, que seguia a orientação política do Partido Comunista de Portugal (marxista-leninista), dirigido por António Janeiro (“Mendes”), uma das duas facções em que aquele partido se tinha dividido, sendo a outra dirigida por Heduíno Gomes (“Vilar”). Em Dezembro de 1974, o PCP (m-l) (“Mendes”) decidiu criar o Partido de Unidade Popular (PUP), como força política legal para participar nas eleições para a Assembleia Constituinte, passando A Verdade a constituir o seu órgão de expressão. A progressiva constatação dos militantes do PCP (m-l) (“Mendes”) que, na realidade, não se tinham cumprido as condições que no Congresso realizado em 1970 justificaram a transformação do CMLP em PCP (m-l) – concretizando-se, então, o objectivo de reconstituir o Partido Comunista –, provocaram o desencadeamento no seu seio de um movimento crítico por parte desses militantes que, colocando em causa o congresso reconstitutivo, os levou em Abril de 1975 a defenderem a original solução de regresso à denominação pré-congresso de 1970, e a inserirem-se na corrente que, em Dezembro desse ano, conduzirá à formação do PCP (R). O PUP, que após as eleições para a Assembleia Constituinte já quase não desenvolvia qualquer actividade, acabou por se extinguir com a transformação do PCP (m-l) (“Mendes”) em CMLP. Naquelas eleições, as únicas em que participou, obteve 13.138 votos (0,23%). Inúmeras figuras da actual vida política e intelectual portuguesa integraram naquela época o PUP, entre os quais Esther Mucznik, José Pacheco Pereira, João Carlos Espada, António Costa Pinto e Nuno Crato.
RPAC-Resistência Popular Anti-Colonial
Fundada em 1971, constituiu a organização do MRPP para o sector das forças armadas, tendo defendido, antes do 25 de Abril, a deserção com armas. Publicou o jornal Resistência. SPARTACUS Revista cultural fundada no exterior nas vésperas do 25 de Abril, recomeçou a sua publicação em Portugal em Setembro de 1974. Seguia a orientação política da Organização Comunista Marxista-Leninista Portuguesa (OCMLP) e publicou-se com regularidade até Junho de 1976 (nº 11), embora os seus dois últimos números tivessem já sido editados após a integração de grande parte da OCMLP no PCP (R).
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SUV-Soldados Unidos Vencerão
Organização clandestina no interior das Forças Armadas, constituída em Agosto de 1975 pela Liga Comunista Internacionalista (LCI) – mas integrando também militantes de outras organizações de extrema-esquerda como o PRP e o MES –, contando-se entre os seus objectivos o de apoiar o brigadeiro Eurico Corvacho à frente da Região Militar do Norte. A sua apresentação pública foi feita numa conferência de imprensa realizada a 6 de Setembro, por indivíduos fardados, sem insígnias militares e usando capuzes na cabeça, tendo sido transmitida pela Rádio Televisão Portuguesa e pelo Rádio Clube Português. A 25 de Setembro organizaram a primeira manifestação de rua, em Lisboa, e a 6 de Outubro, no Porto, tendo sido apoiados desde o início pela Frente de Unidade Revolucionária (FUR), que então admitiu promover “a luta com todos os trabalhadores pela preparação de condições que permitam a destruição do Exército burguês e a criação do braço armado do poder dos trabalhadores – o Exército Popular Revolucionário“. Sofreu uma forte repressão após o 25 de Novembro, tendo sido expulsos das Forças Armadas muitos dos seus elementos, extinguindo-se pouco depois.
O TEMPO E O MODO
Revista fundada em 29 de Janeiro de 1963 por um grupo de intelectuais oriundos da oposição católica progressista. Inicialmente dirigida por António Alçada Baptista (1927-2008), estava ligada à Editora Moraes, da qual aquele era proprietário, e traduzia a influência que Emmanuel Mounier (1905-1950) e a revista francesa Esprit, de orientação personalista cristã, então exerciam em Portugal. Por essa razão adoptou como subtítulo “revista de pensamento e acção”, justificado deste modo por Pedro Tamen, no resumo do programa apresentado aquando do seu surgimento: “A acção começa na consciência. A consciência, pela acção, insere-se no tempo. Assim, a consciência atenta e virtuosa procurará o modo de influir no tempo. Por isso, se a consciência for atenta e virtuosa, assim o será o tempo e o modo”. Posteriormente, o seu corpo redactorial alargou-se a um conjunto de novos colaboradores vindos da denominada “oposição democrática”, como Mário Soares e Francisco Salgado Zenha (1923-1993) [membros da Acção Socialista Portuguesa (ASP)], a Mário Sottomayor Cardia (1941-2006) [então membro do Partido Comunista Português (PCP)] e a um grupo de jovens oriundos do movimento estudantil que tinham estado na criação do efémero Movimento de Acção Revolucionária (MAR). Estes últimos acabaram por assumir a orientação da revista, que a partir de 1967-68 perdeu as suas raízes personalistas e católicas e alargou a colaboração a outros sectores da oposição do regime salazarista. Na sequência destas transformações, que coincidiram com o início do período caetanista, a revista irá conhecer outra reviravolta a partir do nº 73, de Novembro de 1969, adoptando um novo formato e iniciando uma nova série, dirigida por João Bénard da Costa até 1972, e por Luís Matoso (como director interino) até ao 25 de Abril de 1974. Durante esta nova série, a revista foi adoptando progressivamente uma orientação próxima da seguida pelo Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP), defendida por novos colaboradores, como Amadeu Lopes Sabino, Arnaldo Matos e José Maria Martins Soares, o que levou à saída progressiva de grande parte do anterior núcleo redactorial. Neste último período antes do 25 de Abril, a revista conheceu uma intensificação da actividade da censura e da repressão, com buscas constantes à sua sede, autos de apreensão de livros e revistas, assim como a prisão de redactores. Não deixa contudo de ser surpreendente que, não obstante a censura, tenha conseguido publicar artigos abertamente defensores da orientação ideológica do MRPP como, por exemplo, “A base social do revisionismo” (nº 83, Outubro de 1970), para além de vários outros de idêntico teor, que se lhe seguiram. Logo após o 25 de Abril, e até ao último número publicado (nº 126, Setembro de 1977), assumiu abertamente a sua ligação ao MRPP, sendo dirigida por Guerreiro Jorge. Tanto a 1ª série de O Tempo e o Modo, como a Nova Série, encontram-se integralmente publicadas em DVD-ROM.
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UDP- União Democrática Popular
Organização de carácter frentista fundada em 16 de Dezembro de 1974, por três organizações que se reivindicavam do marxismo-leninismo – CARP (m-l), CCR (m-l) e URML –, com vista à participação nas eleições para a Assembleia Constituinte, nas quais conseguirá eleger um deputado [obtendo 44.877 votos (0,79%)], o operário Américo Duarte, que substituiu o médico João Pulido Valente (1926-2003), entretanto afastado do exercício do cargo por ter visitado o banqueiro Jorge de Brito (1934-2006), seu amigo de infância, que se encontrava preso em Caxias na sequência do 11 de Março de 1975. Por sua vez, depois do 25 de Novembro de 1975, Américo Duarte será substituído pelo cantor Afonso Dias. Aquando do golpe do 25 de Novembro, a UDP manifestou uma posição de simpatia para com militares sublevados. Embora não tivesse participado no mesmo, o major de cavalaria Mário Tomé – seu colaborador praticamente desde a fundação, e o aspirante miliciano Albertino Bagagem, seu militante, que morreu nos confrontos então desencadeados, tiveram nele uma intervenção activa. Após a formação do PCP (R), no final de 1975, a UDP constituirá a sua organização frentista, alterando também o seu símbolo, o qual passará a ser uma roda dentada e uma enxada, com um estrela de cinco pontas num fundo vermelho, abandonando o anterior símbolo da foice e martelo com uma bandeira vermelha em forma de cachecol, então considerado “esquerdista” e inadequado para uma organização que pretendia apresentar o já referido carácter frentista. Em 1976, nas eleições para a Assembleia Legislativa elegeu como deputado Acácio Barreiros (1948-2004) [que obteve 91.690 votos (1,67%)], e nas eleições intercalares de 1979, igualmente para a Assembleia Legislativa, elegeu o major Mário Tomé, que obteve 130.842 votos (2,18%)]. Em 1976 foi uma das principais forças políticas que estiveram na base da criação dos GDUPs, um movimento de apoio à candidatura presidencial de Otelo Saraiva de Carvalho, que obteve uma votação de 16,5%. Nas eleições legislativas de 1980 obteve 83.204 votos (1,38%), que lhe permitiram manter o único deputado, mas em 1983, após ter registado várias vagas de deserções de militantes, que afectaram também o PCP (R), apresentou-se às eleições legislativas coligada com o Partido Socialista Revolucionário, não elegendo nenhum deputado, em resultado da sua pior votação de sempre [25.222 votos (0,44%)]. Só voltará a ter representação parlamentar em 1991, fruto de um acordo com o PCP que conduziu o agora major na reserva Mário Tomé de novo à Assembleia da República. Com base na estrutura da antiga União do Povo da Madeira (UPM) – uma organização popular ligada à OCMLP que passou a estar sob a direcção do PCP (R) após a integração parcial daquela organização neste Partido, denominando-se a partir de então UDP-Madeira –, conseguiu eleger deputados em todas as eleições realizadas naquele arquipélago, tendo obtido a sua máxima expressão em 1988 (três deputados). Em 1999 foi uma das organizações fundadoras do Bloco de Esquerda, e em Abril de 2005, no seu XVII Congresso, aprovou a sua passagem a associação política.
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UJEC (M-L) -União da Juventude Estudantil Comunista (marxista-leninista)
Destacamento estudantil da OCMLP, fundada em Janeiro de 1975 a partir dos Comités Revolucionários de Estudantes Comunistas (CRECs), extinguiu-se a 3 de Maio de 1976, tendo os seus membros ingressado na União da Juventude Comunista Revolucionária (UJCR). Publicou o jornal Viva a Revolução, com uma 1ª série antes do 25 de Abril.
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